28 Abril 2024, Domingo
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“Tenho a vida completamente destruída”

Os relatos dos funcionários da Palvidas, que mesmo sem ordenados aparecem no trabalho por apreço aos doentes que transportam

 

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Nos últimos três meses os funcionários da Palvidas, empresa de transporte de doentes com sede em Palmela, não terão recebido os respectivos salários. A denúncia é feita pelos próprios trabalhadores, ao informarem que os seus ordenados estão em atraso e que a direcção não garante quando é que será feito o pagamento dos mesmos.

O primeiro relato que chegou a O SETUBALENSE apontava para algumas pessoas que não estarão a receber salários, mas rapidamente se percebeu que a situação abrange praticamente todos os funcionários, que mesmo sem receber não deixam de ir trabalhar. Várias queixas foram realizadas e outros funcionários foram contactados por O SETUBALENSE, com algumas das chamadas a não serem atendidas ou retribuídas, umas porque os funcionários pensaram que seria para fazer cobrança de dívidas, sendo que outros simplesmente tiveram medo de falar.

As histórias de quem passa fome, mas não deixa de trabalhar

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Dos relatos que chegaram a O SETUBALENSE, grande parte surgiu em tom de desespero, com as pessoas a confessarem que não estão a conseguir manter-se ‘à tona’. Com o passar do tempo, tornou-se perceptível que grande parte destes funcionários vivem em casas alugadas, tendo no pagamento da renda um enorme problema. “Há três meses que não pago renda. Estou perto de ser despejado”. Esta foi uma das maiores problemáticas apresentada.

“Existem casais que trabalham nesta empresa, levando a uma casa sem fonte de rendimento, algo que parece não preocupar a direcção”, referiram alguns dos funcionários, que apenas pediram, de forma constante, que se pudessem manter anónimos, com medo de possíveis represálias.

“A comida que tenho em casa está a acabar, vou ser despejado a qualquer momento e não sei o que fazer. Tenho a minha vida completamente destruída”. Depoimentos que demonstram a situação que se vive na empresa palmelense. Questionados do porquê de continuarem a trabalhar, a resposta foi quase unânime. “Continuamos a trabalhar pelos doentes, senão já tínhamos parado. A nossa vida já está em risco, não podemos arriscar a vida dos doentes também”.

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“O patrão continua a andar de Porsche e eu sem ter o que comer”

Os funcionários já receberam várias informações sobre o porquê de não receberem ordenados, mas com o passar do tempo parece continuar sem existir um motivo plausível para esta situação. Inicialmente a empresa informou que o problema estaria “na mão de um banco”, dizendo posteriormente que o dinheiro ficara “retido na Caixa Geral de Depósitos”.

De acordo com os funcionários, existiram algumas reuniões com a direcção, que foi dando várias datas em que alegadamente realizaria os pagamentos em atraso, mas estes foram constantemente adiados. Nessas reuniões sempre foi pedido aos funcionários para que não deixassem de trabalhar, utilizando-se o mesmo argumento. “Se não pararem de trabalhar fazemos dinheiro para vos conseguirmos pagar”.

Alguns funcionários revelaram que a chefia já deixou de atender os telemóveis, sem nunca deixarem de se mostrar em carros de luxo. “Continuam a andar de Porsche e a mostrar arrogância, mas eu não tenho o que comer”. Até à data a empresa não se mostrou disponível para iniciar o pagamento dos salários, o que leva alguns funcionários a atingir o limite.

Certos trabalhadores estão a dar uma última oportunidade à empresa, antes de avançarem para a via judicial. O SEUBALENSE tentou contactar, por diversas vezes a empresa, mas até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.

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