Frederico Rosa: “Vamos fazer do Barreiro a cidade mais importante da Margem Sul”

Frederico Rosa: “Vamos fazer do Barreiro a cidade mais importante da Margem Sul”

Frederico Rosa: “Vamos fazer do Barreiro a cidade mais importante da Margem Sul”

Este é o foco do autarca, à entrada para o seu terceiro e último mandato consecutivo (por força da lei). Entre os principais projetos que pretende ver concluídos dentro dos próximos quatro anos, o socialista elege a transformação do antigo edifício do tribunal no novo Teatro Municipal e a renovação do Teatro Cine. “Quero o crescimento do Barreiro com equilíbrio”, diz

O Forum Barreiro – rejuvenescido com a instalação da Loja do Cidadão – foi o local escolhido por Frederico Rosa para conceder a primeira entrevista após novo triunfo eleitoral. Uma conversa que demorou a iniciar-se, face às várias manifestações de carinho e parabéns que ia recebendo de quem por ali passava e que pareciam revigorar-lhe ainda mais a alma.
O socialista analisou os resultados eleitorais e a nova composição do executivo municipal, revelou os principais objetivos para este mandato, debruçou-se sobre a criação da Comunidade Intermunicipal Península de Setúbal e deitou um olhar sobre o futuro.

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Esperava melhor resultado relativamente à vitória que teve nestas eleições. O PS manteve a maioria absoluta, mas perdeu um vereador
Não esperava nem mais nem menos, as coisas são o que são. Fica-se sempre com um sentimento quase agridoce, porque subimos em votação, mas descemos em percentagem, descemos 1 por cento. Tínhamos o sentimento de que as pessoas estavam a gostar e confiavam neste caminho e isso transpareceu para as eleições. As eleições são sempre um momento de validação do trabalho e de confiança. E aquilo que temos de fazer é retribuir essa confiança, redobrando os esforços no trabalho.
Ficámos orgulhosos de saber que a maior parte dos barreirenses se revê neste projeto. Mesmo aqueles que não votaram em nós, com certeza que também se reveem, não em todo, mas em parte. Acho que há uma coisa que ninguém põe em causa; as pessoas sentem que este é um projeto para o Barreiro.

Como se sente depois de nova vitória?
Quem não me conhece, não sabe: eu choro muito… Sinto que tenho de retribuir às pessoas a confiança que me dão. E só tenho mais quatro anos para o fazer. Há tanto para fazer em quatro anos, não quero desperdiçar nem um dia. Aliás, na segunda-feira de manhã, às 7h30, logo após a noite eleitoral, já estava a tomar café e as pessoas diziam: “Então, mas ainda há pouco foram as eleições…” Este é também um sinal que se dá às pessoas. Não podemos perder tempo, há muito a fazer. O Barreiro hoje enfrenta outras dores de cabeça com este crescimento. São boas dores de cabeça, mas não deixam de ser dores de cabeça. E o sentimento, acima de tudo, é de urgência.

Este é o seu último mandato. Já pensou no que irá fazer depois?
Não. Aquilo que me preocupa, no dia em que acabar a minha jornada aqui – melhor período da minha vida –, é ver o que vai ficar feito, como é que as pessoas vão ver a nossa terra. Obviamente, muita coisa vai haver por fazer, mas o foco é não desperdiçar um dia, há muito a fazer: renovações urbanas, o novo Teatro Municipal, a renovação do Teatro Cine, o pavilhão multiusos, os centros de saúde, está tudo em curso… Não vamos desperdiçar um dia, vamos fazer da nossa uma terra de relevância. Costumo dizer que vamos ser a cidade mais importante da Margem Sul [do Tejo]. É com este foco que temos de trabalhar sempre, mas é também essa a ambição que quero que as pessoas que trabalham connosco tenham.

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Mas vai manter-se ativo na vida política?
Nunca vou abdicar de ser cidadão e de ser do Barreiro. Ser cidadão significa que nunca podemos estar dissociados de uma participação cívica ativa, de uma reflexão também, disso nunca vou estar dissociado. E depois pela minha terra. Isto quer dizer que vou ter muito tempo para pensar nisso, agora o foco é no trabalho que é muito, temos muitos projetos em andamento, da Câmara, de investimentos privados, há muita coisa importante e estruturante para as próximas duas, três, décadas do Barreiro. As gerações que ainda não nasceram, ou estão a nascer agora, têm de um dia olhar para trás e perceber que nesta altura houve uma equipa muito grande que se preocupou com a terra e que também quis cuidar da sua experiência aqui da melhor forma possível.

Que leitura faz à entrada do Chega no executivo municipal?
As eleições são sempre o reflexo da vontade das pessoas e o reflexo dos tempos em que vivemos. Não deixo de ficar satisfeito por uma candidatura [partidária], que sabemos que muitas vezes traz poucas ideias locais e muita marca nacional, ter registado aqui no Barreiro o pior resultado da península de Setúbal. Mas, acima de tudo, também temos de respeitar as pessoas que votaram nesse projeto político, porque elas não deixam de ser barreirenses. Acho que a melhor forma de olhar para estas questões é não excluir ninguém. Não há quem vota no partido A, no partido B… A partir do momento em que as eleições estão concluídas e há um vencedor, o governo da cidade é um governo para os barreirenses, para todos sem exceção.

E sobre o regresso do PSD ao executivo …
… Diria que é quase normal, porque estão no poder nacional e sabemos que isso afeta também a nível local. O executivo é de todos, é acima de tudo dos barreirenses porque reflete a sua vontade. E aí não podemos ter estados de espírito. Está no executivo quem os barreirenses decidiram que devia estar. Somos todos o executivo da Câmara Municipal do Barreiro.

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Mas só a maioria socialista com pelouros.
Sim. As pessoas deram-nos uma maioria expressiva. Acho que querem que esta maioria continue a trabalhar, mas também é importante haver oposição. O meu desejo – e não sei se irá ser correspondido (no passado não o foi) – é sempre que as maiorias sirvam para trabalhar e as oposições sirvam para construir alternativas. E construir alternativas, muitas vezes, é dar pontos de vista diferentes e não apenas ser-se do contra porque sim ou fazer-se uma política de terra queimada. Tenho alguma expectativa para ver a postura com que vêm estas oposições novas, ou também a de quem se mantém, no caso a CDU.

Sente que houve uma pequena viragem à direita, já que PS e CDU perderam um mandato cada no executivo?
Não acho que haja uma viragem à direita, até porque, ao contrário de muitos concelhos, o primeiro e o segundo lugar foi do PS e, a seguir, da CDU. Mas, há um fenómeno que não havia há quatro anos e que afeta a distribuição de mandatos.
Nós, no PS, ganhámos votos, algo que muitos davam quase como impossível. É a primeira vez, neste século seguramente, que passamos os 20 mil votos. Mas, mais do que à direita, à esquerda ou ao centro, o importante é que toda a gente tenha a responsabilidade de construir e de ajudar no executivo municipal, defendendo, obviamente, a diversidade dos pontos de vista. Sinto é que, acima de tudo, houve um grande voto pelo Barreiro. As pessoas votaram pelo Barreiro. Porque, aquilo que não faltou na campanha foi pessoas a dizer-nos “eu não voto no partido, voto em vocês” ou “eu nas legislativas voto noutro partido, mas aqui voto em vocês”.

Quais os principais projetos que espera deixar concretizados neste mandato?
Tudo isto faz parte de um projeto que está a ser seguido, de uma estratégia onde, muitas vezes, a parte mais importante é o planeamento, coisa de que se fala pouco. O planeamento e a estratégia têm sido vitais. Repare que nós hoje estamos a fazer uma revolução no que diz respeito aos cuidados de saúde primários na Barreiro. E vamos continuar. Acabámos agora o Centro de Saúde do Alto Seixalinho, estamos a começar já o dos Fidalguinhos e estamos a renovar já mais dois…
Qual é o objetivo final? Não haver, praticamente, barreirenses sem médico de família. Esse é o objetivo. Sabemos que os centros de saúde são um meio para o atingir, estamos a dar condições de topo para atrair médicos e enfermeiros.

Mas, o que gostaria que não ficasse por concluir?
A saúde, a renovação das escolas… Estaria aqui meia hora a elencar projetos que estão em andamento, mas há uns que normalmente nunca aparecem nos debates autárquicos: os equipamentos culturais. Quero muito acabar este mandato com o novo Teatro Municipal, onde era o antigo tribunal, e a renovação do Teatro Cine, edifícios que adquirimos neste mandato. São duas âncoras culturais, porque o Barreiro está a crescer muito.
Hoje em dia a questão da habitação é uma grande prioridade, é muito falada, mas daqui a 20 anos não podemos olhar para trás para a cidade e vermos que só se construíram prédios sem se pensar na qualidade de vida das pessoas, sem se pensar no equilíbrio entre habitação, desporto, cultura, bem-estar. Quero fazer este crescimento do Barreiro com esse equilíbrio. Por isso esta parte, e também o pavilhão multiusos, a vertente desportiva, é essencial para a qualidade de vida.

Ao dia de hoje, como está a sua saúde?
Olhe, está… Sabe que não há melhor tónico do que sentimos o carinho das pessoas. Tenho a felicidade de, por onde passo, as pessoas virem ter comigo e de me darem beijinhos, um abraço, uma palavra amiga. E isso é o melhor tónico que se pode ter para se estar sempre com força. Por isso, a saúde está bem.


PENÍNSULA DE SETÚBAL
A CIM tem de estar constituída até ao final do ano. Só não estará se os presidentes de câmara não quiserem”

Frederico Rosa lembra que está em jogo o futuro da região, admite convocar todos os autarcas para se ultimar o processo e diz-se disponível para assumir a presidência

No Forum Barreiro, Frederico Rosa visitou a Loja do Cidadão e destacou os serviços ali prestados

Muito importante, estratégico e vital é a implementação da Comunidade Intermunicipal (CIM) Península de Setúbal, um processo que se pode dizer que Frederico Rosa desencadeou junto dos seus pares na região, mas que parece ter ficado em banho-maria. Qual é o ponto da situação neste momento?
A CIM é o projeto mais importante para a região e, ao mesmo tempo, é aquele que as pessoas mais desconhecem. É aquilo que nos vai possibilitar captar mais investimento europeu, mais comparticipação europeia, mais empresas, mais meios, mais tudo. E, mais do que ter sido impulsionador, nunca deixei cair a CIM. Às vezes parece que isto caiu num esquecimento, mas não pode cair. Para mais quando, no distrito, vamos ter dois dos grandes investimentos nacionais: a terceira travessia sobre o Tejo e o novo aeroporto. Temos de ter planeamento estratégico para uma região inteira. E juntar a isto autarquias, empresas, academia, IPSS’s, ONG’s, tudo. Uma grande estratégia regional que faça com que daqui a 10 ou 20 anos se olhe para trás e se perceba que o distrito de Setúbal deixou de ser uma das regiões mais pobres do País.

Mas, em que pé está o processo, sendo que agora passa a haver uma nova configuração autárquica na península?
Para a constituição era preciso aprovar em câmara e assembleia municipal os estatutos e o texto constitutivo da CIM. A Câmara do Barreiro foi a primeira a fazê-lo, em dezembro passado, e quase todas as câmaras lideradas pelo PS fizeram-no. E depois as câmaras lideradas pela CIDU aprovaram os mesmos estatutos, mas aprovaram um texto constitutivo diferente. Só que é impossível constituir-se uma CIM com dois textos constitutivos. Tem de haver uma harmonização. Essa falta de harmonização, na prática, chutou a resolução para este mandato.
Agora, há uma alteração das forças [políticas] no distrito, desde logo com a eleição de duas candidaturas que são independentes, mas que não são novas no distrito. Quer a nova presidente da Câmara de Setúbal, que já estivera à frente dos destinos da autarquia, quer o novo presidente da Câmara do Montijo, com 12 anos de presidência da junta, conhecem bem e diria que são concordantes com esta estratégia regional.
Agora, vamos ter de nos sentar todos à mesa. Posso dizer que, assim que todos tomarmos posse, se ninguém o fizer, vou enviar uma missiva para nos sentarmos à mesa e podermos chegar a um meio-termo de texto constitutivo, para depois o aprovarmos todos, em câmara e assembleia municipal.

Qual é o prazo que acha razoável para a CIM estar implementada?
Diria que a CIM tem de estar constituída até ao final deste ano. E constituída é registada, escriturada. E só não estará se os presidentes de câmara não quiserem. Porque, a partir do momento em que o texto constitutivo esteja encontrado é fácil: pede-se uma reunião de câmara extraordinária e uma assembleia municipal extraordinária. E isto pede-se quase de um dia para o outro. Este sentido de urgência também é um sinal que temos de passar para os nossos empresários. Isto pode significar tantos milhões de euros de investimento para a nossa península, então vamos lá, como o povo diz, dar corda aos sapatos.

O PS tem maioria na península de Setúbal. Há que eleger os órgãos da CIM. A presidência poderá ficar com o PS. Frederico Rosa poderia ser o presidente da CIM?
Normalmente, nestas situações as pessoas costumam dizer: não quero. Não haja dúvidas que estou completamente comprometido com este projeto. E se houver confiança de toda a gente, com certeza vou de peito aberto. Não sou daquelas pessoas que precisam que as empurrem para os sítios.
Mas, o mais importante não é isso. O mais importante é constituir a CIM. E aproveito também para dizer, por exemplo, que o ainda presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, que está a finalizar o mandato, teve sempre comigo este entendimento: isto só faz sentido com todos.
Por isso, o mais importante com estes novos presidentes é que eles sintam que este não é um projeto de A ou de B. É um projeto muito para lá das nossas vidas pessoais enquanto autarcas. É um projeto para a região. E é muito importante que este projeto tenha um grande sentido de urgência. A CIM é absolutamente determinante…

Para o próximo quadro comunitário.
Para o pós-PT 2030 que começa agora a ser discutido. Não podemos esperar que nos calhe alguma coisa. Temos de fazer a nossa parte. Dar sentido de urgência máxima a este grande projeto estratégico para a península, que pode lançar as bases e consolidar as nossas fundações para os próximos 20 ou 30 anos de crescimento. Urgência é a palavra-chave. Não vale a pena dizer que queremos, esta é a altura de fazermos e de concretizarmos.

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