Os utentes da Margem Sul queixaram-se hoje dos horários “insuportáveis” da ligação fluvial entre a Trafaria/Porto Brandão e Belém, operada pela Transtejo, pedindo à empresa o “reforço de carreiras” e mais investimento do Governo.
“Os horários de transporte foram sendo retomados, exceto na Trafaria/Porto Brandão e Belém, onde temos horários que são insuportáveis, com quatro ligações de manhã e três à tarde”, afirmou à agência Lusa Marco Sargento, da Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul.
Segundo o responsável, a carreira entre Almada e Lisboa já apresentava “deficiências e horários reduzidos”, mas tudo se agravou com a pandemia da covid-19, motivadora de mais supressões que ainda não voltaram a funcionar, ao contrário das restantes ligações da Transtejo (Seixal, Montijo e Cacilhas a Lisboa).
“Se uma pessoa quiser vir jantar à Trafaria, é de esquecer porque não consegue voltar depois de jantar. Se a pessoa considera usar o barco para ir trabalhar, basta atrasar-se um minuto que tem de estar duas horas à espera do próximo barco. O serviço público não está a ser cumprido”, frisou.
Na visão de Marco Sargento, esta situação está a prejudicar os utentes e a fazer com que deixem de procurar o transporte fluvial no Tejo.
“Cortar este transporte e serviço público é empurrar as pessoas para o automóvel e num momento em que estávamos a crescer no transporte público com a questão do passe e em que estamos preocupados com as emissões de dióxido de carbono”, apontou.
Neste sentido, os utentes exigem o “reforço dos horários”, até porque não aceitam o argumento da “escassez de procura” a esta ligação fluvial.
“Isto acaba por ser um círculo vicioso. Não tendo os barcos lá, as pessoas não confiam que o barco lá esteja quando chegam e não procuram. A Transtejo, como empresa, tem esta responsabilidade e deveria acautelar todas estas questões que não está a fazer”, defendeu.
A Lusa contactou a Transtejo, mas até ao momento não foi possível obter declarações, porque se encontra a decorrer uma reunião entre a administração e os sindicatos representativos dos trabalhadores.
No entanto, Marco Sargento mencionou que também terá de ser o Governo a “dar respostas” porque se trata de uma empresa que está sob tutela do Ministério das Finanças e do Ministério do Ambiente e da Ação Climática.
“São estes que têm que dizer à Transtejo o que fazer e com que meios fazem”, referiu.
Os utentes da Margem Sul estão descontentes com “várias questões em Almada”, nomeadamente com o transporte rodoviário assegurado pela Transportes Sul do Tejo (TST), e equacionam “um conjunto de ações para o início de setembro”.
“Já fechámos que queremos fazer uma ação de rua com som, com distribuição de documentos, mas ainda não fechámos o modelo. Penso que na última semana de agosto já teremos dados sobre isso”, disse.
Em 7 de Julho, um grupo utentes da Transtejo já tinha realizado um protesto contra a redução de carreiras entre a Trafaria/Porto Brandão e Belém, prometendo intensificar as ações de luta se os horários não forem repostos.
Lusa