9 Julho 2024, Terça-feira

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O PIB – O ídolo

O PIB – O ídolo

O PIB – O ídolo

Mário Moura - Médico|

No ambiente tumultuoso que se vive presentemente após a pandemia e a guerra na Ucrânia e…até com riscos duma guerra mundial, preocupam-se os governos e agitam-se as populações, pois os preços de várias matérias primas aumentam, os combustíveis não param de subir, os deficits aumentam e a chamada inflação aumenta com velocidade fora do vulgar. Os mais pobres ficam mais pobres – a fome surge como ameaça imparável, os gastos em armamentos sobem, e…inevitavelmente o sofrimento cresce por muitos lados do nosso mundo. Não podemos esquecer que vivemos há muito tempo num mundo globalizado. E os donos do dinheiro entram em fase de alarme e os governos que desde há muito são orientados por esse mesmo “poder do cifrão” reúnem-se de emergência para estudar a situação. E alem das armas contra o agressor “ataca-se” com sanções económicas na ideia de sufocar o agressor. Mas no tal mundo globalizado muitas dessas sanções fazem ricochete e abalam os povos dos países que as propõem.  É uma verdadeira obsessão esta luta no campo da economia e…no entanto o petróleo ou o gaz de Putin são elementos essenciais à vida de alguns povos, os cereais da Ucrânia lançam a fome no centro de África ou no Oriente. Como resolver esta guerra tão destruidora e cruel?Verdadeiramente parece difícil pôr fim à mortandade e á destruição dum país inteiro. E porque é assim tão difícil?   O mal está na economia que seve de padrão à vida em quase todo o mundo. O PIB é uma obsessão! Será que não existe outro sistema socioeconómico diferente daquele que há muito tempo rege as nossas sociedades? Será que vivemos em exclusivo para manter e ter como objetivo aumentar os rendimentos dum país? Não é fácil observar que num país o chamado ordenado mínimo e o – mais importante – chamado ordenado médio são a única  preocupação? Assim pensam os governos e “por cima deles” o poder económico. Recentemente, depois da pandemia e agora com as repercussão da guerra na Ucrânia, fala-se na necessidade de construir uma sociedade nova  que altere fundamentalmente o nosso sistema de economia que o Papa Francisco diz que “è uma economia que mata”, que cava fossos entre povos e entre classes , que centrifuga para as periferias grandes fatias das populações. Sim ! Temos de produzir mas apenas o que é necessário à vivência de comunidades fraternas e  com olhos voltados para um “bem comum” e não para  a sobrevivência de “fundos” que ninguém sabe bem o que é, ou melhor, que ninguém sabe de quem são,ou para os muitos milionários que acumulam em si os resultados do trabalho de milhões de pessoas.   Precisamos duma sociedade nova mas que se baseie na dignidade do ser humano – de todos os seres humanos – , que cultive e viva a fraternidade, afastando dos pensamentos o desejo de adquirir, de acumular, de explorar sem cuidado os bens da natureza, provocando ameaçadoras alterações dos equilíbrios ecológicos que (para alem das guerras) ameaçam própria sobrevivência da nossa “mãe Terra”. Curiosamente nas comemorações dos 70 anos de reinado de Isabel, o seu neto fez referência a estes perigos e à nossa responsabilidade no futuro que se avizinha.   Os nossos problemas e as sua possíveis soluções não são só económicos. As nossas preocupações não podem ser exclusivas com o nosso PIB, tornam-se necessárias mudanças radicais nas nossas maneiras de ser, nas nossas maneiras de viver e nas nossas aspirações dum mundo bem diferente. E se assim não pensarmos e…atuarmos – “ou nos salvamos todos ou morremos todos” disse Francisco. E o âmago destes problemas não é só a economia e a política…são também as religiões. Todos nós temos de pensar na Criação e…por isso num Criador – Ora o mundo atual está tão doente que até a nossa Igreja está anquilosada e afastada da vida real dos homens, e até o Patriarca ortodoxo apoia Putin !

Que mundo este …!  Será só o PIB?

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