27 Junho 2024, Quinta-feira

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Baía do Tejo acolhe exposição de protestos para “Agitar a Malta” [FOTOS]

Baía do Tejo acolhe exposição de protestos para “Agitar a Malta” [FOTOS]

Baía do Tejo acolhe exposição de protestos para “Agitar a Malta” [FOTOS]

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Através de cartazes de protesto, a exposição “O Que Faz Falta é Agitar a Malta”, que teve como mote a canção de Zeca Afonso, reconstrói a história política e social dos últimos anos, em Portugal e no Mundo. Uma mostra criada a partir do arquivo Ephemera, de Pacheco Pereira, que pode agora ser vista no Parque Empresarial Baía do Tejo.

Os cartazes, espalhados por todo o armazém, fazem parte dos cerca de 200 mil títulos que integram o arquivo/biblioteca da Ephemera, formado por Pacheco Pereira ao longo dos anos.

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Nesta exposição, inaugurada esta terça-feira, estão reunidos cartazes de protesto contemporâneos, partidários e artesanais, vozes contra a corrupção, contra a violência e contra a desigualdade, recolhidos por voluntários, por pessoas que um pouco por todos o pais, e sabendo deste trabalho que a Ephemera faz, os apanham no final das manifestações e no próprio lixo.

“Não me calo” é, precisamente, a mensagem de um pequeno cartaz que integra esta mostra e que era para ter sido o nome desta exposição, com curadoria de José Pacheco Pereira e Helena Sofia Silva.

Esta mostra, inédita no país, afirma-se como a primeira iniciativa da parceria estabelecida entre a Baía do Tejo e a Ephemera, que prevê o desenvolvimento regular de uma programação cultural que vai resultar em exposições, conferências e debates, que para já ainda não foram divulgadas, mas serão brevemente.

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A inauguração, integrada pelo município nas comemorações do 25 de Abril da cidade do Barreiro, contou com a presença do executivo municipal, com diversas entidades locais e regionais de cariz associativo e com múltiplos clientes dos Parques Empresariais da Baía do Tejo, que, segundo a empresa, aderem cada vez mais às iniciativas que a entidade proporciona às comunidades envolventes.

A mostra vai estar patente ao público até ao próximo dia 30 de Junho. Aos sábados é possível visitá-la entre as 15h00 e as 19h00, às sextas-feiras e domingos, no mesmo horário, também é possível mas através de marcação, pelo endereço: visitasephemera@gmail.com.

No dia 29 de Junho, pelas 17h00, está prevista uma conversa, no Auditório do Museu Industrial da Baía do Tejo, com os curadores e convidados, antecedida de uma visita guiada à exposição.

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Entrevista a Pacheco Pereira e Jacinto Pereira

Passados 44 anos da Revolução dos Cravos a população ganhou “a mania do consenso e isso impede a ideia de protesto”

Pacheco Pereira, que se instalou no Parque Empresarial do Barreiro com Ephemera, lançou uma exposição única que pretende transmitir a mensagem de que “todas as vozes de protesto devem ser ouvidas”. Protestos esses que têm sido limitados devido à “mania do consenso”.

Já para Jacinto Pereira, presidente do Conselho de Administração da Baía do Tejo, esta mostra e esta parceria com a Ephemera é uma forma de associar a actividade económica do parque com a cultura e com as artes.

Pacheco Pereira, porque escolheu o Barreiro para este seu poiso?

Há sempre um elemento de acaso e neste caso resultou muito bem. Nós precisávamos de um grande espaço, tínhamos espólios, muita documentação para recolher e não tínhamos espaço para a guardar e muito menos para a tratar. Nós fizemos um apelo para saber o que estava disponível em termos de espaço e recebemos uma resposta a esse apelo por parte da Baía do Tejo. Chegamos a um acordo e entendemos desenvolver um conjunto de actividades aqui nesta zona e para nós é bom que seja aqui no Barreiro, na zona da antiga CUF, porque o tipo de paisagem industrial que nós temos aqui é algo que diz respeito à história portuguesa, à história do movimento operário, da indústria e à história das greves, que dizem respeito à actividade que nós fazemos no arquivo.

Tem estado mais agora nesta terra. Que grandes diferenças encontra relativamente ao Barreiro do passado?

Não sou uma boa testemunha, porque tenho vindo essencialmente para aqui, mas eu tenho uma ideia do que era o Barreiro antes do 25 de Abril, ainda andei pelas ruas e sei o que se respirava e como era o carácter do Barreiro, muito dominado pela actividade industrial e agora que isso acabou, faz uma grande diferença.

Que mensagem é que esta exposição pretende transmitir?

Que todas as vozes de protesto devem ser ouvidas e que o protesto é sadio para a democracia, essa é a mensagem essencial.

Esta exposição apresenta um 25 de Abril mais popular, das pessoas particulares. Acha que hoje, passados 44 anos, a “malta” está suficientemente agitada?

Não, muito longe disso. Nós temos uma tradição de protesto cívico mas não é muito significativa. As pessoas as vezes iludem-se, temos o raio da mania do consenso e isso impede a ideia de protesto.

Jacinto Pereira, porquê esta exposição e nesta data? É uma forma de a Baía do Tejo se associar às comemorações da Revolução?

Esta data foi sugerida pelo doutor Pacheco Pereira e o objectivo da Baía do Tejo foi associar-se a este tipo de iniciativas, o que nota, aliás, e sublinha a grande importância de trazer para dentro do Parque Empresarial estes projectos, como a Ephemera, no sentido de dinamizar a cultura neste espaço, conseguindo associar a actividade económica com a cultura e com as artes. Depois tem um segundo objectivo que é para nós extremamente importante e que tem sido uma linha de orientação, que é abrir o parque à cidade. Este foi um território que esteve fechado muitos anos e finalmente está, definitivamente, a chamar a população a si.

A parceria com a Ephemera e com Pacheco Pereira dá um cunho mais ideológico à intervenção cultural da Baía do Tejo?

Não é esse o objectivo, não é essa a missão, não é essa a intenção, nem pode ser. A Baía do Tejo é uma empresa que gere parques empresariais e por isso o nosso objectivo é, acima de tudo, dinamizar a actividade económica. Se conseguirmos conciliar a actividade económica, trazer mais investimento e mais empresas para dentro do parque com mais actividade cultural, com mais indústrias nas áreas da artes, nesta lógica daquilo que temos vindo a consolidar, que é o cluster das indústrias criativas, tanto melhor.

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