10 Agosto 2024, Sábado

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Sector de produção de flores murcha dois milhões por dia

Sector de produção de flores murcha dois milhões por dia

Sector de produção de flores murcha dois milhões por dia

Todos os dias são deitadas para o lixo toneladas de flores. Dez mil postos de trabalho em risco

 

A produção e comércio de flores “travou às quatro rodas”. A metáfora de Vítor Araújo, presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais (APPPFN) e proprietário da empresa montijense Florineve, serve para ilustrar o afundamento de um sector que “gera, segundo a avaliação do Governo, 800 milhões de euros” por ano.

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“Parando, estamos a falar de um prejuízo de mais de dois milhões de euros por dia, com as flores e plantas que estamos a deitar fora todos os dias”, afirma o responsável, lamentando: “As vendas pararam quase cem por cento. Nas últimas três semanas deitaram-se fora toneladas de flores por dia.”

Os dias são de angústia e de incerteza quanto ao futuro. As despesas acumulam-se e não entram quaisquer receitas.

“Deixou de haver procura e de se vender flores, apesar de ter saído um decreto a determinar que o nosso sector é um dos que pode trabalhar”, faz notar.

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São os primeiros efeitos da infecção que brotou à escala global e que, não satisfeita com as vidas que já ceifou, promete ainda plantar uma nefasta crise económica.
O abalo neste sector é visto como uma verdadeira hecatombe. Vítor Araújo lembra que uma boa parte das flores produzidas e grande fatia de plantas têm como destino o estrangeiro.

“Cerca de 30 por cento de flores de corte e 70 por cento de plantas eram para exportação, sobretudo para os mercados de Itália, França e Reino Unido.”
Mas agora tudo parou. “Maldita” Covid-19.

“Andamos praticamente a apanhar flores e plantas, a fazer tratamento fitossanitário, manutenção, para depois as deitar para o lixo”, volta a lamentar o presidente da APPPFN.

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Empresas aguentam dois meses

Neste momento, reforça, as empresas “estão com dificuldade em manter postos de trabalho”. “Tivemos de recorrer ao ‘lay-off’. Temos de pagar 33 por cento dos vencimentos aos trabalhadores que foram para casa em ‘lay-off’ e assegurar os salários de outros, quando não temos quaisquer fontes de receita”, sublinha.

E vai mais longe: “Se não tivermos ajuda específica para o nosso sector, que está englobado no agrícola, muitas empresas não vão sobreviver mais do que dois meses.” Esse é o relato que “muitos associados” lhe fazem chegar.

Em risco “estão mais de cinco mil postos de trabalho directos e outros tantos indirectos”, adianta. Uma “desgraça”.

Os produtores continuam, porém, na esperança de que “as coisas melhorem rapidamente”, mas os apoios são “praticamente nenhuns” e as soluções governativas não enchem os olhos nem a barriga.

“A hipótese é recorrer ao crédito, endividar-nos ainda mais, com taxas mais altas, e agora fomos informados de que já não existe verbas da linha de crédito de 400 milhões de euros que havia sido disponibilizada para o sector agrícola”, revela.

“Continuamos a andar aqui e a esperar. Vão sair outras linhas de crédito para apoiar todos os sectores, mas ainda não sabemos quanto vai calhar a cada um”, acrescenta, sem esconder alguma expectativa.

Todo o apoio governamental que vier será sempre bem acolhido. Mas quanto mais rápido, melhor.

“Que não demorem muito a apresentar soluções para o nosso sector. Já só estamos a tentar manter ‘a cabeça de fora de água’”, apela o responsável, a concluir.

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