Na apresentação do livro ‘Américo Aguiar’, cardeal defendeu união de esforços para mudar a ideia que o País faz de Setúbal
O cardeal Américo Aguiar, novo bispo de Setúbal, acha que o País tem uma ideia “negativa” da península de Setúbal e defende que deve haver uma união de esforços para melhorar a imagem da região.
“Os portugueses têm uma ideia parada no tempo daquilo que é Setúbal”, afirmou o prelado este sábado à noite na apresentação do livro ‘Américo Aguiar’, que teve lugar no salão nobre da Câmara Municipal de Setúbal.
O bispo sublinhou que a região já “não é Setúbal dos anos 80”, embora ainda “continuem a haver gritos que fazem eco no nosso coração” e defendeu a necessidade de uma actuação concertada que promova a mudança de imagem da península aos olhos do País.
“Temos que trabalhar todos para acabar com a carga negativa, tóxica, da Margem Sul”, que é uma “injustiça inaceitável” para quem vive e trabalha no distrito. O bispo desafia a região a “inventar qualquer coisa que ultrapasse esse estigma” e adianta que vai começar a reagir: “Vou começar a referir-me ao outro lado [do Tejo] como Margem Norte, a ver se eles gostam”, atirou o cardeal perante uma sala quase cheia e onde estava também o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins.
O autarca de Setúbal falou antes, apenas para “desejar boa sorte ao representante da Igreja na nossa região”. André Martins afirmou que a missão do novo bispo de Setúbal “não é fácil”, uma vez que os anteriores bispos da diocese sadina ficaram como “referências”.
O livro que apresenta o ‘bispo celebridade”
O autor de ‘Américo Aguiar’, apresentou o livro como uma “síntese biográfica” do percurso do cardeal, até à tomada de posse como bispo de Setúbal. O livro, lançado em Setembro, foi já actualizado e, nesta segunda edição, inclui esta última etapa da vida de D. Américo Aguiar. É a “secção do choco frito”, como lhe chamou o próprio bispo, em tom de brincadeira.
No entender de João Francisco Gomes, o prelado tornou-se numa das figuras mais relevantes da Igreja portuguesa e a principal, em Portugal, para compreender a actuação do Papa Francisco. Algo que o autor constata através da ascensão meteórica de Américo Aguiar.
“Foram estes quatro anos que o catapultaram e o tornaram numa espécie de ‘bispo celebridade’ e “um dos portugueses mais próximos do Papa”, destaca.
João Gomes sustenta que a nomeação para a diocese de Setúbal, que é agora a única do País a ter um cardeal como bispo, não é uma surpresa mas sim a confirmação da renovação que o sumo pontífice tem vindo a fazer no colégio cardinalício.
“O que o Papa tem procurado fazer é, por um lado, diversificar a origem dos cardeais, que já não são só europeus, italianos, bispos com cargos na cúria romana, não são apenas bispos das grandes arquidioceses, das capitais, são cada vez mais bispos de pequenas dioceses, fora de Itália e da Europa, que conhecem o terreno. Isso permite ao Papa ter um colégio cardinalício muito mais representativo da diversidade dos católicos.”, sustenta o jornalista.
“Olhando agora para esta situação relativamente caricata que se cria em Portugal, que é o bispo de Setúbal é um cardeal mas, por exemplo, o patriarca de Lisboa não é, é apenas um sinal, uma demonstração desta realidade que o Papa tem vindo a fazer um pouco por todo o mundo”, conclui o autor do livro.
