25 Abril 2024, Quinta-feira
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Colegas do Centro Jovem Tabor confessam homicídio de Lucas Miranda [actualizada]

Leandro Vultos disse ter asfixiado o jovem de 15 anos até à morte e Ricardo Cochichos admitiu ter ajudado a simular o suicídio

 

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Leandro Vultos e Ricardo Cochicho, os dois colegas acusados da morte de Lucas Miranda, o jovem de 15 anos asfixiado até à morte junto ao Centro Jovem Tabor, confessaram na manhã de ontem, no Tribunal de Setúbal, o homicídio do colega com quem estavam institucionalizados.

Enquanto Leandro Vultos disse ter asfixiado Lucas Miranda até à morte, Ricardo Cochicho afirmou ter ajudado a simular o suicídio num pacto gizado entre os três a pedido da vítima. Perante o tribunal de júri, Leandro Vultos admitiu ainda o crime que foi feito a pedido da vítima após insistência durante semanas.

“O Lucas estava bastante frágil, a sofrer e queria que o matasse. Logo nos primeiros dias que chegou à instituição pediu a todos para o matarem. Eu acedi ao pedido por compaixão”, disse Leandro Vultos.

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O jovem referiu ainda ter denunciado a técnicas da instituição a insistência de Lucas Miranda em matar-se e até uma tentativa de suicídio. “Ninguém valorizou o que disse, ele saltou das escadas um dia para se matar e chamei à atenção a directora do centro, mas ninguém quis saber”.

Já Ricardo Cochicho, acusado de cumplicidade no homicídio, admitiu ter participado no plano e chorou quando foi confrontado com imagens do crime. “Ele pediu a todos para o matarem e nós acedemos. Não consigo explicar porquê, até hoje tento encontrar uma resposta, só sei que estou bastante arrependido”.

Pancada na cabeça “não coincide” com queda no poço

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O perito de medicina legal que realizou a autópsia ao corpo de Lucas Miranda afirmou esta quarta-feira em tribunal que a vítima sofreu uma forte pancada na cabeça, que o fez perder a consciência, e que só depois foi asfixiado até à morte.

“A pancada foi dada com muita violência, antes da morte, e não coincide com a queda no poço depois da morte”, explicou. O perito não soube especificar quanto tempo antes da morte foi dada a pancada com um objecto contundente, “uma tábua ou um ferro”.

Contudo, os dois arguidos, Leandro Vultos e Ricardo Cochicho, negaram na manhã de ontem ter desferido qualquer pancada em Lucas Miranda, apenas assumindo a asfixia. A directora técnica do Centro Jovem Tabor, por sua vez, desmentiu os arguidos sobre estes informarem técnicas da vontade que Lucas Miranda tinha de morrer e ainda avançou que Leandro Vultos era bastante violento.

“Chegámos a solicitar ao tribunal para que fosse realizada uma perícia de personalidade ao Leandro [Vultos], pois era bastante problemático e violento. Queria perceber se ele precisava de outro tipo de ajuda que o nosso centro não pode daA directora técnica do centro acrescentou que na única vez que falou com Lucas Miranda, após uma das suas fugas, que este lhe pediu para ser transferido.

“Ele dizia que ninguém gostava dele, referia-se aos pais, e que queria ir para junto dos amigos, no Barreiro, mas nunca falou em suicídio”, afirmou.

Enquanto isso, Alexandra Andrade, assistente social do Centro Jovem Tabor, testemunhou em tribunal que Lucas Miranda entrou na instituição frustrado com a família por o ter institucionalizado. “Ele mostrou alguma agressividade em momentos em que fugia”, disse. Ainda assim, não o tinha como pessoa com tendências suicidas.

O crime ocorreu no dia 15 de Outubro de 2020. Duas semanas antes, Lucas Miranda foi colocado no Centro Jovem Tabor contra a sua vontade e por decisão de sua mãe adoptiva, o que motivou inconformismo e tristeza por se sentir rejeitado, lê-se na acusação do Ministério Público. Ao longo de vários dias fugiu, mas era sempre encontrado. No centro, dizia aos colegas que queria morrer, explicando que queria ser enforcado.

De acordo com a acusação, os arguidos Leandro Vultos e Ricardo Cochicho entenderam tais desabafos como um pedido de Lucas Miranda para que o matassem. Assim, dois dias antes da morte, Leandro Vultos perguntou-lhe se queria experimentar a sensação de perder os sentidos, através do golpe mata leão, que consiste em colocar-se por detrás deste, passar-lhe um braço pelo pescoço e apertá-lo até que o mesmo perdesse os sentidos.

Assim feito e depois de recuperar os sentidos, os dois arguidos perguntaram se tinha a certeza de que era aquilo que queria, respondendo Lucas Miranda afirmativamente.

No dia seguinte, regressaram e repararam que o ramo do sobreiro tinha cedido e Lucas Miranda já tinha os joelhos no chão. Assim, assumindo que a polícia não ia acreditar no suicídio, decidiram enrolar o corpo num lençol e atiraram-no a um poço.

Foi dado o alerta para o desaparecimento, mas os dois jovens nunca admitiram o que fizeram. O corpo viria a ser descoberto meses depois, em Fevereiro de 2021, pela Polícia Judiciária de Setúbal, após denúncia de um dos jovens ao pai, que se dirigiu à PJ e contou.

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