19 Julho 2024, Sexta-feira

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Fernando Caria vai entregar cartão de militante e candidatar-se à Câmara como independente

Fernando Caria vai entregar cartão de militante e candidatar-se à Câmara como independente

Fernando Caria vai entregar cartão de militante e candidatar-se à Câmara como independente

O presidente da junta tem a decisão tomada. Este era o cenário que mais se temia no seio do PS, embora poucos acreditassem

Fernando Caria vai candidatar-se à presidência da Câmara Municipal do Montijo nas eleições autárquicas do próximo ano. Mas não pelo PS. O montijense vai avançar com uma candidatura independente, sabe O SETUBALENSE.

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A cumprir o terceiro e último mandato como presidente da Junta da União das Freguesias de Montijo e Afonsoeiro – por força da lei de limitação de mandatos –, Fernando Caria prepara-se para entregar o cartão de militante do PS e anunciar a decisão de ir a votos sem qualquer apoio partidário, possibilidade que deixou sempre em aberto nos últimos tempos, na sequência da convulsão vivida no interior da Comissão Política Concelhia do Montijo.

Contactado por O SETUBALENSE, o autarca escusou-se a prestar quaisquer declarações. Mas, ao que O SETUBALENSE conseguiu apurar, a decisão de se desfiliar do PS e avançar como independente está tomada.

Este era o cenário que mais se temia no seio da estrutura local socialista, embora poucos acreditassem que pudesse vir a acontecer (porém, o sinal ficou dado em entrevista concedida a O SETUBALENSE e publicada no passado dia 5, na qual Caria assumiu não se rever no actual PS do Montijo).

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Agora, os alarmes soaram alto nos bastidores do partido. Desde logo pelo reconhecimento de que uma candidatura de Fernando Caria, mesmo que independente, provocará sempre uma divisão no eleitorado mais fiel ao partido, podendo até comprometer irremediavelmente as aspirações socialistas de revalidação de um triunfo eleitoral no Montijo. O presidente da junta conta com apoios de peso dentro da esfera socialista, desde ex-autarcas a militantes mais antigos, e também colhe fora do partido, junto do movimento associativo e até mesmo entre alguns apoiantes insatisfeitos de forças políticas adversárias.

Ou seja, entre os mais próximos de Caria existe a convicção de que uma candidatura independente encabeçada pelo presidente da junta tem abrangência suficiente para conseguir sair vencedora das eleições. Entre os alinhados com a nova liderança de Catarina Marcelino na comissão política desvaloriza-se, por um lado, a capacidade de Caria poder ter aceitação forte entre o eleitorado, sem o apoio do PS, mas, por outro, admite-se que a candidatura provocará mossa no partido, ainda que passível de ser contornada com êxito.

Histórico com mais de um ano
O clima de “guerra” instalou-se definitivamente na estrutura concelhia no início de Junho do ano passado, durante uma reunião do órgão, quando o nome de Ricardo Bernardes – actual chefe do gabinete da presidente da Câmara Municipal – foi lançado antecipadamente para cima da mesa para encabeçar a lista socialista nas próximas autárquicas, ao abrigo de uma estratégia concertada com Catarina Marcelino.

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A acção foi vista como uma tentativa de retirar margem de manobra a uma eventual candidatura de Fernando Caria. E causou surpresa e mal-estar, já que Catarina e Bernardes vinham, até então, a arquitectar uma solução com Caria, mas num sentido contrário. Em entrevista concedida a O SETUBALENSE, o presidente da junta admitiu então sentir-se traído.
“Levámos três ou quatro reuniões em que arquitectámos uma estratégia e nas minhas costas, sem que nada me fosse dito depois, apareceu outra solução que não aquela que tínhamos delineado em conjunto”, disse, a propósito do comportamento dos dois camaradas de partido, ao mesmo tempo que deixava a garantia de que, a partir daquele momento, não mais viria a trabalhar com Catarina Marcelino.

Depois viriam a ser marcadas as eleições para as concelhias do PS. Catarina Marcelino avançou e Emanuel Costa também. Caria posicionou-se publicamente ao lado de Emanuel. Entretanto, com a queda do Governo de António Costa, as eleições internas no PS foram suspendidas. As “atenções” partidárias tiveram de se centrar nas Legislativas antecipadas e nas Europeias subsequentes. E quando voltaram a ser agendadas as eleições para as concelhias, que no Montijo decorreram no passado dia 5, a Federação Distrital do PS tentou que houvesse acordo entre Catarina Marcelino e Emanuel Costa, no sentido de ser constituída uma candidatura única ao órgão.

No entanto, nunca houve “fumo branco” e Emanuel Costa decidiu abandonar a corrida à liderança da concelhia montijense (a saída de Nuno Canta da presidência da Câmara para a AMARSUL também acabou por contribuir para a decisão). E a fractura no seio da estrutura local do partido acentuou-se ainda mais.

Fernando Caria, na entrevista publicada por O SETUBALENSE no dia das eleições para a concelhia, deixou duras críticas ao projecto de Catarina Marcelino – que veio a ser eleita, numa corrida a solo – e queixou-se de estar a ser alvo de uma campanha de difamação por parte do grupo da candidatura de Catarina no WhatsApp. Agora, o presidente da junta decidiu colocar um ponto final na ligação ao PS: vai desvincular-se do partido e anunciar a candidatura, como independente, à presidência da Câmara Municipal do Montijo nas eleições no próximo ano.

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