10 Agosto 2024, Sábado

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Moradores exaltam-se no último dia de demolições no bairro do Segundo Torrão

Moradores exaltam-se no último dia de demolições no bairro do Segundo Torrão

Moradores exaltam-se no último dia de demolições no bairro do Segundo Torrão

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Processo de demolição de casas que se encontram em cima de uma vala de drenagem em risco de desabamento termina esta quinta-feira

O processo de demolição de casas que se encontram em cima de uma vala de drenagem em risco de desabamento no bairro de lata do Segundo Torrão termina esta quinta-feira. Durante esta manhã os moradores exaltaram-se contra o processo de realojamento, que consideram ser injusto para muitos a quem é dada a hipótese de saírem das casas com a comparticipação de um mês de renda numa habitação que encontrem no mercado de arrendamento.

A GNR está no local, como tem estado desde o início do processo de demolição que arrancou no domingo, mas não foi necessária, até perto das 12 horas, qualquer intervenção perante alterações à ordem pública.

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O processo de realojamento motivou a entrada de providências cautelares junto do Tribunal de Almada por treze famílias contra a demolição das suas casas. Todas foram aceites, mas uma levou o tribunal a determinar a suspensão da demolição da casa de uma moradora. A autarquia tem agora o prazo de dez dias para se pronunciar e apresentar ao tribunal o processo de realojamento, bem como o relatório da proteção civil que aponta para o risco de desabamento das casas.

Marina Caboco, advogada de algumas das famílias, explicou como funciona o processo. “A autarquia tem que apresentar o processo de realojamento que, pelo que me informaram, não existe, bem como o processo administrativo de despejo que também não foi cumprido, houve pessoas que só foram informadas da demolição no próprio dia”.

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Vasco Barata, advogado de outras sete famílias, interpôs também uma providência cautelar, que foi aceite pelo tribunal sem suspender a demolição. “Estas famílias ficaram de fora do processo de realojamento por questões burocráticas e falta de documentos apresentados, o que é inaceitável”, afirma.

No bairro, de acordo com Alexandra Leal, da associação Cova do Mar, a situação é dramática. A dirigente aponta para falta de coordenação e transparência e dá exemplos, como a de uma mãe que foi realojada com o filho menor num bungalow no parque de campismo de Monsanto, até realojamento numa casa. “Foi garantido transporte da criança para a escola, mas a mãe teve que acompanhar o filho porque não havia monitor e o autocarro chegou à escola uma hora antes de esta abrir, tendo deixado a criança e a mãe no local e arrancado”, afirmou.

Um outro caso é referente à moradora que viu o tribunal decretar a suspensão da demolição da sua casa. “A moradora aceitou num primeiro momento ficar com a filha numa instituição enquanto procurava casa”. Na primeira noite, diz Alexandra Leal, a moradora deparou-se com regras severas, como ser impedida de sair sem justificação de médico, alvorada obrigatória às 07h30 e entregar o telefone às 22 horas.

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“Ela acabou por regressar e está na casa, mas sem mobília. A autarquia diz que nada pode fazer, que o processo da moradora está com a Segurança Social”, lamenta, acrescentando que já teve que “chamar o INEM por duas vezes porque moradores se sentiram mal por estarem a ser forçados a sair das casas”.

De acordo com a autarquia, até esta terça feira, 18 famílias já tinham novo alojamento. Oito famílias estarão a viver nas novas casas até esta quinta-feira, outras 12 têm casa aceite e reservada. Há ainda nove que recusaram a casa proposta, e para os quais os serviços da Câmara continuam a procurar novas casas que sejam aceites, e quatro famílias para as quais ainda não existe uma solução habitacional. Todas ficam alojadas em hotéis, avança fonte oficial da autarquia.

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