Lina Lopes: “Quero que Setúbal seja uma cidade mais segura, mais próspera e virada para o rio”

Lina Lopes: “Quero que Setúbal seja uma cidade mais segura, mais próspera e virada para o rio”

Lina Lopes: “Quero que Setúbal seja uma cidade mais segura, mais próspera e virada para o rio”

Desfiliou-se do PSD para se candidatar como independente, mas com o apoio do Chega. Garante que vai ganhar as eleições e aponta sete áreas prioritárias de acção para os primeiros 100 dias de governação: segurança; transparência; trabalhadores municipais; higiene urbana; mobilidade; estratégia para o futuro de Setúbal; e imigração

Licenciada em Química e Mestre em Engenharia Alimentar, Lina Lopes, 63 anos, desvinculou-se do PSD no início deste ano para se candidatar como independente à presidência da Câmara Municipal de Setúbal, nas autárquicas deste ano, com o apoio do Chega. Para trás fica um longo trajecto de ligação aos social-democratas, por quem foi deputada à Assembleia da República, nas XIV e XV legislaturas.
Em entrevista a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM, a candidata diz querer afirmar Setúbal como “motor económico da península” e “capital de distrito”. Assume que pretende “virar a cidade para o rio”, sem deixar de apontar à recuperação do Clube Naval Setubalense, defende a implementação de Polícia Municipal e videovigilância e promete estreitar relações com os trabalhadores municipais, através de um canal próprio, bem como apostar na transparência, através da publicação da agenda diária dos autarcas e de relatórios e contas com periodicidade semestral.

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O que a leva a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal de Setúbal?
Sou setubalense, nascida e criada. Estudei em Setúbal e Setúbal está no meu coração. Olho para Setúbal como uma cidade com uma potencialidade enorme e, desculpem-me, podemos ser muito melhores do que Cascais e Oeiras, porque Setúbal tem tudo. Quero também fazer homenagem aos meus pais e aos meus avós, que deram tudo por esta cidade. Lembro-me de uma cidade cheia de vida, de uma cidade com indústria, de uma cidade muito feliz…

E agora não é?
Tenho algumas dúvidas. Quero Setúbal como uma cidade moderna, do Século XXI. Quero que Setúbal volte a ser de novo um concelho importante, como já foi a outrora. Não se esqueçam que nós somos a capital distrito. Quero que Setúbal seja o motor da península de Setúbal. Quero uma cidade virada para o rio. Acho que Setúbal está de costas [voltadas] para o rio. Não sei se se lembra, quando havia aqueles concursos de barcos, de vela, aqueles barcos rápidos. Que saudades. Isso deixou de estar aqui. Porquê? Nós temos tanto que fazer. O Clube Naval Setubalense desapareceu. Em quase todos os distritos e cidades temos um clube naval. Quando olho pergunto: o que aconteceu à nossa cidade?

Desempenha funções no gabinete do vice-presidente da Assembleia da República, Diogo Pacheco de Amorim, do Chega. Já sente hoje mais química com o Chega do que sentia com o PSD?
Sou candidata independente à presidência da Câmara, apoiada pelo Chega. E é um apoio, para mim, fundamental. Porque este partido está 100% focado em retirar Portugal da cauda da Europa, em libertar o País das teias da corrupção e dos obstáculos ao desenvolvimento nacional. Como dizia um político que sempre admirei: primeiro Portugal – neste caso primeiro Setúbal –, depois o partido, e só depois a condição particular de cada um.

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Está a citar Francisco Sá Carneiro…
Isso mesmo. Nunca nos podemos esquecer de Francisco Sá Carneiro. Esse é o meu ideólogo, e também o ideólogo de André Ventura e do Chega.

Equaciona vir a filiar-se no Chega?
É uma hipótese. Por que não? Neste momento, não é isso que está na minha cabeça. Falei isso com André Ventura, neste momento é ir como independente. Mas é muito gratificante ter o Chega a apoiar-me.

O que irá apresentar de diferente a sua candidatura relativamente às outras?
Como disse há pouco, quero que Setúbal volte a ser um concelho importante, como já foi. Quero uma cidade virada para o rio, com orgulho do seu passado, dos edifícios e monumentos, com ruas limpas, alegres e luminosas, com instituições, empresas e pessoas dinâmicas e empreendedoras, e com excelentes espaços de lazer… Quero que Setúbal seja uma cidade mais segura e mais próspera. Tenho, para os meus primeiros 100 dias de governação, sete áreas prioritárias.

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Quais são?
Segurança; transparência; auscultação dos trabalhadores do município por áreas; higiene urbana; mobilidade; estratégia para o futuro de Setúbal; e, por fim, imigração.
Segundo dados do Relatório Anual de Segurança Interna de 2023, Setúbal é o segundo distrito do País em que a criminalidade mais cresceu. Outro indicador muito grave é o aumento da criminalidade violenta, que cresceu 26,6% no distrito de Setúbal. O distrito de Setúbal só tem menos crimes comunicados do que Lisboa e Porto.

Mas o que pretende fazer para contribuir para mais segurança em Setúbal, em concreto?
Setúbal é o segundo concelho do distrito com maior número de registos de criminalidade. Só fica atrás da Almada. Logo no primeiro dia de governação, iremos reunir-nos com o comando da PSP, da GNR, com o director da Polícia Judiciária, com os bombeiros, sapadores e voluntários, e a protecção civil, para em conjunto estabelecermos um plano de segurança para o concelho. Iremos pensar também a necessidade de criar a Polícia Municipal. Analisar com as forças de segurança a necessidade de implementação de câmaras de videovigilância. E tratar da iluminação pública. Setúbal está às escuras.
Depois, transparência, é o segundo ponto. Quero criar uma cultura de transparência na Câmara.

Como?
Criar no site da Câmara um local denominado “Transparência”. A primeira coisa: publicar a agenda diária do presidente e dos vereadores. Com esta medida todos os cidadãos sabem onde e com quem se reúnem os seus eleitos. Para não existir dúvidas, nem duplicação de boletins itinerários, nem os eleitos dizerem que estão em dois locais ao mesmo tempo. Connosco isso não pode acontecer.

Isso é uma crítica implícita a Maria das Dores de Meira, também candidata independente nestas eleições?
Não vou entrar nesse campo. Connosco esse tipo de situações não pode acontecer…
Quero a criar um “Conselho de Transparência”, composto por representantes da comunidade, especialistas em transparência e membros da autarquia para supervisionar as acções de transparência. Quero que sejamos também supervisionados. Implementar a publicitação dos relatórios e contas semestralmente.
No terceiro ponto, de auscultar os trabalhadores, quero criar um canal aberto de comunicação, com e-mail exclusivo ou mesmo uma plataforma de sugestões. Quero que os trabalhadores estejam efectivamente comigo. Quero apoiá-los na conciliação da vida profissional e pessoal.
Depois, na higiene urbana, quero criar o conceito “Cuidar de Setúbal”. A primeira coisa a fazer é reunir-nos com a empresa que trabalha directamente com a Câmara, que é a Amarsul. Quero também ir às infra-estruturas da área da limpeza. Por exemplo, tenho mesmo de verificar as instalações onde se encontram os serviços, porque tenho conhecimento de que no período das 21h30 às 3h30, o pessoal não tem um local para descanso. Se querem descansar, têm de ir para os balneários. Os trabalhadores de limpeza são também a nossa cara.
Depois temos a mobilidade urbana…

O que defende relativamente ao estacionamento pago?
Primeiro temos de reunir-nos com a DataRede. Vamos analisar e discutir o contrato de concessão. O que me faz um bocadinho de confusão é o contrato de 40 anos…

Pondera, em última instância, rescindir o contrato?
Não sei. Tenho de ver. Tenho de sentar-me [à mesa] com esta empresa. Até pode ser que consigamos chegar a algum ponto favorável para todos. A rescisão pode trazer outros problemas para a Câmara. Não quero problemas para a Câmara, acho que já tem muitos.
Um outro ponto é estratégia para o futuro de Setúbal. Quero realizar um fórum económico. Reunir durante dois, três dias, ou mais tempo se achar que é preciso, empresários do concelho, comerciantes, empreendedores, investidores, pescadores, associações de proprietários, associação de inquilinos, Cruz Vermelha, Misericórdia, Cáritas, Instituto Politécnico de Setúbal, associação de jovens, área da Saúde, turismo, e forças de segurança.

E o que pretende fazer no domínio da imigração?
Sei que Setúbal tem um núcleo, o SEI (Setúbal, Etnias e Imigração), que é um serviço municipal dirigido à população imigrante. Tenho de reunir-me com eles para perceber o que é que estão a fazer. Tem-me chegado informação de números elevados de atestados de residência passados a imigrantes para uma mesma morada. Isto não pode acontecer. Se nós sabemos que isto existe, temos de verificar, porque estas pessoas podem ser alvos de máfias. Precisamos de imigrantes, mas temos de lhes dar dignidade. Nós temos de os integrar, mas também não podemos [aceitar] que tudo o que venha para aqui seja o lixo de outras cidades. Não pode ser. Nós temos de apoiar os imigrantes.

O que vai fazer com o SEI, caso vença as eleições?
Vou vencer, eu vou vencer as eleições, não tenho dúvidas! [Com o SEI] Primeiro é preciso reunir. Já que estamos [a falar de medidas para os primeiros 100 dias] e com o aeroporto para Alcochete, esta é mesmo a longo prazo: começar já a trabalhar com o Governo para termos a ligação de Alcochete ao Pinhal Novo. Temos de ter a ligação como capital distrito.

Ligação em que moldes?
Ferrovia. Já temos Pinhal Novo e Setúbal, só falta fazer Alcochete-Pinhal Novo. Temos de começar já a trabalhar em conjunto.

Acha que o município de Setúbal tem condições para baixar a taxa do IMI e vir a chegar até ao valor mínimo?
Tenho de analisar muito bem as contas. Não vou prometer algo que depois não possa cumprir. Se puder baixar, é a primeira coisa que faço.

Já olhou para o projecto da nova marina? Concorda com um hotel de 15 pisos, por exemplo?
É as manias dos projectos megalómanos. Quero a marina. Vai ser muito importante para o turismo, para os setubalenses. Queria uma marina muito idêntica à de Lisboa, que tem as várias docas interligadas. Aqui podíamos fazer a mesma coisa. Prédios a tapar a vista para o rio? Nunca. Falei há pouco no Centro Naval Setubalense. Tenho de o colocar no centro dessa marina.

O que será um bom resultado para si nas autárquicas, mesmo que não vença as eleições?
Ganhar. Vou ganhar. Não há mais nenhum bom resultado. Senão não tinha sequer ponderado, este desafio é para ganhar. Tenho de fazer alguma coisa por Setúbal. E os setubalenses têm mesmo de acreditar em mim. Porque eu venho para mudar.

Se não ganhar, mas for eleita assumirá lugar na vereação ou renunciará?
Renunciar? Não, nunca. Se fizesse isso, estaria a enganar até a minha família.

Nas próximas eleições autárquicas, se no boletim de voto só existissem três opções, PS, PSD e CDU, em quem votaria?
Abstinha-me.

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