27 Junho 2024, Quinta-feira

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Um vereador “usurpador” e outro que “gosta de meter o bedelho”

Um vereador “usurpador” e outro que “gosta de meter o bedelho”

Um vereador “usurpador” e outro que “gosta de meter o bedelho”

Discussão das contas do Carnaval 2017 gerou momento de tensão entre autarcas.

As expressões foram dirigidas pelo presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, aos vereadores da oposição João Afonso (PSD/CDS) e Carlos Jorge de Almeida (CDU), respectivamente, em mais um momento quente vivido numa reunião pública do executivo. Foi na passada quarta-feira, na sequência de uma discussão sobre as contas do Carnaval 2017, as quais ainda não foram apresentadas quer pela autarquia, quer pelas colectividades que receberam apoios financeiros do município na ordem dos 25 mil euros para a organização do evento.

Depois de salientar ainda não ter recebido qualquer resposta nem da autarquia nem das colectividades, a quem solicitara as contas referentes ao evento, João Afonso questionou Nuno Canta, confrontando o socialista com uma “declaração” que terá sido emitida por uma comissão organizadora do evento a uma dessas colectividades, Os Unidos.

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No documento, segundo o vereador do PSD/CDS, a referida comissão organizadora admite ter recebido 1100 euros dos Unidos. “Daqui depreende-se três coisas: no caso dos Unidos, não foram estes que geriram o dinheiro colocado à disposição pela autarquia; não há suporte contabilístico para esta declaração; e, mais importante, aparentemente este dinheiro que era público foi movimentado a dada altura em numerário”, disse o autarca do PSD/CDS, questionando de seguida se o presidente da autarquia tinha conhecimento da declaração e da situação.

Nuno Canta, na resposta, começou por declinar qualquer envolvimento da Câmara no processo de gestão dos dinheiros que foram atribuídos às colectividades e desmentiu a existência de qualquer comissão organizadora do Carnaval.

“Desafio o vereador a dizer onde está constituída uma comissão organizadora. Sei lá de onde o senhor arranjou esse papel. Está a brincar comigo ou quê? Não é a primeira vez que brinca com um assunto. Já começa a cheirar um pouco mal essas brincadeiras”, atirou o socialista, acrescentando: “Essas questões não têm resposta do presidente da Câmara. Não sabe que não intervimos nas colectividades? Devia fazer uma cartinha a cada uma das colectividades e perguntar-lhes se fizeram movimentos em numerário.”

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Caldo entornado

João Afonso retorquiu, lembrando que o ex-vice-presidente Francisco Santos havia afirmado que era “clara a existência de uma comissão organizadora” do Carnaval, conforme consta numa das actas de reunião de Câmara. E o debate subiu de tom.

“O senhor vereador vai trazer na próxima reunião o documento formal que constitui essa comissão”, reforçou então Nuno Canta.

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João Afonso lembrou de imediato que a proposta aprovada para atribuição dos apoios às colectividades, tendo em vista a organização do Carnaval, mencionava a existência de uma “comissão organizadora”, entregando o documento ao presidente.

Entretanto, a troca de argumentos motivou um comentário do vereador da CDU e a reacção de Nuno Canta foi imediata: “O senhor vereador Carlos Almeida, como gosta muito de meter o bedelho, está a meter o bedelho.”

“Os eleitores é que me chamaram para aqui, senhor presidente”, atirou o comunista, voltando a interromper Nuno Canta que disparou: “O senhor vereador não tem a palavra agora, cala-se!”

O socialista retomou a resposta a João Afonso frisando que não existe qualquer comissão oficial, admitindo, porém, que “poderia ter havido a intenção de o fazer mas que nunca foi feito”.

O debate prosseguiu e mais à frente João Afonso voltou à questão da declaração emitida em nome de uma comissão organizadora para concluir: “Presumo que se houver pessoas a assinarem papéis (…) como uma comissão de Carnaval estão a usurpar funções. É essa a conclusão que posso tirar?”

“Foi por isso que o desafiei a trazer o documento que constitui essa comissão. E mais uma vez o desafio”, respondeu Nuno Canta, para João Afonso voltar à carga, salientando que o documento até tinha o logótipo da Câmara e da junta de Freguesia.

“Isso, logótipos da Câmara, as pessoas também usurpam isso muitas vezes. O senhor vereador até já sabe, que já o fez uma vez. Colocam esse logótipo muitas vezes em determinados eventos que fazem, quando não têm de fazer isso porque não representam a Câmara. Quem representa a Câmara em tudo é o presidente da Câmara”, disparou o socialista, com o vereador do PSD/CDS a retorquir que Nuno Canta anda “confundido” ao mesmo tempo que se comprometeu a fazer chegar o documento ao presidente.

“Pode fazê-lo [chegar], que a gente manda para o lixo. Não tem problema nenhum”, concluiu Nuno Canta.

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