Alfredo da Silva: o homem que revolucionou o Barreiro

Alfredo da Silva: o homem que revolucionou o Barreiro

Alfredo da Silva: o homem que revolucionou o Barreiro

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Criador da CUF foi considerado o “primeiro grande industrial do país e parte do seu legado ainda está à vista de todos. Hoje descansa num majestoso mausoléu situado junto à sua obra

 

Alfredo da Silva, também apelidado de “capitão da indústria”, foi um dos protagonistas que marcaram a história do país e em particular do concelho do Barreiro, onde milhares de pessoas residentes na região, encontraram na Companhia União Fabril (CUF) os seus postos de trabalho durante as várias décadas que marcaram o século XX. Num desabafo feito durante o período da revolução de Outubro de 1921, o também comerciante e financeiro, afirmou trabalhar “sem descansar”, num território que mais tarde viria a sofrer grandes transformações, tornando-se na Quimiparque e, mais recentemente, no parque empresarial Baía do Tejo.

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“Trato da minha vida”, mas também “trato da vida dos outros”, afirmou aquela que é uma das maiores figuras do século passado. “Esforço-me para que não paralisem as fábricas que dirijo”, afirmou um dia, assegurando que aos seus operários nunca “faltou pão e trabalho”. Mais do que uma espécie de milionário, Alfredo da Silva sempre desenvolveu as suas capacidades de chefia, que mais tarde e após a sua morte, motivaram a criação (1965) de uma estátua em sua homenagem no centro da cidade, junto ao Parque Catarina Eufémia. O menino que em 1874 vivia em plena baixa lisboeta, estudou no Liceu Francês, tendo posteriormente ingressado no mundo dos negócios.

Uma das frases mais célebres do “patrão” da CUF acabaria por demonstrar como seria o percurso da sua vida. “Nasci industrial, sempre quis ser industrial, e hei de ser industrial até morrer”, afirmou com grande convicção. Contudo, como é referido em várias obras sobre a sua vida, “nem tudo foi um mar de rosas” dada a concorrência existente com outras empresas do mesmo ramo.

Barreiro teve das “mais poderosas unidades fabris do país”

Ainda assim, em 1900, a CUF acabaria por receber uma medalha de ouro na Exposição Universal de Paris, tendo, entretanto, sido erguidos diversos pavilhões no Barreiro, constituindo-se como “uma das mais poderosas unidades fabris” a nível nacional. Como demonstra um postal ilustrado da primeira década do século XX, é possível ver “o complexo fabril da CUF já finalizado”, dando uma “inesperada animação” àquela zona do distrito.

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Entre o património existente, contavam-se fábricas de ácido sulfúrico, ácido clorídrico e de adubos, para além de armazéns de superfosfatos e de diversas matérias-primas, laboratórios, múltiplos escritórios, um armazém de aparelhos eléctricos e carpintaria, edifícios destinados a acolher estações para os caminhos-de-ferro, que estabeleciam as ligações com o interior e sul do país e até um posto médico, entretanto demolido aquando das transformações ocorridas no processo de desindustrialização do espaço enquanto Quimiparque. Ao longo dos anos com o fim das indústrias, foram também desaparecendo os famosos nevoeiros de poluição existentes aquela área.

Aquele que foi um “impulsionador” da economia, defendeu que “precisamos exactamente de trabalhar mais, criar, produzir, estimular todas as forças económicas e não cultivar a preguiça”. Em paralelo, naquele concelho, iam sendo criados espaços que também ficaram escritos na história da cidade, como o bairro operário e o refeitório da CUF, que acabaram por modificar aquele território e tornar-se na “menina dos olhos” de Alfredo da Silva, que chegou a pernoitar várias noites no Barreiro, em vez de regressar à sua casa de Sintra, já que era pouco o tempo para respirar “entre visitas às fábricas e deslocações ao estrangeiro”.

Mausoléu “Capitão da indústria repousa na Baía do Tejo

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Nascido em 1871, o industrial viria a falecer em 1942, na sequência de deficiência cardíaca, tendo sido homenageado por centenas de trabalhadores durante o seu funeral. Entretanto, os seus restos mortais foram transladados do cemitério do Alto de S. João, em Lisboa, para o Barreiro (em Agosto de 1944), onde descansa até ao presente, no majestoso mausoléu que foi construído junto ao complexo industrial, no Lavradio.

No local, pode ler-se a inscrição: “Alfredo da Silva repousa junto da obra que criou e vela pela sua continuidade”. Como é natural, são vários os espaços que, naquela cidade, perpetuam o seu nome, caso de uma escola secundária, um estádio desportivo e a própria avenida central onde está implantada a sua estátua.

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