Faleceu hoje, aos 71 anos, no Hospital do Barreiro, Jacinta Ricardo, que foi presidente da Câmara Municipal do Montijo durante dois mandatos, de 1990 a 1997.
Antes, de 1981 a 1989, a antiga autarca do PCP já havia exercido o cargo de vereadora no município montijense, totalizando assim um ciclo de 16 anos.
Jacinta Ricardo debatia-se há cinco anos com problemas de saúde mas encontrava-se estável.
A cerimónia fúnebre realiza-se amanhã, pelas 16h00, no crematório da Quinta do Conde, para onde o corpo será transportado directamente da unidade hospitalar do Barreiro.
Carlos Jorge de Almeida, vereador da CDU na Câmara Municipal do Montijo, em declarações a O SETUBALENSE, lamenta a perda, sublinhando que este “é um momento em que o Montijo, a região e a história do poder local democrático em Portugal ficam mais pobres”.
O autarca recorda que Jacinta Ricardo “desempenhou funções em tempos difíceis, de enorme exigência”, evidenciando “grande força” e determinação.
“Fica para a história, no Montijo, na região e no País, a mulher com muita vontade, com muita garra, primeiro num contexto da FEPU, depois da APU e de seguida da CDU, que detinha o traço distintivo do que é a CDU”, disse.
O comunista sublinha três vertentes em que, diz, Jacinta Ricardo se notabilizou ao longo do seu trajecto autárquico.
“No plano social, recordo o Plano Especial de Realojamento [PER] e a forma como enfrentou esse problema, quando representou para muitas famílias o acesso à habitação”, vinca, adiantando: “No acesso à Cultura, o trabalho realizado pelos colectivos de Jacinta Ricardo com o património material e imaterial”.
Por último, Carlos Jorge de Almeida realça ainda “o plano estratégico da cidade do Montijo que o colectivo de Jacinta Ricardo deixou”.
“Foi o planeamento que o PS veio depois considerar seu e aprovou apenas com a introdução de uma alteração: a transferência do terminal fluvial para o Cais do Seixalinho. Um plano que ainda hoje se mantém actual”, frisa, reforçando: “A aprovação do Plano Director Municipal [PDM], que o PS já devia ter revisto e que até à data, ao longo destes anos todos, ainda não o fez”.
A terminar, o vereador faz questão de lembrar “a dignidade da mulher”, que quando “terminou o seu exercício autárquico voltou à sua casa, à sua modesta vida, à mesma forma de vida de sempre”.
“Perdeu-se um importante pedaço da história do Montijo e do exercício do poder local democrático”, concluiu.