Nuno Canta, presidente da edilidade, defende que o caso não pode ser atribuído à biblioteca já que o contágio foi registado “em ambiente familiar”. Foi a funcionária “a informar a autarquia”
Uma funcionária da Câmara do Montijo que higienizava a Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva testou positivo para Covid-19 no passado fim-de-semana e está a recuperar em casa.
A informação foi avançada pelo vereador do PSD, João Afonso, na reunião de câmara que decorre neste momento por videoconferência. Mas Nuno Canta, presidente da Câmara, retorquiu que o contágio aconteceu em “contexto familiar, fora das instalações municipais, como pode acontecer a qualquer um”.
O vereador do PSD acusou a gestão de omitir informação e relatou: “Mandaram a funcionária para casa. Mas os restantes funcionários que trabalham na biblioteca não foram testados”, afirmou, sublinhando que houve funcionários na biblioteca que manifestaram “desconforto” por não terem sido submetidos a testes.
“A biblioteca foi desinfectada pelas 8h00 da manhã de terça-feira e abriu à tarde”, adiantou, voltando a acusar a gestão socialista de tentar abafar a situação.
Nas instalações da biblioteca, lembrou o social-democrata, trabalham “cerca de oito funcionários”, que continuam a trabalhar no local sem terem sido rastreados.
“A Câmara Municipal tem de ser a primeira a dar o exemplo, a prestar informação fidedigna e rigorosa à população, falando verdade”, apontou.
Nuno Canta, presidente da autarquia, rejeitou a versäo. “Não temos nenhum caso na biblioteca. O vereador não pode dizer que há uma trabalhadora da biblioteca que foi infectada. A funcionária foi contagiada num enquadramento familiar, fora do contexto profissional”, defendeu.
O socialista frisou que foram testadas as colegas que estiveram em contacto com essa funcionária. “Apenas essas e não todos os funcionários, tal como as recomendações das autoridades de saúde”, sustentou, dando o exemplo da testagem que foi feita no caso da Raporal em que “também não foi testado todo o universo de trabalhadores na fábrica de transformação de carne”.
A vereadora Maria Clara Silva, responsável pelo pelouro da educação, acrescentou que a funcionária infectada informou a Câmara que tinha estado em contacto com um familiar que havia testado positivo, tendo ficado de imediato em isolamento em casa.
A socialista adiantou que foram realizados testes a mais duas funcionárias que estiveram em contacto com a trabalhadora. “Uma testou negativo e outra ainda está a espera do resultado”, salientou.
Já a vereadora Sara Ferreira, com a pasta da cultura, também interveio para vincar que a funcionária “já não se apresentou ao trabalho na quinta e na sexta-feira”.
Nuno Canta e Clara Silva reforçaram ainda que só foram testados os funcionários da biblioteca que as autoridades de saúde determinaram ser necessário, sublinhando que o contágio teve lugar em ambiente familiar, “não se podendo dizer que foi um caso na biblioteca”.
Carlos Jorge de Almeida, vereador da CDU, revelou que também a bancada comunista já tinha ouvido a versão apresentada por João Afonso.
“Não interessa se contraiu num contexto familiar. Tanto dá se apanhoh a doença num autocarro, num avião… o que interessa é a sua situação”, atirou.
O comunista adiantou que os funcionários que vão trabalhar na biblioteca se sentem assustados e têm receio, defendendo, tal como João Afonso, que deveriam ter sido testados outros funcionários na biblioteca.