A reunião de câmara do Montijo desta quarta-feira esteve suspensa durante cerca de uma hora, depois de o presidente da autarquia, Nuno Canta (PS), ter mandado chamar a polícia para impedir que o vereador João Afonso (PSD) gravasse as imagens da intervenção que o social-democrata se preparava para fazer.
O vereador do PSD recusou-se a acatar a ordem do presidente da Câmara e o socialista, que considera que a acção de João Afonso viola o regimento da autarquia e a própria lei, decidiu chamar a PSP ao Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida, local onde são realizadas as sessões face ao actual contexto pandémico.
João Afonso, que tem entendimento contrário ao do líder do executivo, foi identificado pela PSP e revelou a O SETUBALENSE que, após ter apresentado explicações ao subcomissário da PSP do Montijo, não recebeu ordem de proibição de filmar por parte do elemento daquela força de autoridade.
“Fui identificado e disse ao subcomissário que se me desse ordem expressa para deixar de filmar, cumpriria. Não me foi dada essa ordem pelo senhor subcomissário, vou manter a minha posição”, disse João Afonso.
Carlos Jorge de Almeida, vereador da CDU, lamenta a situação e sublinha que a apreciação da matéria em causa, em termos jurídicos, é complexa.
“É um assunto de grande complexidade jurídica, mas que devia ser gerido de forma mais elevada”, afirmou, ao mesmo tempo que se escusou a fazer qualquer análise jurídica ao assunto.
A PSP abandonou o Cinema Teatro e a sessão foi retomada às 18h12 com a abertura do período de intervenção do público, depois de Nuno Canta ter estado à fala com o subcomissário da PSP e de João Afonso ter sido identificado.
A PSP registou a ocorrência e vai elaborar o expediente para remeter às entidades competentes, apurou O SETUBALENSE.
João Afonso, apesar de alertado novamente pelo presidente para não gravar imagens, voltou a filmar a sua intervenção. “Nem todos no Montijo andamos de joelhos. O senhor fez aqui um abuso de poder. O que senhor fez é uma vergonha nacional. O senhor envergonha esta terra”, atirou o social-democrata.
Nuno Canta retorquiu: “Tentámos chamá-lo sempre à razoabilidade. Mas o vereador actua contra a lei. A sua conduta é criminosa. De acordo com a lei não pode filmar. Mais uma vez apelo a que tenha bom senso. A sua actuação é que é uma vergonha para o Montijo. O presidente quis manter a legalidade do órgão. O senhor é um caso perdido que temos no Montijo. Envergonha as pessoas do Montijo e os vereadores aqui eleitos.”
“Incumpriu outra vez, gravando as suas e as minhas palavras. Vai contra a lei e vai sofrer as consequências. A polícia vai ser chamada aqui as vezes que forem necessárias. Habitue-se”, concluiu o socialista.