29 Junho 2024, Sábado

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Antigo presidente da Assembleia Municipal acusado de esmurrar polícia

Antigo presidente da Assembleia Municipal acusado de esmurrar polícia

Antigo presidente da Assembleia Municipal acusado de esmurrar polícia

António Paracana refuta versão policial e diz-se vítima de ataque “selvático”. PSP garante que agente foi agredido na cara com um soco e várias vezes insultado pelo ex-autarca e advogado, a quem acusa ainda de ter resistido a ordem de detenção

 

 

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António Paracana, 65 anos, antigo presidente da Assembleia Municipal do Montijo, é acusado de ter esmurrado a cara de um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP). A ocorrência foi registada pelas 23h50 de domingo, junto à Rua Miguel Pais, e culminou com a detenção do ex-autarca – e advogado há mais de 40 anos –, que nega “por completo” a versão apresentada pela polícia, dizendo ter sido vítima de ataque selvático.

Um problema de trânsito com um autocarro, na penúltima noite das Festas Populares em Honra de S. Pedro, no centro da cidade, esteve na base de um diálogo entre os intervenientes que viria a ter desfecho inesperado.

Segundo fonte do Comando Distrital de Setúbal da PSP, dois elementos da polícia foram auxiliar a manobra de um autocarro que não conseguia passar no local, devido a uma viatura que ali se encontrava mal estacionada. António Paracana, de acordo com a PSP, seguia num veículo que estava logo atrás do autocarro.

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“Ele estava dentro do carro e começou a reclamar. Foi aconselhado a fazer inversão de marcha, senão o autocarro não sairia dali. Acatou o conselho, mas passados dois ou três minutos surgiu, já a pé, junto do agente, dizendo que este estava a fazer mal o seu trabalho”, relata a mesma fonte, adiantando: “O agente avisou-o então para que saísse do meio da faixa de rodagem e ele reagiu com vários impropérios. Resistiu a deslocar-se para o passeio e o agente acompanhou-o. Os insultos foram aumentando e o agente alertou-o – ‘Veja lá o que está a dizer’. E sem que nada o fizesse prever agrediu o agente com um soco na cara, quando já se encontravam no passeio”.

A PSP afirma que foi nesse momento que foi dada “ordem de detenção” a António Paracana e acusa o advogado de ter mantido uma conduta hostil.

“Não colaborou na detenção, foi necessário chamar ajuda para o deter, não colaborou no transporte nem no interior da esquadra. Recusou identificar-se e recusou-se a fazer o teste de alcoolemia”, afirma ainda a mesma fonte.

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“É tudo mentira”, diz António Paracana

O antigo presidente da Assembleia Municipal do Montijo, em declarações a O SETUBALENSE, repudia as acusações de que é alvo e diz que “a versão da polícia deturpa completamente os factos”.

“Tiveram uma atitude selvática e perceberam seguramente o problema em que estão metidos. A versão da PSP é completamente mentira. Não tive qualquer expressão injuriosa. Não atingi o agente na cara nem em qualquer parte do corpo. Não tive sequer qualquer gesto que pudesse indiciar essa intenção. Desta vez têm azar, tiveram azar lá em cima em Guimarães e têm azar agora, porque há imagens filmadas e inúmeras testemunhas”, alega António Paracana, acrescentando: “Não me mandaram soprar o balão, é pura mentira.”

“Não desobedeci a qualquer ordem. Estacionei o carro, ia a pé para a festa e verifiquei que no cruzamento que vem da Rua Miguel Pais estava um autocarro parado, obstaculizado por um outro veículo. Limitei-me a dirigir a um dos agentes e disse-lhe baixinho: ‘Ó senhor agente, se cortassem o trânsito ali em cima, evitavam esta confusão’. Limitei-me a dar-lhe apenas uma sugestão, a tratá-lo por senhor agente – aliás, conheço-o como ele também me conhece –, não utilizei qualquer expressão mais inadequada”, reforça.

“Quando repeti a sugestão, ele respondeu: ‘Já lhe disse para sair da estrada. Saia da estrada’. E deu-me um empurrão para cima do passeio. Não caí nesse momento e perguntei ao senhor agente, António Botas, por que me estava a empurrar. E ele lançou-se sobre mim, jogou-me ao chão, saltaram-me os óculos, fiquei de barriga para baixo, colocou-me o joelho nas costas, comprimiu-me com toda a violência contra o chão, puxou-me o braço direito para trás, com a outra mão puxou-me a cabeça para trás e fiquei ferido e marcado”, conta, garantindo que apenas pediu auxílio.

“Eu só dizia: ‘ajudem-me, filmem, socorro’. E disse várias vezes ao agente que me estava a magoar muito, que me estava a partir o braço. Passei um momento de pânico autêntico, vivi um momento de terror, ali”, revela, adiantando a concluir: “Eu estava apavorado e dirigi-me ao agente Borralho e pedi para que não me algemassem. ‘Por favor não me humilhem desta maneira’, disse-lhe. Mas fui algemado, com as mãos atrás das costas de tal forma apertadas que fiquei com os pulsos feridos.”

António Paracana, que foi constituído arguido tendo saído pelas quatro horas da manhã da esquadra com termo de identidade e residência, apresentou-se esta terça-feira, pelas 10h00, a tribunal para ser ouvido, mas a audiência foi adiada devido à greve dos serviços do Ministério Público.

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