Nuno Maia quer ver o tema no topo da agenda política no que resta desta campanha eleitoral
O tempo para decidir começa a escassear e a Península de Setúbal encontra-se numa encruzilhada. “Dentro de uma década, pode ser uma próspera zona industrial de referência, como Estugarda, ou um território com as dificuldades de Detroit”, afirma Nuno Maia, director-geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), a propósito do silêncio “ofensivo” do Governo em relação à criação da NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos) II e III para a região, que garanta um justo acesso a fundos comunitários.
O tema tem estado fora da agenda política em plena campanha eleitoral e o responsável, em carta aberta publicada no jornal Público, lançou um apelo aos candidatos a autarcas e aos cidadãos da Península de Setúbal.
“Apelamos aos candidatos que não sejam cúmplices com essa atitude e que exijam uma resposta do Governo. Essa é também uma exigência que os cidadãos da Península de Setúbal devem fazer aos candidatos de todos os partidos… que todos se pronunciem, de modo claro e inequívoco, sobre esta questão vital para que empresas, instituições e autarquias dos nove concelhos possam voltar a ter, com a maior urgência, acesso aos fundos estruturais europeus”, desafia o director-geral da AISET.
Até porque, considera na mesma carta, esta campanha eleitoral “é uma última oportunidade de debater com seriedade as opções e forçar o Governo a assumir as suas responsabilidades pelo caminho que vier a ser tomado”.
Apesar de todos os autarcas e deputados estarem a favor da restauração da NUTS Península de Setúbal, o assunto “não tem encontrado eco na campanha eleitoral”. Todos estão de acordo mas tudo está por resolver “Nem o PS usou o tema em relação àquilo que o Governo disse que ia fazer, nem as oposições indagaram os candidatos socialistas sobre a matéria”, lamenta Nuno Maia, em declarações a O SETUBALENSE.
Ao mesmo tempo, lembra que os deputados “votaram a 9 de Junho, por unanimidade, na Assembleia da República, uma resolução para que as NUTS fossem criadas” e que os autarcas da região, a par de dezenas de instituições, “subscreveram uma carta aberta endereçada ao primeiro-ministro a 21 de Julho a solicitar a resolução urgente do problema”.
Porém, até ao momento, nada se concretizou. E face ao silêncio de António Costa, o director-geral da AISET atira: “Achamos pouco democrático que uma carta aberta e um pedido de audiência ao primeiro-ministro mereça apenas uma linha de resposta a transmitir que não é possível o agendamento. Parece-nos pouco democrático que não exista uma explicação para a não decisão.”
Já para o desaparecimento da questão da agenda pública dos candidatos a autarcas, o responsável diz não encontrar resposta. “Compreendemos que o silêncio tem um valor político, mas não percebemos as razões desse mesmo silêncio”, confessa.
No apelo lançado no Público, Nuno Maia deixou ainda um reparo aos candidatos. “Sem os meios financeiros comunitários para fazer face a uma década de falta de investimento, é grotesco fazer vãs promessas de pavilhões multiusos, parques temáticos, mobilidades eléctricas, vastas zonas verdes, incubadoras de empresas ou rotundas mais ou menos inteligentes”, considera.
“Isso é como estar a prometer omeletes sem ter ovos. É um paradoxo”, disse, a concluir, a O SETUBALENSE.