Trabalhadores da Transtejo/Soflusa estão hoje em greve devido à falta de entendimento nas negociações salariais com a administração, não sendo possível, segundo a empresa, garantir o serviço regular de transporte fluvial.
Os trabalhadores das duas empresas (com uma administração comum), que fazem as ligações fluviais entre a denominada Margem Sul (do Tejo) e Lisboa apresentaram a 5 de Maio um pré-aviso de greve de três e duas horas por turno, por a empresa manter a sua posição de “aumento de 0%” nas negociações salariais.
No ‘site’ oficial da Transtejo/Soflusa, a empresa alertou para as possíveis perturbações de serviço durante o dia de hoje, devido à realização da greve parcial.
Numa resposta enviada à Lusa, fonte da empresa acrescentou que “a TTSL – Transtejo Soflusa não dispõe de soluções alternativas de transporte, durante a prevista interrupção do serviço de transporte público fluvial”.
Segundo a TTSL, o tribunal arbitral do Conselho Económico e Social (CES) decretou serviços mínimos apenas para as ligações fluviais do Barreiro e de Cacilhas, nos seguintes horários: do Barreiro para o Terreiro do Paço às 05h05, do Terreiro do Paço para o Barreiro às 05h30, de Cacilhas para o Cais do Sodré às 05h20 e do Cais do Sodré para Cacilhas às 05h35.
Ainda de acordo com a Transtejo/Soflusa, a realização destas carreiras depende do “cumprimento da decisão do tribunal arbitral do CES por parte dos trabalhadores, devendo ser respeitada a lotação (2/3) do navio, de acordo com as normas de segurança em vigor”, no âmbito da pandemia da covid-19.
Segundo a informação disponibilizada pela empresa, e por se tratar de uma greve parcial por turnos, estão previstas ainda as ligações do Barreiro para o Terreiro do Paço entre as 11h25 (primeiro barco) e as 17h35 (último barco) e, no período noturno, entre as 22h00 e a 01h30.
No sentido contrário, prevê-se a ligação entre o Terreiro do Paço e o Barreiro entre as 11h55 e as 18h00, e depois entre as 22h30 e as 02h00.
Entre Cacilhas e Cais do Sodré a transportadora prevê ligações no período entre as 09h20 e as 16h45, e depois entre as 20h14 e as 01h20, enquanto no sentido inverso estão previstos barcos entre as 09h32 e as 16h45 e entre as 20h10 e as 01h40.
Já entre o Montijo e o Cais do Sodré estão previstas as carreiras entre 09h30 e as 16h30 e, mais tarde, no período das 20h30 às 22h30, enquanto no sentido contrário, Cais do Sodré–Montijo, se prevêem carreiras entre as 10h00 e as 16h30, e à noite entre as 20h10 e as 23h15.
Nas ligações entre o Seixal e o Cais do Sodré, os horários disponíveis são igualmente em dois períodos: entre as 09h15 e as 16h45, e depois entre as 20h30 e as 22h30, e no sentido inverso entre as 09h40 e 16h45, e entre as 20h15 e as 23h15.
Para as ligações Trafaria-Porto Brandão–Belém estão previstos os barcos entre as 09h40 e as 16h00, e entre as 20h30 e 21h30, e no sentido inverso entre as 10h00 e 16h30, e entre as 21h00 e as 22h00.
No início de Maio, em declarações à Lusa, Paulo Lopes, sindicalista da FECTRANS – Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, explicou que na mais recente reunião com a administração da empresa, e conforme o que tinha sido decidido em plenário de trabalhadores, foi entregue um pré-aviso tendo em conta que não houve mudança de posição.
Em 28 de abril, os trabalhadores da Transtejo/Soflusa concordaram em fazer “paralisações de três horas” por turno a partir de hoje, caso não houvesse respostas às reivindicações salariais.
De acordo com o sindicalista, a greve irá, “na prática, fazer paragens em todos os turnos” e “praticamente não haverá barcos” nas ligações fluviais entre a Margem Sul e Lisboa.
“Nós sabemos que a empresa até tem vontade de negociar, mas não tem autorização por parte do Governo. Não estamos a tomar a atitude contra a empresa, mas o Governo não lhe deu autorização para apresentarem valores de aumentos salariais”, frisou.
Em declarações anteriores à Lusa, o sindicalista já tinha explicado que os trabalhadores estão descontentes, já que os aumentos salariais que ocorreram no ano passado foram “baixíssimos, cerca de 0,3%, o que valeu um euro em muitos casos”.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no Distrito de Setúbal, e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
RCP / Lusa