20 Abril 2024, Sábado
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Associações solidárias e Câmara de Almada conjugam apoio a cuidadores informais do concelho

Projecto “Tempo para si” foi pensado entre a autarquia e Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, conta com a Associação de Paralisia Cerebral de Almada Seixal

 

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Ir a uma consulta médica, fazer compras no hipermercado ou tomar banho são tarefas aparentemente simples para a maioria das pessoas, mas que se tornam num desafio para quem tem alguém dependente a seu cargo.

Um estudo realizado em 2020 pelo Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais identificou 1,4 milhões de cuidadores informais em Portugal que vêem a vida marcada pela ansiedade, depressão e isolamento.

A pensar no descanso destas pessoas no concelho de Almada, o projecto “Tempo para si”, idealizado pela Câmara Municipal de Almada e pela Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM), nasceu, em 2021, para suportar cuidadores informais.

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A iniciativa, levada a cabo pela Associação de Paralisia Cerebral de Almada Seixal (APCAS), constitui uma ajuda para que cuidadores possam usufruir de momentos de lazer, enquanto enfermeiros, devidamente qualificados, se propõem a acompanhar as pessoas cuidadas no domicílio destas.

“É um projecto muito pertinente”, explica o Presidente da APCAS, José Patrício, “Estas pessoas precisam de tempo para si, para a sua vida e, acima de tudo, para a sua saúde mental. Só assim é que conseguem continuar a cuidar de quem têm em casa”.

Enfermeira Rute Gomes diz que os cuidadores informais atingem elevados níveis de exaustão

Sem disponibilidade de conciliar o apoio com a vida profissional, muitos são os cuidadores com um rendimento reduzido, sem apoios financeiros contemplados.

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Com esta dificuldade presente, o “Tempo para si” concebe um serviço que se adapta ao orçamento de cada cuidador. A ajuda não tem limites, podendo ser activada a qualquer dia da semana, durante o tempo necessário.

“Para a maior parte das pessoas não existe qualquer custo associado. Das inscrições que temos, só uma pequena parte é que paga 20% do serviço que corresponde a três euros por hora requerida”, afirma o responsável pela associação.

Para quem cuidar faz parte do ADN

Para Rute Gomes, cuidar faz parte do seu ADN. É enfermeira há nove anos e voluntária na APCAS desde a formação da associação, em 2011. Concilia o emprego no Hospital Garcia da Orta, em Almada, com o auxílio a três cuidadores informais e está ciente do contributo que tem na vida destas pessoas.

“Um dia, cheguei a casa de uma cuidadora e a única coisa que me pediu foi para tomar conta da mãe enquanto tomava banho sossegada. Quando alguém nos identifica esta necessidade, para nós tão básica, percebemos a exaustão que deve sentir”.

O trio de utentes de quem cuida tem necessidades geriátricas e, não obstante a idade avançada e as “rotinas próprias”, Rute assume que a vontade de atenção supera os obstáculos da desconfiança.

“Habitualmente, as famílias estão totalmente disponíveis a acolher-nos. Estas pessoas estão habituadas a ter conforto e dedicação. A partir do momento em que lhes damos atenção, também captamos a atenção, acabando por marcar a diferença”.

Apenas nove cuidadores requereram ajuda

Para um projecto que está em vigor desde Setembro de 2021, José Patrício considera que o número de inscrições, até ao momento, é reduzido. Somente nove cuidadores informais recorreram à ajuda de “Tempo para si”, sendo que, apenas três estão realmente a usufruir do serviço.

“Esperávamos que o ritmo de candidaturas fosse diferente. Não sei se é a comunicação que está a falhar ou o facto de contemplar uma comparticipação por parte do requerente, mas é preciso que se entenda que cada caso é analisado ao pormenor e quem tem dificuldades financeiras não paga absolutamente nada”.

Ao longo do projecto, a APCAS garante a formação contínua de enfermeiros, aptos a responder às necessidades de cada pessoa, e procura organizar uma apresentação prévia entre a família e o profissional para quebrar as barreiras da desconfiança, problema que José Patrício garante existir.

“Uma cuidadora idosa inscreveu-se e, de seguida, anulou a inscrição porque a pessoa a seu cargo não tinha confiança. Isto pode acontecer. As pessoas cuidadas podem colocar entraves a serem acompanhadas por terceiros, colocando um grau de exigência elevado ao cuidador. É isto que torna estes projectos tão necessários”, sublinha.

Inquérito Distrito de Setúbal é o terceiro do País com mais cuidadores informais

Em 2020, o Movimento Cuidar dos Cuidadores Informais, realizou um inquérito, que contou com 1 113 repostas, de forma a conceber um retrato fidedigno da situação dos cuidadores informais em Portugal.

De acordo com os dados disponibilizados, apurou-se que Setúbal representa o terceiro distrito do País com maior percentagem de cuidadores informais (9,2%), antecedido pelo Porto (17,9%) e Lisboa (24,9%), sendo que são sobretudo mulheres, com idade entre os 25 e os 54 anos que se tornam cuidadores informais a tempo inteiro.

90,5% dos indivíduos inquiridos afirma gostar de ter mais tempo para voltar a ter as suas rotinas antes de ser cuidador e 75,4% sofreu alterações na dinâmica familiar para poder adoptar este papel.

“A minha família ficou de parte. Não acompanho a evolução da minha filha nos estudos, a minha própria casa fica mais desarrumada porque todo o tempo livre, tirando o meu trabalho, é passado a cuidar da minha mãe”, declara uma cuidadora.

No que diz respeito ao apoio disponibilizado, existe um interesse claro em voluntários especializados que possam ajudar (74,4%), sendo que são o auxílio na prestação de cuidados (46,9%) e a ajuda financeira (39,6%) as preferências dos cuidadores.

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