Moradores de Paio Pires cansados de respirar Siderurgia

Moradores de Paio Pires cansados de respirar Siderurgia

Moradores de Paio Pires cansados de respirar Siderurgia

Quem mora na Aldeia de Paio Pires há muito que se queixa de ter como vizinha a Siderurgia Nacional. Queixas sobre o ar que ali se respira e sobre o ruído já chegaram à Câmara do Seixal que por sua vez contactou com o Governo. Mas por agora tudo parece estar na mesma

 

As queixas dos moradores da Aldeia de Paio Pires sobre a má qualidade do ar, e por partículas que caem sobre viaturas, edifícios e mesmo pessoas, já dura há anos e foram relembradas recentemente. A Câmara do Seixal confirma existirem “diversas reclamações”, e desconfia que o problema seja da empresa SN Seixal – Siderurgia Nacional.

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Já um dos moradores desta localidade, João Carlos Pereira, tem menos dúvidas e afirma ser “habitual existir pó preto no ar”, que diz serem “limalhas trituradas”. Mas “o maior problema são os gases”, e admite que ambos os casos sejam provenientes da “Siderurgia Nacional”.

Este morador, que faz parte de um grupo do Facebook que se autodenomina “Os Contaminados do Concelho do Seixal”, lamenta que o poder político “desvalorize” as queixas de quem reside naquela localidade”, e acrescenta mais um problema à laboração da fábrica. “A lei do ruído não está a ser cumprida”, e fala de um incómodo constante.

Ontem, o jornal o Público noticiou que o “Ministério Público está a investigar amostras de pó branco e poluição, encontradas em automóveis e edifícios e recolhidas pela GNR na Aldeia de Paio Pires, depois de várias queixas apresentadas pela população”.

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Segundo a GNR estas foram amostras recolhidas no dia 19 de Janeiro e foram encaminhadas para a Agência Portuguesa do Ambiente. Diz João Carlos Pereira a O SETUBALENSE – O DIÁRIO DA REGIÃO que este pó branco – que será da fabricação do aço – “surge poucas vezes por ano”, mas quando cai sobre os carros “só sai com uma limpeza agressiva”.

Conhecedora das queixas da população, a Câmara do Seixal vinca que “a poluição causada pela SN Seixal cabe integralmente ao poder central”, assim como a “responsabilidade quer no âmbito do licenciamento da actividade, quer da fiscalização das condições da respectiva exploração e seus impactes na saúde pública e no ambiente”. Refere serem “inúmeras as diligências municipais sobre esta matéria matéria junto das diversas entidades da administração central e do Governo, mas tem existido “inércia”.

Em resposta a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO, a autarquia lembra que, a 16 de Setembro de 2014, foi proposto ao secretário de Estado do Ambiente a criação de Grupo de Trabalho Interdisciplinar para a Qualidade do Ar no Município do Seixal para verificar a situação na Aldeia de Paio Pires.

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De facto o grupo avançou constituído para várias entidades, entre elas a Agência Portuguesa do Ambiente e, “a 4 de Fevereiro de 2015 a empresa foi vistoriada”, tendo-se concluído que “a exploração daquela empresa não respeitava todos os condicionamentos legais e disposições regulamentares aplicáveis, devendo a SN Seixal adoptar um conjunto de correcções, num prazo que o IAPMEI concedeu prorrogar, a pedido da empresa, até final de 2015”.

Perante a continuidade das queixas na Aldeia de Paio Pires, a Câmara do Seixal tem vindo a “defender a instalação de mais estações de medição da qualidade do ar no município”, que “reflictam a situação real no que diz respeito ao ar que se respira em toda a sua área”. Mas a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo “alega que a estação de medição do Laranjeiro, pela sua localização, é representativa da qualidade do ar que se respira nas zonas urbanas do Município do Seixal”.

Desde então a autarquia afirma ter continuado a levar este assunto ao Governo mas não tem conseguido mais do que “inércia”, dai ter tomado a decisão de mandar  elaborar vários estudos, entre eles um estudo epidemiológico e ambiental, análise das partículas que se depositam em edifícios e viaturas, medição do nível de ruído e um estudo epidemiológico.

No passado dia 15 de Janeiro, em reunião com o Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, “reiterou a necessidade urgente da resolução dos impactos ambientais da Siderurgia em Aldeia de Paio Pires e a intervenção do ministro junto dos organismos que tutela”.

Mas por agora, tanto quem habita na Aldeia de Paio Pires, como os responsáveis da autarquia continuam a aguardar uma resolução do problema. “Não se pode nem comer uma sandes ou um gelado na rua”, o pó cai-lhe em cima, realça João Carlos Pereira.

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