Nos pilares 3 e 4 da Ponte 25 de Abril, que liga Almada a Lisboa, decorre uma inspeção subaquática e medição da profundidade do rio Tejo.
Com 53 anos, a Ponte 25 de Abril “recebeu” ontem a imprensa, que assistiu aos trabalhos de “caráter preventivo” em torno de dois maciços rochosos.
Entre caminhar por uma grelha e descer por um elevador, onde cabem apenas três pessoas, a Infraestruturas de Portugal (IP) descreveu que a inspecção é feita por forma a perceber o estado de conservação das estruturas.
“O objectivo é perceber qual é o estado de conservação das superfícies de betão, que estão em contacto com o rio”, contava Pedro Abegão, responsável pela gestão da Ponte 25 de Abril, num dos pilares inspecionados.
A cerca de 70 metros do tabuleiro da ponte, já perto da água do rio, Pedro Abegão salientou que a análise acontece regularmente e é feita através de amostras recolhidas por uma equipa de mergulhadores, que também limpa as estruturas.
“Temos uma inspecção por amostragem que consiste em aferir uma malha quadricula horizontal e vertical, definida através de um sistema de referenciação por cabos. A seguir, a equipa de mergulho faz a limpeza das superfícies, uma vez que é normal a limpeza de micro-organismos – fauna e flora – que se fixam à superfície de betão”, explicou.
Os trabalhos iniciaram-se no segundo trimestre deste ano, tendo previsão de conclusão no terceiro.
No pilar da fundação da torre sul da Ponte 25 de Abril encontram-se três mergulhadores a equiparem-se. Dois descem numa grua para um barco e daí mergulham para verificar a existência de anomalias no betão.
“Estamos a assistir ao mergulho de dois mergulhadores que estão a fazer a inspeção”, observou Pedro Silva, supervisor de mergulho da empresa Underwater, que está encarregue dos trabalhos da área submersa.
De acordo com o coordenador, os mergulhadores registam em vídeo o estado dos pilares.
“[Está-se] a verificar o estado do betão. Caso aparecesse alguma anomalia, uma fissura, algo de degradação do betão, é imediatamente registado com medidas, com fotografias”, indicou, expressando felicidade, uma vez que, segundo o mesmo, isso nunca aconteceu.
Para o supervisor, é “impressionante o bom estado do betão”.
“Atendendo aos anos que tem, é impressionante o bom estado do betão. Num dos rios que mais corre na Europa. As correntes aqui são fortíssimas”, exclamou.
O processo é realizado em semiautonomia, com dois mergulhadores submersos e um, em terra, pronto para qualquer emergência.
“É feito com comunicações. Nós fazemos questão de trabalhar em semiautónomo por questão de segurança do homem, são as regras internacionais. Portugal não o exige, mas pautamos pelas regras internacionais”, descreveu Pedro Silva.
Por seu turno, o responsável pela Ponte 25 de Abril, Pedro Abegão, defendeu que não esperavam encontrar alterações em relação à última inspeção, feita há cerca de oito anos.
“Não estávamos à espera de encontrar alterações relativamente ao que foi a inspecção feita por volta de 2011, 2012… O betão continua em bom estado de conservação”, disse o responsável.
Pedro Abegão realçou ainda que a Ponte 25 de Abril conta com diferentes tipos de inspecção em vários períodos.
“Diariamente, temos uma equipa do ISQ [Instituto de Soldadura e Qualidade], que faz inspecção a todos os elementos [exceto os submersos]. No caso da inspecção subaquática, normalmente, temos essas inspecções estipuladas. Em regra geral, de cinco em cinco anos”, informou.
Considerada relevante, a Ponte 25 de Abril tem trabalhos de manutenção de inspecção permanentes.
“É uma ponte que para a Infraestruturas de Portugal tem uma relevância especial. Em termos de inspecção, de manutenção, tem uma equipa especificamente para a Ponte 25 de Abril”, referiu Pedro Abegão, acrescentando que a estrutura tem “um aspeto jovem”, apesar de ter sido inaugurada em 1966.
Em 2018, a Infraestruturas de Portugal lançou um concurso público para a realização da “inspeção subaquática às zonas de betão imersas dos maciços de fundação dos dois pilares principais da ponte”, designadamente os pilares 3 e 4.
Lusa