Imóveis da CUF foram classificados como Conjunto de Interesse Público

Imóveis da CUF foram classificados como Conjunto de Interesse Público

Imóveis da CUF foram classificados como Conjunto de Interesse Público

Mausoléu Alfredo da Silva|Casa Museu Alfredo da Silva|Bairro Operário de Sta Bárbara|Edifício Museu Industrial Baía do Tejo - Antiga Central Diesel

Direcção-Geral elegeu espaços localizados no Parque Empresarial Baía do Tejo, em articulação com a Câmara do Barreiro

 

Um conjunto de imóveis ligados à actividade industrial e à obra social da Companhia União Fabril (CUF), no concelho do Barreiro, foram classificados esta segunda-feira como Conjunto de Interesse Público, por despacho da Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Carvalho Ferreira, na mesma data em que o respectivo diploma foi publicado em Diário da República.

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De acordo com o documento, foram classificados espaços como a Casa-Museu Alfredo da Silva, o antigo Posto da GNR, os edifícios da Primeira Geração Stinville (1907-1917), para além da antiga Central a Vapor e do Armazém de Descarga e Moagem de Pirites. Ao leque de sítios enumerados pelo decreto, junta-se ainda o Bairro Operário de Santa Bárbara, a antiga sede do Grupo Desportivo da CUF e o Mausoléu de Alfredo da Silva, na mesma altura em que estão a ser assinalados os 150 anos do seu nascimento.

O Silo de Sulfato de Amónio, datado de 1952, e o Silo de Enxofre, dos inícios da década de 60, para além do Museu Industrial e Centro de Documentação (antiga Central Diesel – 1928/37), que desde 2010 recebeu mais de 17 mil visitantes, são outros dos imóveis que obtiveram classificação por parte da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Edifício Museu Industrial Baía do Tejo – Antiga Central Diesel

Neste âmbito, foram fixados um conjunto de restrições relativas à volumetria, morfologia, alinhamentos e cérceas, cromatismo e revestimento exterior destes edifícios, tendo sido criados seis zonamentos naquela área. No contexto da instrução do procedimento de classificação, a DGPC, em articulação com a Câmara do Barreiro, procedeu ainda ao estudo das “restrições consideradas adequadas, que obtiveram parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura e foram sujeitas a audiência dos interessados em termos do Código do Procedimento Administrativo”.

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Contactado por O SETUBALENSE, Sérgio Saraiva, membro do Conselho de Administração do Parque Empresarial Baía do Tejo, considera que esta classificação “é o reconhecimento da identidade e da qualidade arquitectónica dos edifícios que fazem parte deste legado do antigo complexo fabril, que é hoje gerido pela empresa, para garantir a salvaguarda de alguns espaços que DGPC e o nosso parque considerou relevante proteger”, dado que traz “mais notoriedade ao território, mas também mais responsabilidade”.

A classificação, acrescentou, está “alinhada com o que tem sido a estratégia da empresa em relação aos vários edifícios, alguns deles a serem utilizados actualmente por clientes, pelo que tem havido um investimento por parte da Baía do Tejo na reabilitação dos imóveis, numa perspectiva de garantir a sua integridade, mas também de valorizá-los para a actividade económica e outras funções”, frisou.

Bairro Operário de Sta Bárbara

O parque, adiantou, tem “investido bastante na requalificação destes espaços e na sua promoção, para que a população em geral possa usufruir dos mesmos e lhes seja dada vida, porque importa que estes tenham actividade, passando sobretudo pela diversificação da actividade económica e pelo ‘cluster criativo’, que a 26 de Setembro acolheu um grande evento com sete acontecimentos em simultâneo”, recordou.

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“É importante a continuada atracção da actividade económica, pois permite a reabilitação dos edifícios e manter o pulsar económico neste território onde estão instaladas 240 empresas, que mantém a sua identidade com acções muito variadas, o que é essencial para trazer vida a esta zona, numa perspectiva de abertura à cidade”, salientou, tendo dado como exemplo o mural da autoria do artista Vhils que é neste momento “um pólo de atracção a esta área”.

Casa Museu Alfredo da Silva

Actual herdeira de um património singular em Portugal, a Baía do Tejo tem apostado na atracção de investimento para as indústrias criativas e do conhecimento. É nesta zona do Barreiro que se encontram diversos Arquivos, a própria Fundação Amélia de Mello, a Ephemera, o Espaço Memória da Câmara Municipal, bem como uma dezena de empresas das áreas criativas e artísticas, tais como o Colectivo SPA, o PADA Studios, a Hey Pachuco e o VHILS Estúdio, para além da presença do estúdio de Guta de Carvalho, entre muitos outros.

“Pioneirismo e gigantismo no seio das indústrias químicas nacionais”

Instalada no Barreiro desde 1907, a CUF representa para Portugal “pioneirismo e gigantismo no seio das indústrias químicas nacionais, tendo criado sinergias para o desenvolvimento de fábricas congéneres”. A proximidade das vias de circulação, entre o rio Tejo e a estação de caminho-de-ferro do Sul, terá sido preponderante para a instalação do complexo naquela área, tendo em conta que as ligações ferroviárias eram fundamentais para “receber a maioria das matérias-primas provenientes das minas de pirite do Alentejo”.

Ao ocupar parte da extremidade da península daquele concelho, a CUF “conquistou todo esse território através de um rápido processo de aterros, sedimentando um dos maiores conjuntos industriais portugueses, que laborou cerca de 100 anos”, pode ler-se no documento publicado.

Para a DGCP, o conjunto “mantém ainda hoje arquitecturas autênticas e de relevante valor histórico e cultural e social, testemunhando diversas fases de produção e de laboração de um dos maiores complexos industriais europeus e dos mais significativos enquanto património industrial português”, incluindo toda uma série de equipamentos de natureza social.

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