A presidente dos democratas-cristãos visitou a unidade hospitalar e não gostou do que viu, lançando críticas à tutela. “Vimos aqui uma urgência completamente sub-dimensionada, muito pequena, com muitas macas nos corredores”, lamentou
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, exige a concretização do projecto de investimento de oito milhões de euros no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde testemunhou doentes em macas nos corredores e uma urgência “completamente sub-dimensionada”.
“O que vimos aqui foi uma urgência completamente sub-dimensionada para as necessidades, muito pequena, com muitas macas nos corredores, com muitas macas no serviço de observação. Mostram-nos tudo, sem nos esconderem nada, precisamente para nos sensibilizarem para a necessidade de haver um investimento nesta área dos serviços de urgência”, afirmou Assunção Cristas, durante uma visita realizada na terça-feira à unidade hospitalar, no âmbito das Jornadas Parlamentares do CDS.
“Foi pedido ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Finanças, o Ministério da Saúde disse que sim, mas as Finanças disseram que não, e, portanto, ainda não têm luz verde para avançar com este investimento”, adiantou a centristas aos jornalistas.
Assunção Cristas visitou o hospital acompanhada pelo líder parlamentar, Nuno Magalhães, as deputadas Ana Rita Bessa, Isabel Galriça Neto e Teresa Caeiro, entre outros deputados. A líder do CDS reiterou que a situação deste e outros hospitais que tem vindo a visitar confirmam que “o Governo consegue atingir determinados resultados [orçamentais] à custa da degradação dos serviços públicos”.
Após a visita, Assunção Cristas seguiu para a Praça Bocage, no centro de Setúbal, de onde partiu para uma volta pelas ruas de comércio, entregando aos lojistas e transeuntes o panfleto da iniciativa “Ouvir Portugal”, em que convida as pessoas a fazerem chegar ao CDS as suas sugestões, por e-mail, carta ou Facebook.
“Não é campanha, é “Ouvir Portugal”, disse a um lojista desiludido com o desempenho do centrista Paulo Núncio enquanto secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo PSD/CDS. O proprietário da ourivesaria, que dizia ter votado em 2011 no PSD, afirmava-se desiludido com a política e os políticos e dirigia sobretudo as críticas à actuação da máquina fiscal, com exigências ao nível da facturação e multas pesadas. “Eu compreendo que nas dificuldades em que o país estava tivessem de aumentar os impostos, mas o problema foi que foi só para os pequeninos”, dizia o proprietário da ourivesaria.
Assunção Cristas demorou cerca de dez minutos com aquele desiludido do anterior Governo, negou que tivesse sido “só para os pequenos”, acusou o actual Governo de dar “borlas fiscais à GALP e à EDP”, mas também mostrou solidariedade para com as queixas a Paulo Núncio. “Amigos meus e família também me deram na cabeça e como ministra da Agricultura também sofri com o Paulo Núncio, tentei mudar algumas coisas e resolvi algumas”, afirmou.
Falar para os jovens setubalenses
As Jornadas Parlamentares do CDS decorreram até ontem em Setúbal e, na véspera, Cristas não deixou passar em claro a oportunidade de pedir ao partido para que fale para os jovens em Setúbal.
A presidente centrista insistiu na necessidade de o partido “falar para todos”, em particular aos jovens do distrito de Setúbal, onde “disruptivo para as novas gerações é ser do CDS”.
“Se temos de falar para todos, e estamos a falar para todos, devemos ter, nomeadamente aqui no distrito de Setúbal, uma particular preocupação para falar para os mais novos”, defendeu Assunção Cristas.
De acordo com a líder centrista, quem vota pela primeira vez e “o registo que tem é o de um primeiro-ministro que não ganhou as eleições, mas tem uma maioria parlamentar de suporte”, está mais receptivo à ideia do fim do voto útil, de que “em 2019 o voto é livre”.
“Há dois anos, lembro-me da sessão que aqui tivemos para ouvir os militantes para escrever a moção ao Congresso. Nessa altura ouvi aqui no distrito de Setúbal algo muito inspirador: o que é novo, o que é de século XXI no distrito de Setúbal, o que é disruptivo para as novas gerações é ser do CDS, porque do PCP e do PS já são os pais e os avós”, contou.
CDS vai apresentar pacote legislativo sobre justiça
Ontem, no encerramento das jornadas, Assunção Cristas anunciou que os centristas vão apresentar um pacote legislativo sobre justiça, concentrado na agilização, que é uma contribuição para o pacto no sector, em resposta ao apelo do Presidente da República.
“Entendemos que, quando alguém fala em ter um pacto para a justiça e envia um documento para o parlamento, é nosso dever também contribuir com o que temos vindo a desenvolver ao longo dos últimos meses”, defendeu.
A líder do CDS disse que o pacote legislativo sobre justiça será apresentado em agendamento potestativo na Assembleia da República, que deverá ser marcado para o dia 01 de Março.
“São aspectos muito práticos que querem resolver problemas muito concretos nas várias áreas processuais, para podemos ter uma melhor justiça que servirá certamente todos os cidadãos e todas as empresas”, concluiu.