O presidente da Câmara do Barreiro fez contas e decidiu trocar a verba prevista para a construção de uma ponte pedonal até ao Seixal por uma rede ciclável dentro do concelho. O edil do Seixal não gostou nada da decisão
A Câmara do Barreiro decidiu não avançar com a construção da ponte pedonal até ao Seixal, e canalizar a verba que tinha à sua responsabilidade para esta travessia para criar uma rede ciclável no concelho.
Com esta resolução, o presidente socialista Frederico Rosa, da Câmara do Barreiro, quebrou o acordo assinado em Março de 2017 entre os presidentes comunistas das câmaras do Barreiro e Seixal, e captou o descontentamento do presidente seixalense, Joaquim Santos, que ontem lamentou que o município do Barreiro tenha inviabilizado a construção da ponte pedonal, para construir uma rede ciclável.
“É de lamentar que esta tenha sido a decisão do Barreiro, que vai assim inviabilizar que as duas populações possam voltar a estar próximas. Trata-se de um projecto que contava com o financiamento de dois milhões de euros de fundos comunitários, pelo que é realmente uma pena que se venha a perder esta oportunidade”, disse, em comunicado, o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos.
Segundo o autarca, o Seixal “sempre esteve disponível” para avançar com o projecto, mesmo que o valor do investimento seja “superior ao inicialmente previsto”.
De acordo com a nota de imprensa, a ponte pedonal e ciclável tem um investimento total na ordem dos seis milhões de euros, devido à imposição da administração do Porto de Lisboa, que exigiu que a parte móvel da infraestrutura tenha mais 20 metros – levando a um aumento de cerca de mais um milhão de euros a cada autarquia.
Devido a esta situação, a Câmara do Barreiro anunciou, na terça-feira, que iria adiar o projecto de construção da ponte pedonal e aproveitar os fundos para a criação de uma rede ciclável que ajude a melhorar a mobilidade do concelho.
“Gostava muito e quero muito ver esta ligação entre Barreiro e Seixal, mas o querer fazer não pode implicar o querer fazer a qualquer preço. A opção que tomámos é a que tem a ver com o dinheiro investido, não pondo em causa outros investimentos que se possam fazer também e que o concelho precisa”, defendeu o presidente do município do Barreiro, Frederico Rosa.
Em Março de 2017 as duas autarquias assinaram um protocolo para a concretização de uma ponte que ligaria os concelhos, no entanto, em Junho do mesmo ano, a administração do Porto de Lisboa inviabilizou o projecto.
O Plano de Acção e Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS) tinha atribuído um orçamento de cerca de 2,1 milhões de euros para a concretização deste projecto e, para Frederico Rosa, é importante “não deixar cair os fundos, recolocá-los e resolver o problema das pessoas de forma estrutural”.
A Câmara do Seixal discordou desta medida e afirmou estar “totalmente disponível para resolver e ultrapassar qualquer constrangimento”.
“Esta infraestrutura facilitaria a mobilidade dos munícipes, tendo em conta que os dois concelhos estão a cerca de 800 metros de distância em linha recta. Contudo, sem esta ponte, essa distância aumenta para 13 quilómetros”, explicou.
O Barreiro aprovou em reunião de câmara, na segunda-feira, a utilização dos fundos do PAMUS para a construção de uma rede ciclável, com cinco votos a favor do PS e PSD e quatro votos contra da CDU.
O presidente do município do Barreiro referiu, no entanto, que não desistiu do projecto da ponte. “O não avançarmos agora não pode significar o deixarmos de perseguir a sua feitura”, apontou.
Lusa