Membros do Chega apropriaram-se de parte do material relvado que a coligação PSD/IL tinha na zona ribeirinha do Montijo, para a colocar junto ao seu “stand” de campanha. E o “caldo entornou-se”
A poucas horas do encerramento da campanha eleitoral para as autárquicas deste domingo, “o caldo entornou-se” no Montijo entre as candidaturas da coligação PSD/IL e do Chega. O conflito envolveu confrontos verbais e motivou a chamada da PSP à zona ribeirinha da cidade, onde está instalado o “stand” de campanha do Chega e onde, uns metros mais ao lado, se encontra material de uma demonstração pública de requalificação do espaço, que a candidatura PSD/IL tinha feito na passada terça-feira. Na base da discórdia esteve a apropriação indevida por parte de elementos do Chega de alguns tapetes de relva da candidatura PSD/IL.
Os membros do Chega retiraram a relva do local onde a candidatura da coligação PSD/IL a tinha deixado, para a colocarem no seu próprio “stand”.
João Pereira, da IL, considera que o comportamento dos membros do Chega constituiu “furto e destruição de material de campanha”. E admite que na coligação entre social-democratas e liberais se está a ponderar “apresentar queixa à Comissão Nacional de Eleições”.
Segundo o liberal, a relva estava no local como “statement” da ação de campanha levada a efeito pela coligação na terça-feira. “O objetivo era podermos manter ali a relva até depois das eleições, até porque o que pretendemos com aquela ação foi dizer à população que conseguimos fazer a requalificação daquela zona. Os elementos do Chega foram lá furtá-la para a colocarem no seu ‘stand’”, afirmou.
Já João Merino, do Chega, defende que a relva “estava abandonada” no local, rejeita a ideia de que se possa considerar a ação como furto, mas admite que existiu “infantilidade” de alguns membros do seu partido. “Houve, se calhar, uma infantilidade da nossa parte. Todos os dias, desde terça-feira, que vemos carrinhas a chegarem aqui e a levarem a relva que foi abandonada. Pensámos em aproveitar uma parte e também em reciclar essa relva, que está a estragar-se. Daqui por dois dias está tudo seco. A questão foi só essa”, comentou.

Quanto aos confrontos verbais, João Merino passa o ónus da responsabilidade para Pedro Vieira, cabeça de lista da coligação PSD/IL. “O único confronto verbal foi do senhor arquiteto Pedro Vieira, que estava completamente descompensado e aos gritos. Enquanto ele não se acalmou, não houve conversa. Só isso. A PSP apenas veio para perceber o que se estava a passar. Apenas fez o auto de notícia, porque alguém a chamou, e tudo tranquilo”, revelou.
Versão diferente tem o social-democrata Pedro Vieira. “Eu não tenho descompensações. Quem não se sente não é filho de boa gente. Furtaram a relva do local para o ‘stand’ deles, relva que é material comprado com dinheiros da campanha de dois partidos. Eles limpam tudo”, disse o cabeça de lista da coligação.
Pedro Vieira confirma que chamou a PSP ao local, mas que não apresentou queixa. “Apenas chamei a PSP para identificar as pessoas, porque temos seis meses para apresentar queixa se assim o decidirmos, o que não passa apenas por mim. Isto é uma coligação. Mas, considero que é uma ação que merece ser ponderada”, juntou, a concluir.
No final, os elementos da candidatura do Chega acabaram por repor a relva no local de onde a haviam retirado.