Obras permitiram renovar todas as infra-estruturas no subsolo e substituir tapete de asfalto por calçada. Comércio sofreu
Cerca de 10 meses e 350 mil euros depois estão concluídas as obras na Rua João Pedro Iça, que vai ser esta sexta-feira reaberta ao trânsito automóvel. Reaberta é também uma “janela de esperança” em melhores dias para os comerciantes locais, já que, com a ausência de movimento na zona, a quebra nos negócios foi acentuada.
“Sentiu-se e de que maneira. Tivemos uma quebra [nas vendas] de mais de 50%”, diz António Anjo, proprietário da Papelaria Anjo, ali instalada desde 1965. Não é caso único. Um pouco mais abaixo, do outro lado da rua, Elisabete Balsa, da Engomadoria Vinco Fino que abriu portas há cinco anos e meio, contabiliza perdas até superiores. “O prejuízo ao longo de Abril foi o pior. Nos outros meses também senti. O negócio diminuiu 70 a 80%. Agora, vamos ver”, afirma. Mesmo ao lado funciona o Café Dani, gerido há 28 anos pelo casal Romeu e Beatriz Azevedo, que durante os últimos tempos sentiu grande desafogo em relação à azáfama que era habitual. “Não tem havido movimento, não há clientes. A obra foi muito longa”, desabafam.
O sentimento é comum até entre residentes. “Foi horrível. Inclusivamente tive de parar obras que tinha a decorrer na minha casa”, revela Diamantina Balisa. Custou, mas já passou. E o “olhar” recai agora nos benefícios da intervenção. “Acho que a rua está perfeita, em comparação com aquilo que era”, adianta a moradora. Opinião idêntica tem João Paralta, também há muito residente na zona. “Foi muito tempo, mas fez-se um trabalho válido. Agora temos de aguardar para ver se fica com bom escoamento e sem abatimentos”, observa.
Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, lamenta e diz acompanhar as dificuldades dos comerciantes e residentes. Mas lembra que “não dava para adiar mais as melhorias necessárias” naquela artéria. “Foi uma intervenção bastante profunda, teria sempre de afectar as pessoas e os comerciantes”, reconhece.
A via “reabre esta sexta-feira”, depois de terem sido “renovadas todas as infra-estruturas, de água, electricidade, gás, telecomunicações e saneamento”. “Totalmente novas são as redes de abastecimento de água e saneamento”, vinca, ao mesmo tempo que salienta as vantagens do ponto de vista ambiental com a substituição do tapete em asfalto por calçada em granito. “Ganha maior permeabilidade às águas da chuva”. Outro ganho ambiental “foi a execução de esgotos separativos, que agora permitem – ao contrário dos esgotos únicos que ali existiam – que os efluentes domésticos sigam para a ETAR por canais diferentes dos esgotos pluviais”, aponta.
Além disso, a opção por calçada na faixa de rodagem traz ainda vantagem no plano económico. “O pavimento em asfalto dura 20 a 30 anos, o que obriga a novo investimento de 20 em 20 anos. A calçada em granito é muito mais duradoura no tempo, o que faz baixar esse investimento, logo é mais sustentável economicamente”, explica o autarca.
O estacionamento junto à esquadra da PSP ainda não está disponível. Foi usado para instalar o estaleiro da obra e “deve voltar a ser utilizado a partir da próxima semana”, indica o edil, a concluir.
A obra, adjudicada por 349 mil e 165 euros, arrancou a 8 de Fevereiro e tinha previsto um prazo de execução de 180 dias.
