O candidato da CDU garante ter excelentes condições para dar continuidade ao projecto de crescimento do Seixal
Joaquim Santos, 45 anos, presidente da Câmara Municipal do Seixal desde 2013 eleito pela CDU, candidata-se ao terceiro mandato pela coligação. Militante do PCP, membro da Comissão Concelhia do Seixal e da Direcção da Organização Regional de Setúbal, garante que o seu partido é um exemplo do trabalho feito a pensar nas populações.
Não poupa em alfinetadas ao PS e PSD que acusa de ambições pessoais através da política. Confia que os munícipes sabem separar as águas e vão viabilizar a continuidade da gestão comunista na Câmara do Seixal.
O que o move para se candidatar a um terceiro mandato?
O que sempre me motivou desde que fui eleito pela primeira vez. Foi integrar o projecto colectivo da CDU que tem em vista a transformação do concelho do Seixal. Trata-se de um projecto distinto das outras formações políticas e, nesse aspecto, tem alcançado grandes êxitos. Tenho consciência de que há ainda muito para fazer, mas confio que o colectivo tem capacidade para colmatar essas lacunas.
Creio que a política activa faz e fará sempre parte da sua vida. A questão do bichinho…
Desde que adquiri consciência da realidade do mundo, aderi à Juventude Comunista Portuguesa e, depois, ao PCP. Afianço-lhe que este caminho nada tem a ver com ambições pessoais, mas com o desejo de servir as populações, pois acredito que é possível construir uma sociedade mais justa e mais igual. Vêm aí as eleições [autárquicas], depois de cumprir o terceiro mandato, logo se verá.
O que faltou fazer, ou melhor, o que gostaria de ter feito, mesmo que não consagrado no programa da CDU?
O Seixal tem grande projecção a nível nacional. Ainda agora realizámos o Festival do Maio, o primeiro grande festival do nosso País na fase de desconfinamento, que congregou artistas nacionais e estrangeiros. No entanto, como outros países, poderíamos ter avançado muito mais, não fosse a troika em 2012 e a pandemia em 2020. Mas estamos em excelente posição para enfrentar o novo mandato, já que dispomos de melhores condições e estamos sujeitos a menos encargos. Estes, estão a ser reduzidos todos os anos, e quem ganha com isso é a população. Vamos carregar no acelerador a fundo.
Na cabeça de um autarca há sempre um sonho, mesmo que o saiba irrealizável: um aeroporto, um cosmódromo, um centro espacial, uma linha férrea aérea, uma piscina de dimensão tri-olímpica…
Nestes últimos quatro anos, a Câmara do Seixal e as freguesias investiram 100 milhões de euros; a calcular por baixo. Fizemos já muitas coisas que não estavam no nosso programa. É verdade que há lacunas, mas essas são da responsabilidade do Estado. Na verdade, está já a funcionar o Centro de Saúde de Corroios, o que é importante, mas ocorre-me logo o Hospital no Seixal, uma marca negativa do investimento do Estado.
É uma falha grave do Governo, que tem faltado aos compromissos assumidos com a autarquia e a população. Todavia, o sonho que nos anima é a felicidade, qualidade de vida e bem-estar do povo. Falo de emprego com direitos, escolas, espaços verdes, colectividades bem equipadas, serviços de saúde, equilíbrio entre a actividade económica e os recursos naturais.
O nosso território tem uma qualidade nata, basta dar-lhe mais brilho, um último retoque. Por exemplo, o Parque Urbano, que a Câmara adquiriu à Mundet no ano 2000, está ali há séculos, mas só em 2019 sofreu transformações para que a população o pudesse usufruir. Anima-nos a ideia de maximizar a qualidade de vida da nossa população, mas para isso temos de levar outros a intervir também. Para já, dois objectivos essenciais: a construção do Hospital e a elevação da qualidade de vida da população.
O que vai inscrever no programa eleitoral da CDU?
Temos confiança no futuro, pois é bem visível o trabalho realizado, reconhecido nacional e internacionalmente. Há tempos, o jornal “Expresso” apontou o Seixal como o concelho mais procurado para viver.
Note-se, porém, que o projecto colectivo de desenvolvimento não é de Joaquim Santos, mas da CDU e da população. A CDU discute com a população os seus projectos, que depois são definidos no programa. Há, inegavelmente, uma dinâmica de construção colectiva, coisa que não se vê, por exemplo, no Partido Socialista, onde as ambições pessoais, alcançadas através da política, se sobrepõem a tudo o resto. E no PSD a mesma coisa se passa, para não nomear outros partidos. Nós estamos na política com outra grandeza, outra seriedade. Ora veja: eu ganho a mesmo coisa que ganhava em 2002, quando entrei para a Câmara do Seixal. O resto vai para o PCP. Como todos os outros militantes que ocupam cargos institucionais, não posso sair beneficiado, nem prejudicado em termos de vencimento. Por conseguinte, dantes era vereador e agora sou presidente, mas ganho a mesma coisa. É uma forma diferente de estarmos na vida.
Quanto ao Seixal: só tem futuro se tiver raízes, como uma árvore. Olhe-se para Almada, que já foi a primeira cidade da Península e hoje é a terceira: perdeu a embalagem social, cultural e desportiva que já teve, com outra visão de desenvolvimento.
Tenho de dizer que aprendi muito com os meus camaradas, sobretudo com o Alfredo Monteiro, mas quando abandonar funções certamente que alimentarei o mesmo desígnio, o mesmo projecto. Entretanto, a população saberá reconhecer no momento do voto que o Seixal hoje está melhor, por isso vamos continuar na liderança.
É essa a sua previsão eleitoral?
Os indicadores que temos daqui e dali e os contactos pessoais são muto positivos. O concelho é um dos mais falados do País, já são muitas as pessoas que residem e trabalham aqui. É grande a confiança que as pessoas nos transmitem. Vamos ter um bom resultado e recuperar a Junta de Fernão Ferro, que chegou a parecer uma associação de estudantes, muito entusiasmo de início e depois… As obras que se podem ver em Fernão Ferro foram feitas por nós, apesar do seu presidente ter votado contra o Orçamento de 2019, bloqueando assim os esforços da Câmara. Esse voto em nada beneficiou o concelho nem a população. Foi um chumbo assente apenas em questões políticas.
Consta que tem dificuldade em ouvir a oposição. Como comenta?
É totalmente falso. Se há câmara democrática é a nossa. Passe por esses corredores e verá que as instalações dos vereadores da oposição são exactamente iguais a todas as outras. Todos tiveram oportunidade de abraçar um pelouro. Para nós, as querelas políticas devem acabar nas eleições, mas o PS está envolvido numa guerrilha política permanente. Eu falo com todos e todos falam comigo. Não se pode dizer a mesma coisa de elementos do PS e PSD, onde ressaltam os maus princípios e a má educação. Basta assistir a uma reunião de Câmara para se perceber. Soubemos. Por exemplo, que o PS gravava furtivamente as reuniões. Desse ponto de vista, quem está mal são os outros. Lembre-se que um elemento do PS agrediu um cidadão à entrada de uma Assembleia Municipal.
Como encara as movimentações de um partido da extrema-direita que chegou ao Parlamento e vai concorrer às autárquicas, e também no concelho do Seixal?
Não devia ser permitido a existência de qualquer partido de tendência nazi ou fascista, cujas ideologias estão associadas aos maiores horrores que o mundo viveu. E é uma tristeza quando sabemos de jovens a ele associados.
No Seixal, todos os homens de todas as raças, crenças e ideologias têm o seu lugar, todos podem viver em paz. Combatemos o fascismo antes e depois do 25 de Abril. Fascismo nunca mais! Há três anos, estive na Palestina subjugada por Israel e observei como é viver sob um regime fascista: discriminação racial, cidadãos de primeira e de segunda, militarização, privação de direitos. Vi tudo isso nos pouco dias em que visitei sete cidades da Jordânia. O que vi, ainda me dá mais forças pra gritar fascismo nunca mais! Espero sinceramente que os povos de Israel, da Palestina e de todo o mundo árabe possam finalmente viver em paz. Chega de fascismo!
Quais as perspectivas para os trabalhadores da Câmara do Seixal no pós-covid?
Há uma coisa que tem de se dizer: se eu já tinha grande apreço pelos trabalhadores, em tempos de covid eles deram-nos uma demonstração de toda a sua grande importância.
Dou exemplos. Certo dia, fui aos Serviços Operacionais para dizer aos trabalhadores que estávamos a precisar deles, que se mantivessem nos seus postos de trabalho, pois grande parte já tinha ido para casa. Pois regressaram aos seus postos e reinventaram-se, adaptaram-se às novas condições. Assim, adoptaram os equipamentos de que dispunham à desinfecção de ruas.
Outro exemplo: havia escassez de máscaras cirúrgicas. Portanto, a Câmara comprou essa defesa para a distribuir pela população. Ora, os trabalhadores mobilizaram-se e embalaram um milhão de máscaras que, depois, chegaram a casa de cada munícipe. Esta tarefa não foi imposta, eles é que se voluntariaram. Vi também trabalhadores com camisolas onde se podia ler ‘Estou em greve mas em defesa da saúde pública’. Por isso, a Câmara distinguiu com a Medalha de Honra, a mais alta condecoração municipal, aos trabalhadores que estiveram na linha da frente.
Houve trabalhadores da Câmara que viram os seus salários aumentados.
Neste mandato, há trabalhadores que viram o seu salário crescer em dois ou três momentos, justo porque estiveram dez anos com os vencimentos congelados. Como os salários da função pública são muito baixos, procuraremos valorizá-los e criar melhor condições de trabalho no próximo mandato.
A nossa deve ser a única câmara que não tem empresas municipais, nem privadas, facto que também diferencia o projecto da CDU do das outras foças políticas. São os nossos trabalhadores que prestam serviço público, não os das empresas privadas.
Veja-se o que se está a passar com o buraco que condiciona o trânsito na rotunda junto à Ponte da Fraternidade: as Infraestruturas de Portugal não têm trabalhadores; nós, temos máquinas, pedreiros, canalizadores que vão concluir a obra num mês, e não em seis como previa e empresa do Estado. Esta é a grande diferença da CDU nas autarquias locais.