Um texto muito difícil, com muitas nuances, em que o tema do amor é central a todo o espectáculo
O auditório municipal do Fórum Cultural do Seixal recebe de 13 a 17 de Junho, às 21h30, a peça “Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu Jardim”. Um texto de Federico Garcia Lorca, traduzido por Eugénio de Andrade e encenado por Maria João Luís.
Esta é a segunda vez que o Teatro da Terra leva à cena um texto de Lorca. Por sinal, “um texto muito difícil, com muitas nuances, em que o tema do amor é central a todo o espectáculo”, diz Maria João Luís. E levantando um pouco mais a ponta do véu, a actriz e encenadora descreve que em palco se vai sentir e observar como o amor “é capaz de influenciar a vida das pessoas; jogar com a vida dos homens”. E assume: “É um tema que sempre me fascinou”.
Reforça Maria João Luís, que Dom Perlimplim “é um texto delicioso, muito poético acompanhado pela composição e direcção musical de José Peixoto. “Uma música linda que, só por ela, vale apena vir ao espectáculo”.
Com António Simão, Filipa Leão, Marina Albuquerque, Rita Rocha Silva, Teresa Faria e Teresa Tavares em palco, a encenadora colocou neste trabalho “toda a alma”, como, aliás, sempre faz. “Coloco o meu olhar sobre as coisas e o das pessoas que trabalham comigo”.
E do público, acredita que vai estar atento desde a primeira hora em que a peça se desenrola em palco. “Espero que o público, depois do espectáculo, sinta que todo ele foi feito com muito amor”, comenta Maria João Luís.
Descreve a sinopse da peça que Dom Perlimplim, homem de meia-idade, abastado, mas inexperiente nos negócios do amor, deixa-se convencer pela sua criada a casar com uma jovem muito mais nova, sua vizinha.
Belisa é manipulada pela mãe para alinhar num casamento de conveniência, sem a paixão que cultiva com um correspondente anónimo. A viúva, cuja única preocupação é assegurar a sua estabilidade económica, alicia a filha para um casamento recheado, com a possibilidade de atrair outros homens, augurando a infidelidade da filha.
Dom Perlimplim não acredita no futuro da sua relação com a mulher e, desiludido, dispõe-se a morrer por ela, revelando ser ele o amante anónimo por quem Belisa se apaixonou, para grande infortúnio desta.
“Lorca quer o drama no público, não nas personagens, cujos traços característicos são habilmente desconstruídos, para que a nossa percepção se debata com a visão de um mundo à frente do seu tempo, que o poeta projecta”, refere a sinopse.
