No momento em que abraça novas funções na empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa, o vereador eleito pela CDU recorda projectos que não viu serem concretizados no Barreiro, nos últimos anos, e sobre os quais ainda mantém esperança
Activista. Dirigente partidário. Rui Lopo abraça agora funções na empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Funções no que o impedem exercer as funções de vereador que actualmente mantinha na Câmara do Barreiro, inclusive nas Sessões Públicas.
As novas funções na empresa de Transportes Metropolitanos de Lisboa passam por integrar o conselho de administração, no que considera ser um um desafio “irrecusável” e “um projecto ambicioso”.
Contudo, em entrevista a O SETUBALENSE, o eleito da CDU afirma que, no Barreiro, “não deixará de participar e intervir sempre que necessário, sempre que lhe for solicitado, mas agora num patamar menos mediático e institucional”.
Fazendo uma retrospectiva dos mandatos em que assumiu funções, o que considera ter ficado por fazer?
Dos meus 11 anos de Câmara Municipal dos quais três em oposição, talvez apenas um ano – o de 2017 – tenha sido de alguma melhoria de capacidade orçamental. Todos os outros foram marcados pela presença da TROIKA que inviabilizou a possibilidade de investirmos o que era realmente necessário.
Mas num concelho com as ameaças e desafios por concretizar como os que o Barreiro tem, fica sempre imenso por fazer.
Como dizia Fernando Pessoa “somos do tamanho dos nossos sonhos” e, para o Barreiro que projecto, o sonho é o limite. Fico por isso feliz por alguns dos projectos que planeei e nos quais trabalhei terem sido concretizados neste mandato, mesmo sem estarmos a gerir a Câmara do Barreiro, como é o caso da melhoria das acessibilidades, algumas unidades comerciais que se instalaram e a finalização de arranjos na frente ribeirinha.
Fico bastante preocupado por outros projetos que estando planeados e consensualizados terem sido abandonados apenas porque vinham da gestão da CDU.
Que projectos são esses?
A ponte pedonal e ciclável Barreiro-Seixal ou o abandono a que foi votada a Quinta do Braamcamp, na qual não se gastou um cêntimo desde as últimas eleições.
Mas também se sento “derrotado” por não se ter feito a Terceira Travessia do Tejo Ferro-Rodoviária com a Ponte rodoviária Barreiro – Seixal.
O que a concretização destes investimentos teria significado para o Barreiro?
Com estes investimentos se ajudasse a desenvolver urbanisticamente e economicamente a o Parque Empresarial da Baía do Tejo e o Barreiro como um todo…
Mas, ainda assim, deram-se “passos de gigante” na forma como o Barreiro é interpretado, e com perseverança e intervenção política forte conseguiremos que esses projectos sejam concretizados ainda a tempo deles tirarmos partido enquanto cidadãos.
Com a impossibilidade de exercer as funções de vereador já é conhecido o nome de quem o substituirá?
O quinto vereador da lista é o Pedro Estrela e o sexto é a Alexandra Silvestre, mas ambos já vão com uma regularidade relativa às Sessões de Câmara para substituir ausências.
E o nome de quem assumirá a liderança da oposição CDU nas autárquicas 2021?
Sobre a liderança da oposição nas Autárquicas de 2021, permita-me dizer que identifico na pergunta uma contradição porque entendo que a CDU tem fortes possibilidades de retomar a direcção da gestão da Câmara do Barreiro e por isso não será oposição nas Autárquicas de 2021…
A liderança será, mais uma vez, bastante presente, certamente numa equipa bastante heterogénea e competente para assumir os destinos do concelho seja, na Câmara seja nas Juntas de Freguesia.
O Rui Lopo cidadão, activista e dirigente partidário não deixará de participar e intervir sempre que necessário, sempre que lhe for solicitado, mas agora num patamar menos mediático e institucional.
Esta mudança de rumo profissional está, de alguma forma, relacionada com as autárquicas 2021 e a lista CDU que irá ser apontada para o Barreiro?
Os meus destinos profissionais nada tiveram a ver com o percurso de intervenção política ou partidária.
Enquanto vereador com pelouro mantive o vínculo à minha entidade patronal que já durava há cerca de 10 anos, e que interrompi para uma mudança de sector de atividade desde há três anos a esta parte. Tem sido um percurso profissional sempre em entidades privadas.
Este novo desafio profissional que me foi colocado [na empresa de Transportes Metropolitanos de Lisboa] é quase irrecusável.
É uma responsabilidade muito grande, num projecto que tem uma ambição enorme. E é mais uma vez um privilégio poder servir as populações, agora a num outro nível de intervenção, mas que, de alguma forma, está ligado ao trabalho que fomos realizando no Barreiro e que se estendeu à Área Metropolitana de Lisboa, através do bom entendimento com outros eleitos de outras câmaras e de outras forças políticas.
Diz que este novo desafio, que está abraçar, é “irrecusável”. O que a população da Área Metropolitana de Lisboa pode esperar da nova empresa de Transportes Metropolitanos de Lisboa?
A empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) é um projecto ambicioso, uma vez que se pretende que, nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, sejam as próprias Áreas Metropolitanas, através de empresas especificas, como é o caso da TML, a planear, gerir e até, sempre que justifique, operar o sistema de transportes e aspetos conexos como por exemplo a bilhética.
Desde já, inicia-se o processo com a integração das concessões rodoviárias já concursadas e que trarão um aumento de horários e percursos significativo assim que entrar em funcionamento, mas prevê-se que, a prazo, outros modos de transporte possam ser integrados, para que se tenha a visão de conjunto e a coordenação de todos os transportes metropolitanos.
A decisão da sua necessidade foi aprovada por decreto e desde esse momento ficaram definidos os aspectos centrais da sua actuação, sendo a gestão e coordenação do sistema de bilhética metropolitano um factor decisivo para a implementação de políticas públicas que fomentem a mobilidade colectiva, motor de uma agenda económica sustentável que coloca as pessoas e as metas ambientais em primeiro plano.