Casamento perfeito termina em divórcio de pesadelo

Casamento perfeito termina em divórcio de pesadelo

Casamento perfeito termina em divórcio de pesadelo

PSD ‘implode’ em plena reunião de câmara. João Afonso acusou Ilídio Massacote e retirou-lhe a confiança política. Mas recebeu troco: “É uma contrafacção barata de André Ventura”

A fractura não vinha de agora. A “paz podre” estava há muito instalada no número 23 da Praça da República, onde mora a Comissão Política da Secção do Montijo do PSD. E o 23 como que ficou feito num “oito”, nesta quarta-feira, em plena reunião pública da Câmara Municipal, quando o vereador João Afonso – que preside à estrutura local social-democrata e que está já aprovado pela distrital e pela nacional do partido como (re)candidato à presidência da autarquia – retirou a confiança política ao companheiro de bancada, Ilídio Massacote.

O líder “laranja” apresentou uma declaração política que começou com um ataque cerrado ao PS e que terminou com acusações cáusticas àquele que o secundou nas últimas autárquicas. E o “casamento perfeito” de 2021 deu lugar a um “divórcio de pesadelo”.

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“Se o PSD do Montijo quer merecer a confiança dos eleitores, não pode permitir que autarcas ou dirigentes seus mercantilizem os cargos, que actuem em claro conflito de interesses, que desrespeitem o mandato conferido pelos eleitores e que sejam cúmplices do socialismo clientelar. O vereador Ilídio Massacote com o seu lamentável comportamento, reiterado, bem patente nas sessões de câmara, violou todos os princípios e valores do PSD”, disparou João Afonso, antes de anunciar que a partir daquela data Ilídio Massacote “deixaria de contar com a confiança política” do PSD. “Pelo que todos os seus actos e posições futuras apenas vincularão o próprio, e não o nosso partido”, vincou, para de seguida deixar um recado: “O PSD do Montijo não pode prometer que no seu interior todos cumpram com o respeito devido aos nossos eleitores e montijenses. Mas pode prometer que, sempre que tal aconteça, agirá sem hesitações ou tibiezas.”

Cópia de André Ventura e ‘deus Sol’

A reacção de Ilídio Massacote não se fez esperar. O vereador pediu a defesa da honra e atirou: “Desde já peço desculpa pela triste figura que o vereador do Chega fez aqui” – mais à frente Ilídio Massacote viria mesmo a classificar João Afonso como “uma contrafacção barata de André Ventura”.

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“Fui eleito pelos montijenses, não fui eleito pela Comissão Política do PSD e não estou obrigado a nenhuma disciplina de voto da Comissão Política do PSD, porque é completamente inconstitucional. O vereador Ilídio não abdica de pensar pela sua cabeça, de ter pensamento próprio. E recusa-se a ser mais um do rebanho do ‘deus Sol’”, disse, de permeio, na direcção do líder local do seu partido.

“A minha vida profissional fala por ela, faço este ano 40 anos de carreira, está aí à vista de toda a gente. Nunca tive nenhum cargo público indicado pelo PSD para uma comissão liquidatária. Nunca fui beneficiado pelo PSD, para nada”, prosseguiu, numa crítica implícita a João Afonso. E juntou: “Não sou eu, enquanto vereador, que ataco o PSD nacional. Há entrevistas do senhor vereador [João Afonso] que me envergonham, tenho vergonha alheia. A atacar o PSD nacional, inclusivamente o actual Presidente da República [PR], quando diz que votaria mais rapidamente na senhora apresentadora Cristina Ferreira do que no PR, a dizer que os deputados do PSD nacional [eleitos pelo círculo de Setúbal] são deputados Frankenstein, corta-relvas e que não eram eleitos na rua deles.”

Ilídio Massacote foi mais longe e acusou João Afonso de, em reuniões de câmara, “mentir, adulterar números, na cultura ou associativismo, para ter ‘soundbites’ e aparecer no jornal com parangonas a dizer que está a favor da transparência”. “Como é que alguém pode estar a favor da transparência, quando diz que uma associação recebeu 500 mil euros de apoios públicos quando só recebeu 93 mil?”, questionou.

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“A minha primeira condição é estar ao serviço do Montijo e dos montijenses, custe o que custar. O melhor serviço que presto ao meu partido é estar ao serviço dos montijenses e do Montijo. Eu só era bom quando fui a eleições. Isto é próprio de ditadores, de ‘deus Sol’, de gente que acha que é uma marca no Montijo e que ganha sozinho umas eleições. Tenho vergonha alheia desta política do ódio, da maledicência, do bota-abaixo. A política que quero é [a de] construir algo melhor para o Montijo”, concluiu.

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