26 Junho 2024, Quarta-feira

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Nomeação de Pedro Ferreira para comandante abre ‘guerra’ no seio dos bombeiros voluntários

Nomeação de Pedro Ferreira para comandante abre ‘guerra’ no seio dos bombeiros voluntários

Nomeação de Pedro Ferreira para comandante abre ‘guerra’ no seio dos bombeiros voluntários

Parte do corpo activo só aceita para o cargo Renato Pires. Mas a decisão só compete à direcção. Ameaça de entrega de capacetes não passou disso mesmo

 

Pedro Ferreira, que apresentou a exoneração do cargo de comandante dos Bombeiros Voluntários do Montijo no passado dia 15, vai comandar a corporação da Moita. Foi o escolhido, de entre três candidatos “auscultados”, pela direcção da associação. A decisão gerou revolta entre “mais de 80 por cento do corpo activo” daquela unidade, garantem alguns elementos dos Voluntários da Moita que pretendem ver como comandante Renato Pires, chefe da Equipa de Intervenção Permanente (EIP) e um dos três nomes analisados pela direcção, proposto que foi para a função pelo próprio comando com o apoio de operacionais.

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Para ontem, às 20 horas, estava previsto que “mais de duas dezenas de bombeiros” depositassem os capacetes em frente ao quartel, em sinal de protesto pela opção do elenco directivo presidido por Manuel Borges ter recaído em Pedro Ferreira. Mas, a meio da tarde, a acção foi cancelada.

Pouco antes de conhecer o recuo na acção, Pedro Ferreira – que deverá tomar posse a 4 de Junho próximo – classificava o protesto como ilegal. “As pessoas são livres de tomar as decisões que quiserem, mas têm de estar cientes das consequências que possam daí advir, até porque o protesto não é legal. É ilegal os bombeiros colocarem em causa o socorro. E isto não é nenhuma ameaça, é o que a lei diz”, comentou.

A acção não se concretizou, porém não está arredada a hipótese de poder vir a consumar-se “mais à frente”, garantiu fonte do corpo de bombeiros. Isto porque, de acordo com a mesma fonte e também com um comunicado enviado à redacção de O SETUBALENSE, “grande parte do corpo activo rejeita completamente” a entrega do cargo de comandante a Pedro Ferreira. Mas não só. É que, admitiu ainda a referida fonte, qualquer outro nome que não o de Renato Pires não será aceite, já que, afirmam em comunicado, o responsável pela EIP recolhe “o apoio e consenso de todos os bombeiros e corpos de bombeiros do distrito de Setúbal”.

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Ao mesmo tempo, criticam a direcção actual. “É a mesma (só rodam as posições). Desde há muitos anos continuam a impedir que o corpo de bombeiros da Moita cresça e acompanhe a evolução dos bombeiros a nível nacional.”

Versões contrárias

As críticas à direcção são acompanhadas por Vítor Patrício, segundo comandante, e Bruno Pimenta, adjunto, que têm vindo a assegurar o comando, em regime de voluntariado, desde a saída do ex-comandante Sérgio Moura, em Dezembro de 2021, ou seja há cerca de ano e meio.

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Vítor Patrício reconhece que a escolha do comandante compete única e exclusivamente à direcção da associação, mas deixa um reparo.

“A nomeação é sempre da responsabilidade da direcção, contudo aquilo que é praticado de norte a sul do País é que havendo um comando em exercício [esse comando] proponha um nome para ser avaliado e para se conseguir consenso, unanimidade. Neste caso isso não aconteceu. Este comando foi afastado por completo da ‘mesa de negociações’. Foi um processo, todo ele, dirigido, conduzido e com decisão final da direcção”, afirmou, para lamentar de seguida: “É este o reconhecimento que a direcção tem por estes dois elementos de comando, que tudo fizeram para que este corpo de bombeiros se mantivesse activo.”

A observação, de resto, surpreende Manuel Borges. “Não é verdade, foram mais do que ouvidos. Mas já tinham uma pessoa escolhida [Renato Pires]. De certeza que não foi o comando que disse que não foi ouvido. A decisão compete à direcção, mas eles foram ouvidos”, defendeu o presidente da direcção.

Manuel Borges explica também o que levou a direcção a resolver agora uma situação que já perdurava desde o final de 2021. “A principal razão foi garantir o pagamento de salários. Depois de há ano e meio sem comandante e de termos sido eleitos a 2 de Março e tomado posse em 9 de Março passado, tínhamos de tomar uma decisão.”

E a decisão, assegura, foi tomada com base nas respostas dos candidatos entrevistados. “Fizemos uma entrevista a três candidatos e essa entrevista foi dada a cada elemento da direcção sem que soubessem a quem correspondia cada entrevista. Os elementos da direcção tomaram posição sobre as entrevistas feitas, não sobre pessoas. Inicialmente, na informação que foi dada, os elementos da direcção não sabiam a quem correspondia cada entrevista. A base da discussão foi sem nomes em cima da mesa, foi com base em vencimentos, nas posições sobre o funcionamento e a organização dos bombeiros”, frisou.

Desde o final da passada semana que o comando formado por Vítor Patrício e Bruno Pimenta estava a ponderar apresentar demissão à direcção, mas até ao fecho desta edição a intenção não tinha sido “formalmente” concretizada, garantiu Manuel Borges, a concluir.

Manuel Borges “Não queríamos ser direcção”

Cinco dos sete elementos efectivos que compõem a recém-eleita direcção já tinham integrado o elenco directivo anterior. Manuel Borges era vice-presidente e voltou a candidatar-se (mas à presidência) com os seus pares porque, explicou, não houve alternativa. “Nós não queríamos ser direcção. A direcção anterior [da qual fez parte como vice-presidente] demitiu-se e não se candidatou num primeiro processo eleitoral. Só que apenas se apresentou a votos uma lista de pessoas que tinham um mês de associados. Não pôde ir a votos. Repetiu-se o processo eleitoral, apareceu novamente uma lista com pessoas então com três meses de associados. Teve de ser rejeitada pela Mesa da Assembleia Geral, de acordo com os estatutos”, lembrou. E reforçou: “Se alguma lista em condições de se poder candidatar tivesse surgido, não teríamos ido a votos. Como nunca apareceu tivemos de avançar”.

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