Receita atingiu os 37,6 milhões com valores extra como o da venda de terreno na Carregueira
A Câmara Municipal de Alcácer do Sal fechou o exercício de 2021 com um volume invulgar de receita, de 37,6 milhões de euros, e um saldo positivo de 14 milhões de euros. As contas, classificadas como extraordinárias pelo executivo CDU, foram aprovadas pelos votos da maioria comunista e a abstenção do PS.
“Nos próximos anos estes números não vão repetir-se”, reconheceu o presidente do município, explicando que o volume recorde ficou a dever-se a receitas extraordinárias, com destaque para a venda de um terreno municipal nos Brejos da Carregueira que rendeu sete milhões de euros aos cofres municipais. O Imposto Municipal sobre Transações (IMT) deu também um forte contributo para o crescimento da receita, tendo aumentado 88%.
Um contributo interpretado de forma diferente por executivo e oposição. Vítor Proença considerou que o forte incremento do IMT mostra a dinâmica na transacção de propriedades, que se vive no concelho. O PS, pela voz de Gabriel Geraldes, apontou a especulação imobiliária como explicação para o crescimento do IMT.
A receita do município de Alcácer, que em 2021 foi de 37,6 milhões, tinha sido de 24,9 milhões em 2020, de 21 milhões em 2019 e de 19,1 milhões em 2018.
Vítor Proença destacou que o recorde de receita foi alcançado no final do mandato, em ano de eleições, e defendeu que um saldo de 14 milhões é um sinal de gestão positiva e evidenciou que o prazo médio de pagamento a fornecedores baixou para 18 dias e que o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que se mantém na taxa mínima, continua a ser o mais baixo de todo o distrito.
Ana Luísa Soares (CDU) acrescentou que as contas de 2021, sendo já o final do segundo mandato, contrariam o que o “PS dizia, que o presidente Vítor Proença ia colocar Alcácer do Sal na bancarrota”.
O PS defendeu que um saldo de gerência de 14 milhões é sinónimo de pouca eficácia e eficiência na gestão, com Gabriel Geraldo a afirmar que esse era até o pensamento do presidente Vítor Proença, expresso há alguns anos numa assembleia municipal.
Manuel Vítor Jesus respondeu que, perante a oposição, o executivo é preso “por ter cão e por não ter cão”. “Se gastamos muito é porque gastamos muito, se não gastamos muito é porque não gastamos”, atirou o comunista, argumentando ainda com a lista de obras que a Câmara Municipal concluiu em 2021.
A este argumento, Gabriel Geraldo apontou que a execução das despesas, no ano passado, foi de “pouco mais de 50%”, para concluir que isso demonstra que “cerca de metade” das promessas feitas ficaram por cumprir.
Ana Luísa Soares (CDU) recordou que o mandato é de quatro anos e que o balanço só se faz no final.
As contas municipais de 2021 vão agora ser submetidas à Assembleia Municipal, na reunião agendada para o próximo dia 22.