Suspeito avisado várias vezes para baixar a arma e sem obedecer à ordem e escondido entre arbustos, foi abatido
O Ministério Público acusou quatro militares da GNR de Setúbal pelo homicídio, em co-autoria, de um homem durante uma operação táctico policial ocorrida na Fonte da Vaca, Pinhal Novo em Dezembro de 2021. A vítima, Alcílio Gomes, 62 anos, foi abatida com seis tiros quando empunhava uma caçadeira contra si militares. Foi avisado várias vezes para baixar a arma e sem obedecer à ordem e escondido entre arbustos, foi abatido.
O MP considera que os militares podiam ter usado meios não letais para imobilizar o suspeito. No processo-crime respondem o comandante da GNR de Setúbal, responsável pelas operações e três militares.
O caso ocorreu no Aceiro José Camarinho, na zona rural do Pinhal Novo. Pelas 11.30 horas, militares do Núcleo de Investigação Criminal de Palmela deslocaram-se à residência do suspeito com um mandado de busca e apreensão na sequência de queixas de ameaça com arma de fogo feita por vizinhos e familiares do suspeito.
Chegados a casa do suspeito, os militares foram surpreendidos com disparos de caçadeira feitos a partir do interior da casa do suspeito na sua direcção. Ninguém foi atingido e o homem conseguiu fugir com a arma na sua posse. Alcílio Gomes vivia sozinho, não tinha antecedentes criminais e não estava referenciado pelas autoridades como perigoso.
A GNR montou um incidente táctico policial e cercou toda a zona rural da Fonte da Vaca, impedindo mesmo que os residentes nas poucas casas nas imediações saíssem para a rua. Foram mobilizados meios da Unidade de Intervenção, nomeadamente o Grupo de Intervenção e Operações Especiais (GIOE), o Grupo de Intervenção e Ordem Pública (GIOP) e o Grupo de Intervenção Cinotécnico (GIC), que realizaram uma operação de batida em busca do suspeito.
Cerca de três horas depois, uma patrulha localizou o suspeito a cerca de dois quilómetros da sua casa, num descampado e deitado na vegetação. Assim que percebeu que foi detectado, empunhou a arma na direcção dos militares. Os militares gritaram várias vezes “baixa a arma”, e perante a recusa abriram fogo, “em legítima defesa, tendo atingido o suspeito de forma a neutralizar a ameaça”, descreveu então a GNR.
O suspeito foi assistido de imediato por elementos da Equipa de Resposta à Crise do INEM, que se encontravam a apoiar a acção da GNR e pelos Bombeiros Voluntários do Pinhal Novo, mas acabou por falecer no local.