Confira resultados e reações. Socialistas mantiveram maioria absoluta em todos os órgãos autárquicos, exceção feita a duas freguesias. Chega cresceu de forma significativa

O PS voltou a “limpar” tudo no concelho do Barreiro, nas autárquicas do último domingo. A CDU aguentou-se como segunda força mais votada, mas já tem o Chega “à perna”. E o PSD cresceu, em coligação com o CDS, mas pouco.
Os 620 votos que o PS averbou a mais para a Câmara Municipal do Barreiro, em relação ao resultado eleitoral de há quatro anos, contribuíram para que o partido mantivesse a maioria absoluta no executivo, mas não evitaram a perda de um dos sete mandatos conseguidos em 2021.

Os socialistas vão agora passar a contar com seis dos nove eleitos que compõem o executivo municipal, fruto de 20 179 votos arrecadados (54,92% da votação), e Frederico Rosa prepara-se para entrar num terceiro e derradeiro mandato como presidente da autarquia. Em 2021, o PS havia registado 19 559 votos (56,68%).

A CDU, apesar de continuar como segunda força mais votada, perdeu um vereador (passa a ter apenas um), mercê de queda significativa na votação, ao ter passado de 8 085 votos (23,43%) para 5 505 (14,98%).
Em sentido inverso, o Chega e a coligação PSD/CDS cresceram e conseguiram representatividade no executivo, com a eleição de um vereador cada.

O partido de André Ventura quase que quadriplicou a votação de há quatro anos: passou de 1 477 votos (7,26%) para 5 444 (14,62%) e vai estrear-se no executivo municipal.
Já o PSD, que a solo havia perdido em 2021 o único vereador que tinha, recuperou agora em coligação com o CDS esse mandato, mercê dos 3 243 votos (8,83%) averbados. Um crescimento ligeiro, já que, separadamente, nas autárquicas anteriores, o PSD havia somado 2 506 votos (7,26%), ao passo que o CDS havia registado apenas 203 (0,59% da votação).

Assembleia Municipal
Para a Assembleia Municipal, o PS segurou também a maioria absoluta, embora tenha perdido dois mandatos: elegeu agora 14 membros com 17 795 votos (48,50%), que comparam com os 17 934 (51,97%) alcançados em 2021. A estes 14 deputados junta mais quatro por inerências das presidências de junta conquistadas. André Pinotes Batista deverá, assim, ser reconduzido na presidência do órgão deliberativo.

O Chega passou de quarta para segunda força mais votada para a Assembleia Municipal. Elegeu cinco deputados (tinha um), com 6 133 votos (16,72%). Em 2021, registara 1 704 votos (4,94%).
Logo atrás, mas em perda, a CDU conseguiu quatro eleitos (tinha sete), com 5 894 votos (16,06%), que comparam com os 8 139 (23,59%) das eleições anteriores.

Quem cresceu, além do Chega, foi a coligação PSD/CDS, que alcançou três mandatos (mais um do que o registo verificado em 2021 pelos social-democratas a solo), agora com 3 695 votos arrecadados (10,07%), que refletem uma subida de 464 relativamente ao somatório das votações de ambos de há quatro anos.
A coligação entre BE e Livre, com 1 202 votos (3,28%), obteve um mandato, algo que os bloquistas (a solo) já haviam alcançado nas eleições anteriores, mas com votação superior (1 450). O Livre, em 2021, havia registado 229 votos.

Para as assembleias de freguesia, o cenário não foi muito diferente: o PS manteve o poder nas quatro juntas, mas em duas delas perdeu a maioria absoluta, a CDU continuou como segunda força, mas foi quem mais perdeu em número de votos e percentagem, o Chega foi o partido que mais cresceu e a coligação PSD/CDS também aumentou.

Freguesias Socialistas seguram juntas mas perdem duas maiorias absolutas

O PS manteve também o poder nas quatro assembleias de freguesia, mas, em relação a 2021, perdeu a maioria absoluta em duas delas.
Com maioria absoluta, o PS segurou a Junta da União das Freguesias de Barreiro e Lavradio e a Junta da União das Freguesias de Alto do Seixalinho, Santo André e Verderena, presididas respetivamente por Gabriela Soares e Carlos Raposinho. Ficou com maioria relativa na Junta de Santo António da Charneca e na Junta da União das Freguesias de Palhais e Coina, presididas respetivamente por Isabel Ferreira e Juvenal Silvestre.
No total, para os quatro órgãos autárquicos, os socialistas conseguiram 28 mandatos (tinham 32), a CDU nove (tinha 15), embora com mais votação do que o Chega que alcançou dez (tinha dois). Já a coligação PSD/CDS conseguiu, no cômputo geral, sete eleitos – mais dois dos que os alcançados pelo PSD a solo em 2021 (há quatro anos o CDS não elegeu para as assembleias de freguesia).

REAÇÕES

Frederico Rosa: “Ultrapassámos pela primeira vez os 20 mil votos”

Frederico Rosa foi eleito para um terceiro e derradeiro mandato à frente da Câmara Municipal do Barreiro. Ao olhar para os resultados eleitorais de domingo, que ditaram nova maioria absoluta, apesar da perda de um vereador, o autarca destaca a subida de votação do PS.
“Ultrapassámos pela primeira vez, pelo menos neste século, a barreira dos 20 mil votos. Este resultado significa que a esmagadora maioria dos barreirenses confia no trabalho que temos vindo a desenvolver. É a validação do caminho que tem vindo a ser percorrido, do nosso trabalho, por parte dessa maioria e também daqueles que têm vindo e querem vir investir no concelho”, afirma.
O socialista vai mais longe e sublinha que o reconhecimento da equipa que lidera ultrapassa as fronteiras político-partidárias. “As pessoas de vários quadrantes políticos identificam-nos como alguém que trabalha para o bem comum… um protótipo daquilo que deve ser o papel das autarquias. É o reconhecimento que nos chega de pessoas de vários quadrantes políticos”, frisa.
Quanto à oferta de pelouros à oposição, Frederico Rosa deixa a questão em aberto: “Ainda não refleti sobre isso”. Mas, a concluir, adianta: “O mandato que recebemos das pessoas é para que continuemos neste caminho.”

CDU afirma-se segunda força política

A CDU do Barreiro, que apostou em Jéssica Pereira como cabeça de lista à Câmara Municipal, reconhece que o resultado não foi positivo, mas salienta que continua a ser a segunda força mais votada no concelho.
“Com 14 eleitos aos diferentes órgãos autárquicos, a CDU mantém-se como segunda força política do concelho em número total de votos expressos para a Câmara Municipal e assembleias de freguesia. No entanto, o resultado da CDU – com menos votos e menos eleitos do que em 2021 – representa uma evolução negativa na defesa dos interesses dos barreirenses”, faz notar a coligação, em comunicado.
A estrutura local da CDU faz também a leitura global aos resultados conseguidos pelas forças políticas adversárias. “O PS perde em percentagem e eleitos em todos os órgãos autárquicos e a maioria absoluta nas assembleias de freguesia de Santo António da Charneca e União das Freguesias de Palhais e Coina, apesar de conseguir, no geral, um resultado acima do descontentamento que a sua política gera junto dos barreirenses. PSD e Chega obtêm avanços, mas longe da expressão antecipada por estas forças e, também pelo PS, na sua estratégia de captação do chamado voto útil”, finaliza.

Chega diz querer romper com o passado

O Chega do Barreiro, força político-partidária que mais cresceu nestas autárquicas no concelho, também já reagiu aos resultados obtidos. Para a estrutura local do partido de André Ventura, o crescimento registado “é inegável e demonstra que o concelho está pronto para romper com o passado”.
Numa publicação efetuada na rede social facebook e partilhada por Gonçalo Camacho, que foi candidato pelo partido à presidência da Câmara Municipal, o Chega vinca o número de eleitos alcançados para os vários órgãos autárquicos. “De 0 para 1 vereador na Câmara Municipal; de 1 para 5 deputados na Assembleia Municipal; de 2 para 10 autarcas nas assembleias de freguesia.”
A finalizar a estrutura local do partido lembra que este “não é apenas um balanço numérico” e garante: “É um mandato de confiança e de coragem que nos obriga a lutar ainda com mais rigor.”

PSD/CDS enaltece regresso ao executivo

Na análise ao resultados de domingo, coligação PSD/CDS (AD) do Barreiro, que candidatou José Paulo Rodrigues à presidência da Câmara, realça o seu regresso ao executivo municipal e o número de eleitos conseguidos para os restantes órgãos autárquicos.
“Além da presença no executivo municipal, a AD reforça a sua participação com a eleição de três deputados para a Assembleia Municipal e sete membros nas assembleias de freguesia: dois na União das Freguesias do Barreiro e Lavradio, dois na União das Freguesias do Alto do Seixalinho, Santo André e Verderena, dois na freguesia de Santo António da Charneca, e um na União das Freguesias de Palhais e Coina. Este resultado traduz o reconhecimento do trabalho desenvolvido e a consolidação do espaço político da AD no concelho, afirmando uma alternativa credível à gestão socialista”, afirma a AD, em comunicado.
“Voltamos à Câmara Municipal e isso é motivo de orgulho. É o reflexo de uma candidatura séria, assente em propostas concretas e num sentido de serviço público”, junta, ao mesmo tempo que garante ir continuar a lutar pelos objetivos propostos.
“Seremos uma oposição construtiva, exigente e responsável, que fiscaliza, propõe e contribui para o progresso do concelho. Seremos uma oposição vigilante e intransigente na defesa dos interesses do Barreiro”, assume, a concluir.