Marchas Populares saem à rua para recuperar tradição adormecida há 27 anos

Marchas Populares saem à rua para recuperar tradição adormecida há 27 anos

Marchas Populares saem à rua para recuperar tradição adormecida há 27 anos

É já este domingo, na Praça de Toiros João Branco Núncio, que a Arte e Tradição sai à rua

Um interregno de 27 anos não foi razão para que a cidade de Alcácer do Sal deixasse de ter no sangue o fervor das marchas populares. É já no próximo domingo, penúltimo dia da PIMEL – Feira do Turismo e das Actividades Económicas, que os 41 marchantes das Marchas Populares Arte e Tradição vão à Praça de Toiros João Branco Núncio mostrar do que esta tradição é feita.

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Em diferentes moldes – porque em tempos antigos os bairros disputavam quem tinha a melhor marcha – os cinco grupos juntam-se na tentativa de voltar com a folia e a vontade que nunca se perdeu.

O Cabo da Vila, a Ribeira Velha, o São Pedro, os Açougues e a Rua Direita unem-se agora numa só composição para mostrar a força da terra vaidosa rainha do arroz e do sal. Os ensaios nunca pararam desde inícios de Maio e, dos mais pequenos aos mais velhos, o empenho é muito para trazer às ruas centenas de pessoas que querem viver sentimentos do bairrismo e da comunidade.

Ensaiar “não foi fácil” mas marchantes aceitaram desafio

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José Carlos Nascimento dos Reis é o responsável por acertar, todos os dias, o passo dos mais de 40 marchantes. Entre aqueles que participam pela primeira vez na folia e outros que são já veteranos em marchar ao som da música, é entre estes que se divide uma responsabilidade que vai muito além dos ensaios.

“A responsabilidade não é só a do ensaio, é o acréscimo de tudo que me veio ‘parar’ às mãos. O desejo de isto sair bem é muito, porque a minha família sempre fez parte das marchas, tenho pessoas que trouxe para aqui para que isto possa ser a sério. Vamos mostrar algo que não é feito há 27 anos, e toda a gente que participou nas marchas está com expectativa. Nunca tinha feito um ensaio, só nas marchas dos miúdos e ninguém me ensinou, fui praticando sozinho pelo gosto que tenho pelas marchas”, confessa o ensaiador em declarações a O SETUBALENSE.

No começo da jornada as coisas não foram fáceis, mas, volvidos mais de dois meses de prática, tudo começou a andar naturalmente e a bom ritmo. “Ao início não foi fácil só três ou quatro marchantes é que tinham participado. Na primeira semana foi complicado, não sabíamos marcar, começar a introduzir marcações a pessoas que nunca tinham marchado não foi fácil, mas também não foi assim tão complicado, depois começou-se a apanhar o andamento da marcha e isto começou a ir”.

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Quando faltam cerca de seis dias para que a marcha saia à rua – antes da actuação na praça de toiros (21 horas) os grupos concentram-se perto do Posto de Turismo para desfilarem pelas ruas em direcção ao recinto – as expectativas estão no ponto mais alto possível, mas a confiança faz descansar quem quer que tudo corra pelo melhor.

“Tive muitas noites sem dormir a pensar nisto [dia 23]. Já me livrei disso porque isto está a correr bem e estamos quase a sair para a rua. A expectativa é grande, queremos criar boas recordações às pessoas, e acho que vamos conseguir”.

Os desejos são de que, nos próximos anos, a tradição continue de viva saúde. Seja com uma marcha por cada bairro ou todos em conjunto, o importante é que se volte a ter marchas em Alcácer do Sal.

Câmara municipal investe em peso para voltar com tradição

Desde o momento em que o grupo de marchantes começou a ganhar forma que a Câmara Municipal de Alcácer do Sal entendeu que era tempo de ajudar financeiramente um projecto que começou apenas com pessoas, mas que foi ganhando ritmo.

“Nós atribuímos um apoio financeiro que, se houvesse marcha por cada bairro era no valor de 35 mil euros a cada uma, tendo em conta que é uma única marcha, mas que se compõe as tradições de cada bairro é esse o valor. Fizemos também a cedência da Praça de Toiros João Branco Núncio que é hoje gerida pela câmara municipal”, explica o presidente da autarquia Vítor Proença em declarações a O SETUBALENSE.

Também para o autarca é gratificante o esforço dos organizadores que estão a contribuir para que a tradição volte a estar inscrita na identidade do concelho.

“É uma alegria imensa porque tem que ver com uma antiga tradição de Alcácer do Sal muito enraizada, incluindo com crianças e jovens que nunca viveram as marchas directamente, mas que sentem a passagem de geração para geração, jovens que conhecem a música das marchas, que sabem dançar como marchantes, e parece que estiveram sempre lá. As marchas correm no sangue da população de Alcácer. A câmara municipal, desde a primeira hora entendeu, e bem, apoiar o mais possível estas marchas para ressurgirem”.

Este é também um objectivo cumprido de Vítor Proença que, quase a terminar o seu mandato, vê cumprida a folia das marchas populares. “Eu próprio tenho puxado tudo por tudo, na minha vida e no meu empenho, para que as marchas ressurgissem em Alcácer”.

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