30 Junho 2024, Domingo

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Empresas do sector da indústria exigem mais formação profissional qualificada para a Península de Setúbal

Empresas do sector da indústria exigem mais formação profissional qualificada para a Península de Setúbal

Empresas do sector da indústria exigem mais formação profissional qualificada para a Península de Setúbal

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O aumento do salário é apontado como importante para ‘agarrar’ talentos, mas a capacidade de motivação através da formação também

“As pessoas são o maior capital das empresas”, a afirmação é de Luís Morais, do conselho fundador da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), e responsável da empresa Megasa, na abertura do “Meeting de Capital Humano”, que decorreu ontem no auditório da Câmara Municipal do Seixal. A escassez de mão-de-obra qualificada que se coloca às empresas, foi o problema mais focado, assim como a necessidade formação adequada.

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Um encontro onde ficou claro que as empresas necessitam de uma “oferta formativa especializada que permita recapacitar trabalhadores que se tornem excedentários em algumas áreas para as novas relacionadas com o conhecimento digital”. Apontava ainda Manuel Carvoeira, também fundador da AISET e representante da empresa Lusocider, no final do meeting ,que a “atracção de novas gerações para a indústria é o maior desafio que estas enfrentam”, e acrescentava: “Se robustecermos os nossos quadros jovens, a sua prestação perdurará ao longo do tempo e mitigaremos o efeito desta escassez”.

Reunindo responsáveis de várias empresas da indústria instalada na Península de Setúbal, entidades relacionadas com o ensino profissional, – caso da ATEC e Instituto Politécnico de Setúbal – e Instituto de Emprego e Formação Profissional do Seixal, o debate procurou encontrar estratégias que caminhem no sentido de uma solução para criar e reter mão-de-obra qualificada no território.

Apesar de ser um meeting para a participação das empresas, acabaram por comparecer menos do que o esperado, mas, mesmo assim, estiveram presentes grandes indústrias da península, como a Siemens de Corroios, a SGL Carbon do Barreiro, Hovione Seixal e a consultora Egon Zehnder. O que desagradou à direcção da AISET foi a não comparência de membros do Governo que, apesar de convidados, não compareceram.

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Luís Morais

O tom das intervenções no encontro incidiu, logo desde o início, essencialmente na mesma nota: “Para uma indústria crescente, é preciso que as pessoas tenham mais capacitação”, expressou Luís Morais. Uma afirmação que foi acompanhada pelo vice-presidente da CIP, Armindo Monteiro, e pelo vice-presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, autarca que a partir de amanhã, quarta-feira, passa a assumir a presidência da autarquia em substituição efectiva de Joaquim Santos.

Para o responsável da Megasa, empresa instalada no Seixal, um dos problemas da escassez de mão-de-obra qualificada na península e no País, passa pela “erosão demográfica” e ainda pelo processo migratório, mas também por uma questão ao nível do ensino e formação que consiga responder às necessidades da indústria. “A população mais jovem tem mais habilitações, mas não tem conseguido responder às exigências destas empresas”. Por outro lado, mais formação “não significa que tenham melhores competências que as gerações anteriores”, focou.

Armindo Monteiro

Para Armindo Monteiro, o Estado tem de investir mais nos vários níveis de ensino, e também as empresas pela parte que lhes cabe. No caso dos empresários, para conseguirem ser competitivos, têm de apostar também na criação de talento e retê-lo no País, para isso os negócios “têm de ter valor acrescentado”. Isto inclusivamente é válido para se “conseguir aumentar o salário mínimo”, ou seja, “se as empresas não conseguirem aumentar a remuneração dos trabalhadores, é porque não criaram valor acrescentado”. “As empresas têm de conseguir produtos e serviços capazes de subirem na cadeia de valor, na cadeia de riqueza”, afirma.

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Apesar de considerar o aumento salarial “importante”, considera que os empresários também têm de ter capacidade para saberem cativar os trabalhadores. “As lideranças têm de ser capazes de criar projectos motivadores. O salário é importante, mas é preciso motivação para liderar projectos”, e defende que o Estado Central tem de “encontrar formas que permitam aos empresários potenciar os esforços e criarem condições para que os projectos vinguem e se tornem um sucesso”.

Paulo Silva

Na intervenção no “Meeting de Capital Humano”, o vice-presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, colocou a questão do aumento salarial na primeira linha para que as empresas consigam sucesso nos seus projectos. “Sem aumento do salário vai ser difícil aumentar a competitividade”, e frisou: “Quando as pessoas têm dificuldade em sustentar a sua família e pagar as suas contas, não conseguem ter um pensamento totalmente dedicado à produtividade”.

Para o autarca, se as grandes empresas estrangeiras reconhecem a capacidade dos trabalhadores portugueses, “isso também tem de acontecer em Portugal”, e focou que esta não é uma questão de ideologia política e económica, mas sim de visão de crescimento. E focou o caso da grande empresa farmacêutica Hovione que está a instalar-se no concelho e, numa primeira fase, “já contratou 200 trabalhadores qualificados”.

Do encontro de ontem foi ainda destacada a necessidade de as empresas colaborarem com as instituições de ensino profissional para que estas desenhem os seus programas de formação. Um aspecto que foi focado tanto pelo director da ATEC, João Costa, como pela presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Ângela Lemos e ainda pelo ex-director da Escola Profissional do Montijo, João Martins.

Fotos: Mário Romão

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