28 Junho 2024, Sexta-feira

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Falta de autocarros já custa empregos e motiva protesto de dezenas na Câmara

Falta de autocarros já custa empregos e motiva protesto de dezenas na Câmara

Falta de autocarros já custa empregos e motiva protesto de dezenas na Câmara

Há quem seja descontado no salário por chegar sucessivamente atrasado ao trabalho em Lisboa. Solução vai demorar

 

Já há pessoas com o emprego em causa, outras que são descontadas no vencimento por sucessivos atrasos, jovens a percorrer quilómetros a pé para chegarem à escola, e as filas de desespero sucedem-se pelas primeiras horas da manhã, ao final do dia e à noite. Tudo isto existe, tudo isto é o fado diário de centenas que, no Montijo, sofrem com a insuficiência de carreiras rodoviárias da Carris Metropolitana. E a situação não vai melhorar nos próximos tempos.

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“Temos um problema estrutural que não vai ser resolvido rapidamente”, admitiu Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, na reunião do executivo de quarta-feira passada. O autarca socialista referia-se à falta de motoristas existente na operadora Alsa Todi e respondia à intervenção do vereador social-democrata João Afonso, perante as várias dezenas de munícipes que encheram a escadaria e o salão nobre dos Paços do Concelho para protestarem e apelarem a uma intervenção da autarquia que permita solucionar o problema.

O mote para o debate foi dado pelo autarca do PSD, que não poupou críticas ao Governo e aos autarcas socialistas. “Tudo o que digam às pessoas [no sentido] de que vão resolver o problema rapidamente, é falso”, atirou João Afonso. E eclodiu a primeira de várias “ondas” de aplausos na assistência, que tornaram a reunião numa das mais difíceis que Nuno Canta já teve de gerir ao leme da autarquia – mais à frente, o socialista viria a ser constantemente interrompido por manifestações de desagrado e reclamações de munícipes no decurso das suas intervenções…

Salários de milhões

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João Afonso criticou o actual estado da situação e apontou o caso de um jovem montijense de 27 anos, que viu a entidade patronal não lhe renovar contrato por chegar sucessivamente atrasado ao trabalho, e a situação de uma motorista da Alsa Todi, mãe de uma criança de 7 meses sem apoio familiar, a quem a empresa negou horário de trabalho flexível. E teceu duras críticas à criação da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), à Área Metropolitana de Lisboa (AML) e à administração central.

“O Governo criou uma estrutura [a TML] ao lado da existente [AML], gastando só em ordenados 3,3 milhões de euros, [com] três administradores, quatro directores, 11 coordenadores, 40 técnicos superiores e um motorista para os administradores, que não andam de autocarro. A operação foi mal montada, quem está à frente da TML é de uma incompetência atroz e isto não tem solução”, disse o social-democrata. “Vão atamancar alguns problemas, mas não resolvem o assunto. Com este modelo que o Governo criou, o dinheiro disponível para o processo não é suficiente para contratar e atrair motoristas”, juntou.

Nuno Canta, que lembrou ser da TML e da operadora Alsa Todi a responsabilidade de solucionar o problema – sendo interrompido amiúde pelos munícipes presentes –, garantiu que a Câmara do Montijo tem feito “tudo o que pode fazer” junto das entidades competentes e deixou uma revelação: “A Câmara tem exigido que a AML e a TML executem as penalidades que existem no caderno de encargos [contra a operadora].”

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E, face às interrupções do público, desabafou: “Não ando a dizer o que as pessoas querem ouvir. O presidente da Câmara diz a verdade das coisas. Há uns que dizem o que as pessoas querem ouvir e são aplaudidos (…) Vieram para aqui para interromper o presidente da Câmara de propósito. Não andamos há um dia na política, andamos há muitos anos. Percebemos a vossa intenção e como está articulada”.

Da parte do público, registou-se uma mão cheia de intervenções e Joaquim Correia, vereador da CDU, fechou o debate. “Há 25 anos que digo que precisamos de um plano de mobilidade. Perdemos uma grande oportunidade. Politicamente o projecto é bom. Agora, não foi gerido de acordo com as necessidades dos munícipes do Montijo”, concluiu.

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