Carlos Sargedas considera que espaço vai perder “a sua magia” se “o transformarem numa unidade hoteleira”
O Movimento Sesimbra Unida (MSU) considera “que seria uma mais-valia, embora não obrigatório por lei, que o concurso de concessão no âmbito do programa Revive fosse acessível para consulta pública e aberto a contribuições por parte dos munícipes”.
O conjunto de cidadãos considera “de particular relevância” o estudo da Direcção-Geral do Património Cultural que “caracteriza o imóvel, em vias de classificação como monumento nacional, e a sua história e estabelece os elementos de preservação e reabilitação obrigatórios para o concessionário, bem como a consulta aos círios”.
A O SETUBALENSE, Carlos Sargedas, fundador do MSU, explica que o movimento surge precisamente devido ao Cabo Espichel, e que desde 2010, com a comemoração dos 600 anos do local, se tem vindo a dedicar a este assunto.
“O Santuário do Cabo Espichel foi construído pelos peregrinos, que construíram a igreja, onde têm os seus altares, e as casas na sua envolvência”, diz, reconhecendo o trabalho de recuperação feito pela autarquia ao longo dos tempos.
“Claro que a requalificação era necessária, só queremos que as coisas fiquem esclarecidas, não só para nós como para todos os envolvidos”, adianta. Em seguida, questionou: “por que razão se vai construir naquele local uma unidade hoteleira quando a poucos quilómetros existe um hotel que passa grande parte do ano vazio?”.
Neste sentido, o MSU considera ser “precipitado e, até suspeito na pressa, existindo agora muitos fundos europeus para o efeito, entregar o santuário a privados para fim alheio à espiritualidade do local e que apenas mereceu consideração por ser a única hipótese de conservação”.
Carlos Sargedas afirma, por fim, que o Cabo Espichel será, a nível do distrito, o “diamante em bruto que mais pode atrair turismo sustentável a nível internacional”. “Não podemos perder a sua magia, o que certamente irá acontecer se o transformarem numa unidade hoteleira. Gostaria de ver este espaço “transformado” e recuperado para aquilo que foi construído. Devemos evoluir mas nunca apagando a história”, concluiu.