O Seixal assiste a manifestações de protesto contra a Festa do Avante! deste ano. Há receio que pandemia aumente
Cerca de 50 comerciantes da zona envolvente à Quinta da Atalaia, no Seixal, onde vai realizar-se a Festa do Avante!, de 4 a 6 deste mês, vão encerrar portas durante estes dias. Entretanto, para a próxima quinta-feira, às 18h00, está marcada uma marcha lenta automóvel de protesto pela realização da 44.ª edição da festa comunista.
O motivo das duas acções está relacionado com o medo de aumento da propagação do vírus Covid-19. “Não existe nenhuma motivação política para este protesto”, esclarece Raul Torcato, um dos cinco organizadores da marcha lenta.
O mesmo diz Maria Carvalho, responsável pela cozinha do Restaurante Rota dos Petiscos Terra e Mar, que deu início ao movimento de encerramento de estabelecimentos. A um dos canais de televisão, afirmava que o comércio recebia bem a Festa do Avante!, mas “não este ano” por uma questão de “precaução” e para “mitigar o risco” de contágio”.
“Prefiro fechar três dias, ainda que com sacrifício, do que fechar três semanas”, sustentou Maria Carvalho, acrescentando que a “movimentação de pessoas durante o Avante! envolve toda a freguesia de Amora, e não apenas a Quinta da Atalaia”, onde decorre o evento anual organizado pelo PCP, referia também à Lusa. E frisava que “esta decisão não tem nenhuma conotação político-partidária. Nada tenho contra a Festa do Avante”.
É precisamente a grande movimentação de pessoas que esta festa traz ao concelho, que levou cinco moradores do Seixal e Amora a convocarem a marcha de protesto de quinta-feira. “Nada temos contra a Festa do Avante!, mas sim contra a realização da mesma este ano, por precaução do não avanço pandémico”, diz Raul Torcato.
Acrescenta este residente no concelho seixalense que foi com “insatisfação” que assistiram à reticência da Direcção-Geral da Saúde (DGS) em revelar, “atempadamente, o seu parecer técnico” sobre a realização da festa comunista. De facto, este parecer apenas foi revelado ontem.
Com o PCP a dizer que a presença de pessoas em cada dia da Festa será de 33 mil, a DGS, através do parecer técnico, veio obrigar que “o total de lotação seja de 16 563 pessoas em simultâneo no recinto”. Mas lembra Raul Torcato que a venda ingressos e “a fiscalização da festa é feita pela própria organização”, ou seja, “o PCP; e a autoridade não pode entrar no recinto, salvo excepção”.
Relembrando outras edições, este elemento da organização da marcha lenta de automóvel, comenta que “quem mora perto da festa sabe bem dos problemas com a aglomeração de pessoas nas imediações”, e também “em quase todo o concelho”. E mesmo com a limitação de pessoas no recinto, receia que esta aglomeração não diminua em muito. “Estamos numa fase de pandemia e não podem ser tomadas medidas de excepção a festas, sejam elas de partidos ou outras”, afirma.
Aliás, a cozinheira Maria Carvalho já veio dizer que, este ano, são “vários os moradores” de Amora que ponderam sair de casa durante os dias da Festa do Avante!, por não quererem “correr riscos de saúde pública”.
Marcha automóvel assinala protesto
Raul Torcato, um dos cinco organizadores da marcha lenta automóvel de protesto à realização da Festa do Avante! deste ano, afirma que apesar da decisão de realizar esta acção só ter sido consolidada no passado sábado, “já temos todas as autorizações para a realizar”.
Assim, para as 18h00 de quinta-feira, está marcado o encontro junto ao Complexo Desportivo Carla Sacramento, e se outras indicações não surgirem por parte da PSP, a marcha lenta vai seguir pela EN10, e contornar a estrada paralela ao túnel do lado direito.
Segue para a rotunda, entra na Rua dos Foros da Amora e vira para a Rua da Cordoaria, seguindo até à rotunda que dá acesso à EN10, entrando na Avenida 1º de Maio.
Daí entra na Avenida Resistentes Antifascistas, até à rotunda Praça Geminações.
Segue pela Avenida Arlindo Vicente e na rotunda continua em direcção à Ponte da Fraternidade. Entra na Avenida Afonso Costa, passando depois pela Avenida Marcos de Portugal, Avenida Baía Natural do Seixal, Rua Cachéu e termina na Rua Infante D. Augusto.
Com Lusa