Nas mais diversas valências e projectos, “é a instituição do concelho de Sines que mais se compromete com a sociedade no auxílio aos mais carenciados e marginalizados”
“Naõ ha noticia do principio, ou origem desta Sancta Caza da Mizericordia, e só consta que ja no anno de 1516 existia, por alguns papeis que do tal anno nella se achaõ, e saõ os mais antigos que se descobriraõ.” Assim escrevia o Padre Freire Alexandre Bernardo Mimozo, em 29 de Maio de 1758, na Memória Paroquial de Sines, baseando-se na leitura de documentos guardados no arquivo da Misericórdia, que não chegaram aos nossos dias.
Trata-se de uma das mais antigas Misericórdias do país, visto que o primeiro compromisso é assinado em Lisboa em 1498, 18 anos antes do primeiro documento referido em Sines, e estima-se que Vasco da Gama tenha sido um dos principais impulsionadores da sua criação. Na impossibilidade documental de se encontrar um dia preciso para a sua fundação, a Santa Casa da Misericórdia de Sines (SCMS) escolheu 22 de Fevereiro para ser o seu dia.
Ainda assim, apesar de se pensar que a sua fundação aconteceu antes de 1516, é possível reconstituir parte da longa história da Santa Casa da Misericórdia de Sines, que se terá inicialmente instalado na Capela do Espírito Santo, anexa ao hospital com o mesmo nome, e cuja presença constante nos mais diversos sectores da vida do concelho é atestada em vários documentos da época.
Na actualidade, a SCMS teve os seus estatutos aprovados em Assembleia Geral de 18 de Novembro de 1986 e com aprovação canónica pela Diocese de Beja. Foi também reconhecida como Instituição Particular de Solidariedade a 30 de Junho de 1987. Tem vindo a desenvolver a prática das obras de misericórdia de acordo com a missão de “promover a prestação de serviços pautados pela inovação, personalização e qualidade, com o objectivo de obter a satisfação dos nossos utentes e demais envolvidos” com vista a ser reconhecida como “uma estrutura de referência nos cuidados a proporcionar à população tanto sénior como juvenil, fomentando aos utentes um melhor nível de qualidade de vida, procurando cuidar de cada um com o respeito e dignidade que merecem, de forma individualizada.”
De acordo com o seu provedor, Eduardo Bandeira, “a SCMS é, indubitavelmente, a instituição do concelho de Sines que mais se compromete com a sociedade no auxílio aos mais carenciados e aos mais marginalizados”. Dispõe de serviços únicos no território, de âmbito nacional, regional e local, que se dirigem a cidadãos oriundos de todo o país. “Tem obras e instalações que orgulham os sineenses e que dignificam os seus trabalhadores e, principalmente, que respondem às necessidades e aos anseios de quem acolhe”, adianta.
Enquanto entidade empregadora, a Santa Casa da Misericórdia de Sines é também uma referência na região, uma vez que, para além de criar postos de trabalho que garantem as necessidades laborais em termos dos serviços que presta, tem dado também o seu contributo no âmbito do mercado de trabalho ao dar resposta social a pessoas que nela encontram a sua inserção, recebem formação e melhoram as suas qualificações e competências.
A instituição sineense apoia os cidadãos mais vulneráveis e carenciados através das respostas sociais da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, do Centro de Dia, do Serviço de Apoio Domiciliário, do Lar de Infância e Juventude “A Âncora” e do Centro de Apoio à Vida “Mãe Sol”. Em funcionamento estão também os projectos da cantina social, da loja social, do Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas, do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social e do CLDS4G Viver + Sines.
Entre utentes e trabalhadores, instituição abrange universo de 700 pessoas
Para servir cerca de 500 utentes diários, nas suas diferentes valências e projectos, a Santa Casa da Misericórdia de Sines dispõe de um quadro de pessoal com 220 trabalhadores permanentes e gere um orçamento anual de perto de 5 milhões de euros. Deste valor, mais de 3 milhões de euros dizem respeito a gastos com os trabalhadores, “dedicados e com grande sensibilidade para os serviços que prestam de elevada exigência pela sua dimensão humana”.
“Como facilmente se conclui”, diz o provedor, “a SCMS tem um papel relevante para as mais de 700 pessoas que usufruem dos seus serviços ou que aqui trabalham. Esta dimensão torna-a uma entidade incontornável e dificilmente substituível em termos económicos e sociais”. Por prestar serviços que na maioria dos casos são direitos dos cidadãos, a instituição de Sines actua em substituição ou em complementaridade com o Estado, tendo, por isso, o Instituto da Segurança Social e o Município de Sines como principais parceiros. “O combate à pobreza, à exclusão social e ao abandono são causas que também dizem respeito à responsabilidade social das empresas”, considera, adiantando que não será, portanto, estranho “que empresas do concelho de Sines sejam também nossas parceiras, dando contributos materiais ou financeiros que apoiam o desenvolvimento das nossas actividades e a realização dos nossos projectos”.
Sustentabilidade é fundamental para continuar a cumprir missão
No que diz respeito a planos para o futuro, a curto prazo, a Misericórdia de Sines diz estar focada na prevenção do contágio do COVID-19, estabelecendo e actualizando procedimentos de segurança e operacionais que melhor se adequem ao combate à pandemia.
Além disso, “temos em curso e em estudo acções e medidas de gestão que contribuam, de forma significativa e perene, para a sustentabilidade da instituição”, partilha Eduardo Bandeira, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Sines, esclarecendo que “a SCMS só poderá continuar a cumprir a sua missão se o fizer de forma eficiente, gerindo os recursos disponíveis de modo equilibrado e sustentável”.
A médio prazo, deverão ainda ser concretizados projectos de requalificação dos espaços residenciais e das estruturas de apoio aos utentes, “de modo a assegurar a prestação de serviços dignos, personalizados e de qualidade”.
BI
Nome: santa Casa da Misericórdia de Sines
Localidade: Sines
Data de Fundação: 22 de Fevereiro de 1512 – 508 anos
Principais actividades: Residência para Pessoas Idosas, Centro de Dia, Apoio Domiciliário, Lar de Infância e Juventude, Centro de Apoio à Vida “Mãe Sol” e cantina social
Actual provedor: Eduardo Bandeira