A Junta de Freguesia da Quinta do Conde dinamiza, desde início de 2019, aulas de gaita de foles nas suas instalações, com o objectivo de apostar na cultura gaiteira, reavivar tradições locais e dar resposta a uma necessidade verificada pelos grupos de danças antigas.
Para este efeito, adquiriu um conjunto de seis instrumentos e suporta dois terços da mensalidade para os alunos residentes na freguesia.
A turma, que pode ser integrada por elementos a partir dos oito anos, participa em aulas de iniciação à gaita de fole, todas as quartas-feiras a partir das 20h30, leccionadas por João Tiago Morais, professor e presidente da Associação Portuguesa para o Estudo e Divulgação da Gaita de Foles.
Aprendizagem e companheirismo lado a lado
João Laranjeira é vogal da Junta de Freguesia e um dos elementos do grupo dedicado à prática de gaita de fole desde que este começou. “Havendo uma tradição muito antiga no concelho, pensámos em divulgar o instrumento”, começa por dizer a O SETUBALENSE.
Apesar de ser parte do grupo musical Ecos, do Centro Social, Cultural e Desportivo da Quinta do Conde, João Laranjeira não tem formação na área mas a gaita de foles é um instrumento de que sempre gostou.
“Sou natural da Moita e lembro-me de ver muitas vezes os gaiteiros da Atalaia e os círios, vindos de várias partes, que percorriam as povoações em peditórios para as festas. Sempre tive essa memória e quando a oportunidade surgiu decidi aventurar-me”, partilha.
Ricardo Gonçalves, por seu turno, vive na Quinta do Conde há cerca de três anos.
É natural de Viseu e integra o grupo de iniciantes de gaitas de fole também desde o início. “Vi um anúncio da Junta de Freguesia a publicitar as aulas. Sempre tive uma paixão pela música e o instrumento em si também sempre me atraiu. Quis tentar aprender”, conta.
Depois da fase inicial, em que confessa ter pensado “que não ia conseguir”, Ricardo diz que hoje o grupo acredita nas suas capacidades de evolução e a relação interpessoal que estabeleceram entre si é um ponto a favor para a aprendizagem: “Mesmo a nível pessoal, faz–me muito bem.
É como uma terapia. Somos amigos com o mesmo gosto pelo instrumento e certo é que não nos vamos esquecer uns dos outros”.
Nas palavras de Hugo Martins, igualmente aluno da turma de gaita de foles, “apesar de ser um dos instrumentos mais difíceis de tocar, muito orgânico e com técnicas difíceis de aprender, o balanço até ao momento é positivo e já tocamos música juntos”. O professor foi, no seu entender, “o boost necessário para que o grupo ganhasse o gosto. Estamos a aprender e apesar de nos sentirmos nervosos com as nossas actuações em público têm corrido bem”.
Telma Martins, nascida e criada na Quinta do Conde, está ligada à música desde que se lembra.“A gaita de foles é um instrumento que me fascina desde há muito tempo, a par da música medieval, pela qual tenho uma paixão muito grande.
É um instrumento que liga sempre a este género musical, apesar de também ter muita influência na nossa música tradicional”, refere. “Não aspiramos chegar a profissionais mas pretende–mos aprender o máximo possível.
No período inicial de pandemia, o professor acompanhou-nos via online para não perdermos o gosto e não pararmos e depois retomámos as aulas sempre que foi possível”, continua, rematando que “nos últimos meses, fizeram algumas actuações em público no concelho de Sesimbra e o feedback recebido tem sido positivo”.