“Rejuvenescido, requalificado e orgulhoso”. É assim que o autarca do PS vê o Barreiro, três anos depois da tomada de posse. Frederico Rosa diz que encontrou um concelho estagnado
Desde a Pólis, na frente ribeirinha, ao renovado núcleo histórico, até ao centro da cidade onde nascerá um projecto dedicado a empresas jovens e a Estação Barreiro A será ponto de paragem para turistas e empresários, Frederico Rosa traça o rumo dos próximos anos para o Barreiro. Embora não confirme a recandidatura, admite que a vida política é uma paixão e afirma que, desde que iniciou funções em 2017, o Governo e investidores encontram outra dinâmica no concelho.
Com os projectos em concretização estamos mais perto do ‘novo Barreiro’ anunciado em 2017?
Se há algo de que tenho orgulho, é de não ter obra feita apenas para vencer eleições. Desde que iniciamos funções, a 22 de Outubro de 2017, temos investido na reabilitação do concelho, com dinheiro público e privado. Acho que o Barreiro já não estava a habituado a ver tanta obra, a estagnação era evidente. Por isso, estamos satisfeitos, mas sabemos que ainda há muito por fazer, o que me deixa sempre um sentimento ‘agridoce’ cada vez que terminamos uma obra.
Que obras foram executadas desde 2017?
Destaco a zona do antigo Campo do Luso [com novas acessibilidades pedonais e rodoviárias, o novo Mercado 25 e Abril e uma superfície LIDL]. Na Quinta da Lomba, ruas totalmente remodeladas. As rotundas dos Fidalguinhos, da União e a do Salineiro. A rotunda da zona chamada de ‘Ferro Velho’. E a Rotunda do Álvaro Velho, que, mesmo por terminar, já faz a diferença no modo como as pessoas hoje entram na cidade. Temos em curso um plano de repavimentação no valor de 900 mil euros, em que se insere a requalificação da Estrada 510, na Vila Chã que representa mais uma entrada da cidade renovada. Obra à qual se une a requalificação do polidesportivo do Santoantoniense, que estava devoluto há mais de dez anos.
Mas não temos apenas a requalificação ao nível da mobilidade e acessos?
Temos um investimento fortíssimo na requalificação da rede de saneamento, que estava muito envelhecida. Em cima disto temos outros projectos, que já deixaram a sua marca, como a requalificação do Moinho de Maré Pequeno e zona envolvente. Destaco também o espaço verde criado na Avenida do Bocage. Uma das vias da cidade com maior circulação. Uma obra simples, que mudou a vivência no espaço. Tal como a abertura da Rua Armindo de Almeida para a Avenida do Bocage, quase concluída.
A requalificação da zona Pólis assenta no eixo mobilidade e infra-estruturas?
Essa estratégia é fundamental para o usufruto que as pessoas têm e terão do rio.
Ninguém no Barreiro percebe porque é que aquela zona esteve mais de uma década parada. Quando assumimos autarquia resolvemos a questão com o banco, refizemos projectos e está tudo a acontecer. Três anos depois de termos tomado posse, a 2ª fase da obra está na rua, planeada para ficar concluída até ao fim de Outubro. Um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros, que inclui um conjunto de melhoramentos que vão casar com a requalificação de toda a Avenida da Liberdade. Uma 3ª fase da Pólis que já está em fase de aprovação pelo Tribunal de Contas. No final, o Barreiro terá uma nova frente ribeirinha com 39 mil metros quadrados requalificados. Um projecto que me emociona e enche os olhos, cada vez que aqui venho.
O diálogo da cidade com o Tejo continuará para lá da Avenida da Liberdade?
Temos uma área identificada como o ‘terreno do Gaio’, paralela à Rua Miguel Pais, que, durante décadas era apenas terra batida, remendada com gravilha. Agora, com uma obra dividida em duas fases, até ao final do primeiro trimestre de 2021 o Barreiro vai ganhar mais uma área ajardinada, com melhores condições de pedonalização junto do rio e mais estacionamento.
A doca seca, nessa zona, aguarda uma inquilina: a muleta. Quando estará de volta ao Barreiro essa embarcação tradicional?
Estamos a terminar o projecto que fará da doca uma casa para os pescadores do Barreiro, com câmara frigorífica, máquina de gelo, grua, pontes. Falta apenas acabar o acesso ao rio e só então poderemos receber a muleta. Ela é importante para a nossa cultura e tradições, mas adjudicá-la quando não se tinham as infraestruturas para a receber não foi a melhor solução. E com estas intervenções teremos, melhor ambiente, melhor relação com o rio, mais mobilidade e espaço público. Uma cidade para as pessoas.
Áreas interligadas com o núcleo histórico da cidade. Em que é se vai traduzir a requalificação dessa área?
A população pergunta-nos sempre porque é que não recuperamos o edificado daquela zona, que, na sua maioria, é particular. Mas temos projectos prioritários que vão resolver muitas questões nesta zona, como a 5ª Esquadra da PSP. Para além da nova esquadra, vamos refazer todos os arruamentos, condutas de água e saneamento. Um investimento de cerca de 6,5 milhões de euros, entre a esquadra e o espaço público, que tornará esta área mais atractiva para investidores privados.
Quando estará concluído esse ‘Novo Barreiro Velho’?
O concurso já avançou e estamos na fase de contratualização dos 5 milhões de euros adjudicados para a requalificação urbana. Mas sabemos que este será um processo de anos. Quanto à nova esquadra, provavelmente estará concluída no final do primeiro semestre de 2021.
O que a recuperação do ‘Barreiro Velho’ representará para a futura e ainda muito questionada Braamcamp?
Os dois projectos estão ligados. Investimento atrai investimento. Vamos valorizar muito aquela zona. Criar um espaço de lazer único, novas dinâmicas de socialização, trazer um hotel para o Barreiro. E isso vai contagiar todas as zonas envolventes.
“Quem não quer investimento no Barreiro vai continuar a interpor providências cautelares”
Em que ponto está o processo da Quinta do Braamcamp?
Não há ainda datas previstas para decisões judiciais. Temos duas fases distintas. A providência cautelar interposta [pela Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos] e a acção principal. Consideramos que temos matéria suficiente para nos defendermos. E está provado, pela nossa óptica, que o projecto se vai concretizar. A situação da Braamcamp não é nada que não esperássemos. Este investimento é ancora e vamos ter outros no futuro. E quem não quer investimento no Barreiro vai continuar a interpor providências cautelares. Quem pensa que afastar os investidores é o caminho certo para o Barreiro, não conta com o nosso apoio.
E o projecto planeado para a Estação Sul e Sueste?
É um dos projectos que ficou parado devido à actual situação pandémica e todas as condicionantes que trouxe à restauração. Estamos a acompanhá-lo embora seja um investimento privado realizado em parceria com a I.P. [Infraestruturas de Portugal] que é a proprietária do espaço. Sabemos que ainda há intenção das coisas avançarem, mas estamos num momento mais cauteloso.
E a recuperação da Estação Barreiro A e zona envolvente?
O concurso já está lançado. Estamos na fase administrativa. É uma obra que pensamos colocar no terreno ainda este ano. Vamos interligar uma zona que estava fechada, no centro da cidade, com a Rua Miguel Bombarda e a Rua Stara Zagora. Depois vai ser feita a requalificação do edifício do antigo dormitório, que já está concessionado para um hostel. O outro edifício vai receber um espaço da autarquia, com sala de conferências e zonas de trabalho.
Próximo a essa na zona ficará também o projecto START UP?
Terminámos agora o desenho e é um dos projectos que me deixa bastante entusiasmado. Envolve o edifício de uma antiga fábrica da CUF, localizada paredes-meias com a Estação Barreiro A e o Fórum Barreiro e vai trazer uma nova dinâmica empresarial para o centro da cidade. Será um espaço para os jovens barreirenses desenvolverem os seus projectos, partilharem ideias e experiências. Criando um ecossistema para que a população jovem se fixe no concelho.
Qual tem sido o impacte do Regulamento Municipal de Concessão de Incentivos ao Investimento neste caminho?
Tem sido muito importante, embora ainda esteja no início. Já concedemos cinco benefícios. O último foi o maior. Um investimento de cerca de 2,5 milhões de euros que vai trazer mais 51 postos de trabalho para concelho [através de uma nova unidade da Original Spot Design Lda. que ficará sediada na Quinta das Rebelas, em Palhais]. Mas, para nós, o mais importante é que pessoas, que normalmente olhavam para o Barreiro com alguma dúvida, estão a fazê-lo de forma diferente. E o regulamente tem sido decisivo nessa imagem.
Projectos de âmbito municipal…
Uma coisa são os grandes projectos do Governo, que continuamos a querer captar, embora seja algo que nos ultrapasse. Depois temos os projectos que dependem do município e nesse ponto o Barreiro não podia continuar estagnado. Por exemplo, era necessário um centro de saúde na zona do Alto do Seixalinho. A única coisa que se fez, foi disponibilizar um terreno, que nem era o mais indicado para o crescimento futuro da unidade. Hoje estamos a terminar o projecto para a construção desta unidade de saúde na zona da Escavadeira, [junto à linha férrea e Bairro das Palmeiras]. E a autarquia não só cedeu o terreno, como vai investir na sua concretização integral. Estou convencido de que até ao final deste ano estaremos no terreno.
Destaca um hotel e um hostel. O Barreiro pode ser uma cidade turística?
Exclusivamente, não. Mas quem procura dormidas não são apenas turistas. Há profissionais a participar em conferências. Atletas em actividades desportivas deslocalizadas. Todos são potenciais clientes. O Barreiro não tinha nada e isso não podia continuar. E precisamos gerar emprego, assim como construir equipamentos com capacidade de resposta para quem procura o grande espaço do turismo: Lisboa.
Fala de estagnação, já calculou de quantos anos é o atraso do Barreiro?
Para responder a essa pergunta precisava voltar atrás nestes anos todos e ainda assim não conseguia chegar a tempo para responder. O que sabemos é o que o Barreiro tem pela frente. E é com os olhos postos no futuro que fazemos o nosso trabalho. Não podemos voltar à imagem do coitadinho, em protesto constante contra o Governo. Mas, claro, vamos manter-nos exigentes com todas as entidades que têm responsabilidades no Barreiro.
Refere-se ao papel do Governo no projecto do Terminal de Contentores e na Terceira Travessia do Tejo?
Seja a I.P. a APL [Administração do Porto de Lisboa], a Baía do Tejo, o próprio Governo, todos têm responsabilidade. E todos precisam entender que os investimentos são determinantes para rejuvenescer. Alguns não são possíveis, mas, no caso da Terceira Travessia do Tejo, acredito que, pode demorar, mas concretizar-se-á.
Como é que o Governo vê o Barreiro neste momento?
De uma forma transversal, hoje, toda a gente reconhece que o Barreiro está a mudar. Seja o Governo ou investidores. Mas também sabem que isto não se faz de um dia para o outro. Quem passa algum tempo sem vir ao concelho, quando volta vê coisas novas. E esta dinâmica coloca o Barreiro a ser falado lá fora.
Quais as expectativas da continuidade do PS em 2021?
Estou a executar por vontade expressa da população, mas a obra é para o Barreiro e não para mim. Fique quem ficar na liderança da Câmara, o importante é continuar. Gosto de partilhar a minha vida com todos os barreirenses, ouvir o que têm a dizer e saber o que eles precisam, o que querem para a cidade. Isso é uma paixão.