Operação pronta nos próximos dias. Primeiro-ministro diz que investimento é fundamental para a segurança do mundo ocidental
A amarração do cabo submarino Equiano, da Google, para ligar os continentes africano e europeu, só deverá ficar concluída na próxima semana, mas a cerimónia para assinalar a operação foi realizada na última terça-feira na Fortaleza de Santiago, em Sesimbra, com o primeiro-ministro António Costa a apadrinhar a ocasião. É na Estação Internacional de Cabos Submarinos de Sesimbra da Altice Portugal que ficará instalado este novo cabo, o qual deverá render, prevê a Google, cerca de 500 milhões de euros anuais a Portugal.
A importância desta e outras operações idênticas no mesmo domínio ultrapassa, porém, em muito o aspecto económico, conforme vincou o chefe do Governo. “Estes cabos transatlânticos, sejam os que ligam o continente europeu ao continente americano, sejam os que ligam o continente europeu ao continente africano, sublinham bem um dos vectores de segurança fundamental para o mundo ocidental, para as democracias liberais e para a Aliança Atlântica (NATO), que é a necessidade de assegurar e reforçar a segurança da conectividade atlântica”, disse António Costa.
“Quando estamos a um mês, praticamente, da cimeira da NATO em Madrid, e onde, naturalmente, todos olhamos com angústia, preocupação e atenção à necessidade de reforçar as defesas da Aliança Atlântica na sua fronteira leste, não podemos esquecer que essa defesa da fronteira leste não pode descurar a protecção fundamental daquilo que é o espaço transatlântico, porque esse é o espaço da grande comunidade da Europa e dos Estados Unidos da América, que é a base de fundação da NATO e um flanco que não podemos nem devemos descurar”, adiantou.
António Costa sublinhou ainda a importância estratégica de Portugal, não apenas no que respeita aos cabos submarinos que ligam a Europa aos Estados Unidos e a África, mas também enquanto um grande `hub´, para as ligações aéreas entre os três continentes e como potencial porta de entrada de gás liquefeito para a União Europeia.
Vantagens de “um investimento histórico”
Na cerimónia – que também contou com as presenças dos ministros Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação) e António Costa Silva (Economia e Mar), além da embaixadora dos Estados Unidos em Lisboa, Randi Charno Levine –, o Country Manager da Google em Portugal, Bernardo Correia, lembrou que o cabo Equiano vai permitir uma melhor ligação de Internet entre os dois continentes. Ao mesmo tempo facilitará as trocas comerciais e de dados, já que é 20 vezes mais rápido do que o último cabo construído entre a Europa e África.
“Isto é um investimento histórico na construção de uma autoestrada de informação, directamente de Portugal, a ligar ao continente africano. É a capacidade de Portugal de voltar a ligar-se ao continente africano, mas num novo século e com uma nova capacidade tecnológica. E com imensos benefícios também para a população portuguesa, africana e europeia, no que toca a informação, à construção de negócio, à facilidade de os consumidores acederem às tecnologias de informação, tanto de um lado como do outro”, afirmou o responsável da Google em Portugal.
E quanto a benefícios financeiros, Bernardo Correia fez notar: “Nós achamos que o impacto económico deste cabo para Portugal é de cerca de 500 milhões de euros por ano, ou seja, um impacto económico substancial, baseado na capacidade das empresas portuguesas, africanas e europeias poderem trocar mais dados, terem mais comércio e criarem mais valor juntos”.
O sessão contou ainda com o vereador José Polido, em representação do município de Sesimbra, do capitão do Porto de Setúbal, Paulo Alcobia Portugal, e da CEO da Altice Portugal, Ana Figueiredo, entre outras individualidades.
A amarração do cabo submarino Equiano na estação sesimbrense sofreu alguns atrasos, sendo que a operação deverá ser concluída nos próximos dias. Com Lusa
Altice Portugal A porta de entrada na Europa para as ligações transatlânticas
A Altice Portugal é o fornecedor da estação de cabos submarinos, onde ficará amarrado o cabo Equiano. A presidente executiva Ana Figueiredo destacou por isso o papel assumido pela empresa nas ligações transatlânticas. “A Altice Portugal, como líder do sector das comunicações electrónicas em Portugal, orgulha-se de ser a porta de entrada na Europa de activos tão relevantes no sector das comunicações como o Equiano, reforçando também o seu compromisso para com a economia e o País”, disse a responsável pela Altice Portugal.
O cabo submarino denominado Equiano – nome escolhido em homenagem ao escritor e abolicionista nigeriano que foi escravizado – “vai de Portugal à África do Sul com unidades ramificadas ao longo do caminho (Togo, Nigéria e Namíbia), que podem ser utilizadas para estender a conectividade a outros países africanos”, explica a empresa. Trata-se de “uma infra-estrutura de vanguarda com capacidade de 144 Tbps, baseada na tecnologia de multiplexagem de divisão espacial (SDM), 20 vezes mais a capacidade de rede do que o último cabo construído para servir aquela região”.