O número de famílias a pedirem apoio aumentou e a Junta de Freguesia já faz contas para continuar a ajudar
O apoio social e económico às famílias mais fragilizadas com a crise causa pela pandemia está na primeira linha das preocupações da Junta de Freguesia da Costa da Caparica. Segundo diz o seu presidente, José Ricardo Martins, se a situação tem sido difícil, “tudo indica que poderemos ter tempos ainda piores”. O autarca receia o desemprego na localidade que, antevê, “é muito provável que aumente depois do Verão, e continue, pelo menos, até ao final do ano”. Será “uma catástrofe se não vierem apoios financeiros do Estado”.
Com a Costa da Caparica a ter a sua saúde económica agarrada ao comércio e restauração, o autarca receia que alguns estabelecimentos não consigam resistir a esta crise. Aliás, nem tem a certeza se alguns operadores vão conseguir começar a pagar taxas como as de ocupação da via pública – caso da restauração – que tiveram isenção em Maio.
Para responder aos problemas causados pela pandemia, a junta da cidade atlântica de Almada, através da Comissão Social de Freguesia, que envolve vários parceiros, como o Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Conceição, GNR e Bombeiros Voluntários de Cacilhas, ergueu o plano “Costa Solidária “ e, em conjunto, estruturou várias linhas de apoio às famílias carenciadas, idosos e também aos alunos, mas os custos para a autarquia ameaçam tornar-se “incomportáveis”.
Daí que José Ricardo afirme que o Estado, através da ‘bazuca’ financeira do Fundo de Recuperação da União Europeia, “não se pode esquecer de apoiar as instituições particulares de solidariedade social e das autarquias”. Até agora, diz, a Segurança Social de Setúbal tem “agilizado procedimentos” para dar resposta às várias questões que sucederam com a pandemia, mas “é preciso mais da parte do Governo”.
Com o relatório da Comissão Social de Freguesia sobre a crise pandémica Covid-19 de Maio a revelar várias despesas com medidas de apoio locais, os olhos do presidente da Freguesia viram-se, no entanto, para a baixa das receitas da junta. Sendo uma cidade que vive do turismo, a capitalização vem em grande parte das taxas sobre o comércio e mercados – que deixaram de se realizar. Já quanto às despesas, como vários eventos tradicionais da cidade não se realizaram, não houve gastos em financiamentos para estes, sendo que as verbas foram canalizadas para o apoio social.
Mas o mesmo documento também diz que aumentaram exponencialmente os pedidos de ajuda por parte de famílias economicamente fragilizadas. Ou seja, os atendimentos de emergência social aumentaram 148% comparativamente aos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro. Outro dado são as 35 famílias que, pela condição de lay-off, passaram a necessitar de apoio com bens essenciais.
Com o relatório de Junho ainda em preparação, José Ricardo Martins já consegue prever que o número de famílias carenciadas a precisarem de apoio “não terá baixado”, pelo contrário, a comprovar-se um aumento da taxa de desemprego, “vamos ter mais pessoas a pedir ajuda à Junta de Freguesia, ao Centro Paroquial ou outras instituições”. Por isso, é peremptório sobre os euros a serem disponibilizados através do Fundo de Recuperação para as autarquias e instituições de apoio social; “ou dinheiro ou fome”.