14 Agosto 2024, Quarta-feira

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Montijo e Alcochete ficaram a perder com a criação do Centro Hospitalar

Montijo e Alcochete ficaram a perder com a criação do Centro Hospitalar

Montijo e Alcochete ficaram a perder com a criação do Centro Hospitalar

|Edifício da Cirurgia de Ambulatório

Tutela nunca cumpriu na íntegra o protocolo rubricado com o município montijense

 

Vai para 14 anos desde que a tutela assinou com o município montijense o protocolo para a criação do Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM), efectivada depois por decreto-lei em Novembro de 2009. Mas, até hoje, o acordo nunca foi cumprido na íntegra. E os concelhos de Montijo e Alcochete têm saído a perder.

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A decisão, que integrou o Hospital Nossa Senhora do Rosário e o Hospital do Montijo, veio a revelar-se muito menos benéfica para as populações dos concelhos de Montijo (mais de 57 mil habitantes) e Alcochete (mais de 17 mil), que cresceram nos últimos tempos. A proximidade aos cuidados hospitalares destes utentes foi afectada, já que as principais valências – para não dizer a esmagadora maioria dos serviços – ficaram concentradas na unidade hospitalar do Barreiro. A título de exemplo, um utente com um corte, por mais pequeno que seja, tem sempre de se deslocar ao hospital do Barreiro caso necessite de ser suturado.

Os habitantes das freguesias da zona Este do concelho – Canha e Pegões – são dos mais prejudicados. A deficiente cobertura de transportes públicos a que estão sujeitos na ligação à cidade montijense já constituía obstáculo difícil de superar – sobretudo para os mais idosos –, dificuldade que cresce significativamente com o aumento da distância necessária percorrer até ao Barreiro.

O incumprimento do protocolo rubricado entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e a Câmara Municipal do Montijo, em 2007, verifica-se desde a primeira hora. O ponto 7 do documento que determina que “o transporte de doentes, em situação aguda, referenciados às urgências médico-cirúrgicas e/ou polivalente”, seja “reforçado com uma ambulância SIV [Suporte Imediato de Vida] sediada no município do Montijo” é disso exemplo. Até à data, a tutela nunca sediou o referido meio de socorro no território montijense, o qual se reveste de capital importância.

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Segundo o Serviço Nacional de Saúde (SNS), as ambulâncias SIV “têm por missão garantir cuidados de saúde diferenciados, tais como manobras de reanimação”, até que esteja disponível uma equipa com capacidade de prestação de “Suporte Avançado de Vida”. Estas viaturas apresentam uma tripulação “composta por um enfermeiro e um técnico de emergência pré-hospitalar” e são equipadas “com a carga de uma Ambulância de Suporte Básico de Vida, acrescida de um monitor-desfibrilhador e diversos fármacos”, além de permitirem “a transmissão de electrocardiograma e sinais vitais”.

Aspecto positivo a resultar da constituição do CHBM para as populações de Montijo e Alcochete, sobretudo, foi a instalação da unidade de cirurgia de ambulatório, no hospital montijense, que representou um investimento na ordem dos dois milhões de euros. A excelência da resposta desta valência já foi, de resto, reconhecida a nível nacional.

Unidade de Saúde Familiar

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O Hospital do Montijo tinha capacidade física instalada para poder receber e reforçar valências hospitalares. A mais recente aposta da tutela acabou por recair no aproveitamento de uma parte do espaço daquela unidade para instalação de uma Unidade de Saúde Familiar (USF), que por cima irá ter o Hospital de Dia de Psiquiatria (nova valência que representa um investimento de cerca de 200 mil euros).

A ARSLVT, o CHBM e a Santa Casa da Misericórdia do Montijo (SCMM) assinaram, em 20 de Abril de 2018, um protocolo para a criação da USF Aldegalega no hospital montijense. O acordo visou, por um lado, que a Santa Casa da Misericórdia do Montijo, enquanto proprietária do imóvel, concordasse com “a cedência, a título gratuito, de parte do edifício onde funcionou o serviço de Medicina Interna do Hospital do Montijo” para instalação da nova unidade. Por outro lado, o CHBM, arrendatário do complexo, cedia assim o espaço actualmente desactivado à ARSLVT. As obras têm vindo a avançar e a USF Aldegalega, que deveria estar concluída em 2019, poderá vir a ser inaugurada ainda no decorrer deste ano.

Na altura, a ARSLVT revelou que a USF Aldegalega viria “dar médico de família a cerca de 5 700 utentes que actualmente não o possuem, num total de 13 300 pessoas abrangidas pela unidade”. Previsto ficou ainda que a unidade funcionasse com uma equipa “composta por sete médicos, sete enfermeiros e cinco assistentes técnicos”. O investimento inicialmente estimado rondaria o meio milhão de euros.

A instalação da USF no espaço hospitalar tem suscitado, porém, duras críticas. Autarcas da CDU e do PSD criticaram a opção. A concelhia comunista chegou mesmo a considerar que a decisão constitui “o princípio do fim” do hospital e mais um passo na direcção da privatização da saúde.

Hospital inaugurado em 1947 e elevado a distrital em 1983

O Hospital do Montijo foi inaugurado em 1947, cerca de quatro anos depois de ter sido lançada – em 2 de Maio de 1943 – a primeira pedra da obra. Resultou de um projecto da Santa Casa da Misericórdia do Montijo.

O resumo histórico está publicado na página oficial do Centro Hospitalar Barreiro Montijo na Internet. De acordo com esta fonte, em 1951 foi realizada uma intervenção para a ampliação do espaço, que seria concluída em 1954. Dois anos após a Revolução dos Cravos, em 1976, o hospital passou “a integrar o Serviço Nacional de Saúde”. Antes, “em 1 de Agosto de 1967, ganhou a designação de Hospital Concelhio do Montijo” e só depois, “em 16 de Fevereiro de 1983, foi elevado à categoria de Hospital Distrital” e apetrechado “das respectivas valências básicas”. Valências que ao longo dos tempos tem vindo a perder.

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