Organização prevê enchente de mais de 50 mil pessoas nos três dias do evento
“O Mercado voltou”. A apresentação da edição de 2022 do Mercado Caramelo, após dois anos de ausência devido ao contexto pandémico, decorreu na tarde do passado domingo no Coreto do Largo José Maria do Santos perante uma vasta e inesperada audiência.
Mais de duas centenas de pessoas marcaram presença no evento tiveram a oportunidade de provar uma amostra daquilo que é esperado no início de Maio. À disposição dos presentes um pouco de tudo, servido por alguns feirantes: vinho, bifanas, doces, pão e, claro, a Sopa Caramela, criaram o ambiente de um minimercado caramelo para aguçar apetites.
Um mini que se irá tornar super, pois a organização garante neste regresso mais stands, mais restauração, mais vinhos, mais animação. Um pouco mais de tudo o que se viu nas edições passadas desde a sua primeira aparição em 2016.
Divulgar a típica Sopa Caramela, a restante gastronomia regional e valorizar os produtos locais são os objectivos desta iniciativa.
Com um orçamento de 130 mil euros, “Os Ferroviários” foi o tema escolhido para a edição deste ano que vai decorrer de 6 a 8 de Maio.
Manuel Lagarto, da Confraria da Sopa Caramela, organizadora do evento em conjunto com a Junta de Freguesia de Pinhal Novo, mostrou-se optimista no regresso à normalidade. “Estamos com expectativas muito altas para a edição deste ano, até pela vontade que as pessoas têm de voltar a conviver neste tipo de iniciativas”.
Em 2019, antes da pandemia, lembra, registou-se “uma adesão a rondar os 50 mil visitantes” ao longo dos três dias. “Agora, com mais espaços interiores e exteriores e com mais oferta em todos os aspectos penso que poderemos superar esse número e estamos preparados para receber todos aqueles que nos quiserem visitar”.
Manuel Lagarto realça que este subir de patamar do Mercado Caramelo se deve à junção de muitas vontades. “Conseguimos a presença de quase todo o movimento cultural de Pinhal Novo, o artesanato, a restauração, produtores de vinho, queijo, pão e doces”. Todos marcam presença, reforça, “sem pagar pelo seu espaço de exposição”. “Todo o dinheiro que façam com a venda dos seus produtos reverte inteiramente para eles, achamos que é a melhor maneira de ajudarmos na promoção daquilo que é feito na nossa terra”. Paralelamente, acrescenta, também há mais gente trabalhar com a organização. “Este ano conseguimos a colaboração de mais 25 pessoas e isso faz toda a diferença”.
Desafio e novidades
De forma a ter uma recriação o mais real possível, Manuel Lagarto desafia a população a juntar-se a este “regresso” ao passado com um gesto simples e singelo. “Gostaríamos de ver uma decoração adequada à época nas varandas e janelas da vila e o comércio local a trajar à moda antiga”.
Nesta edição de 2022, a estrutura do Mercado de Caramelo tem, como sempre, o seu epicentro no Largo José Maria do Santos que ganhou uma maior capacidade de agilização com o desaparecimento do lago. No interior, agora mais amplo, e na sua periferia, serão montados dezenas de stands de gastronomia, artesanato, dois espaços de exposição de máquinas agrícolas e automóveis, e ainda uma área de feira franca para diversão a pensar nos mais pequenos, mas sem as tradicionais rulotes de comida, porque, esclarece Manuel Lagarto, é ponto de honra que “toda a oferta gastronómica esteja concentrada nas tabernas e tascas no Largo José Maria dos Santos”. “Aqui vamos ter o pão com chouriço, as farturas e os gelados”.
No campo das novidades, destaque para o casamento caramelo e para a exposição de animais com a ovelha saloia e demonstrações de ordenha e tosquia manual.
Carlos Jorge de Almeida, presidente da Junta de Freguesia de Pinhal Novo, revelou os ingredientes da receita de um Mercado Caramelo que traz ao de cima “a cultura e a forma de estar” locais.
“Voltámos àquilo que é o Pinhal Novo”, sublinhou Álvaro Amaro, presidente da Câmara Municipal de Palmela, na sua alocução. “Esta é uma festa para todos, os pinhalnovenses de origem e os de adopção”, concluiu o autarca.
As origens de um pólo de dinamização da vila
O primeiro mercado realizado em Pinhal Novo, antecessor do actual mercado mensal, teve a sua origem a 9 de Maio de 1875, de acordo com informação manuscrita deixada pelo Padre Theodoro de Souza Rego, primeiro capelão da Capela de São José em Pinhal Novo, onde exerceu funções entre 1874 e 1894. Desde então, aproveitando a sua localização de excelência, Pinhal Novo foi criando as condições necessárias para que o mercado se tornasse um importante pólo de dinamização económica, social e cultural da localidade e da região, estatuto que ainda hoje mantém e que a freguesia acarinha.
O mercado teve importância significativa para a comunidade local pois permitiu que as pessoas pudessem adquirir ferramentas, utensílios para a lavoura, bem como artigos de uso pessoal sem que tivesse de efectuar deslocações a outras localidades, já que passavam a ter uma oferta como até então não havia. Com a inauguração do museu ferroviário na antiga estação e dada a importância do comboio também os ferroviários assumem as suas tradições no Mercado Caramelo.