26 Abril 2024, Sexta-feira
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USF du Bocage: “Estamos unidos e felizes por ter abraçado este projecto, mas estamos exaustos, a atingir o limite”

Profissionais dizem ter conseguido ultrapassar este primeiro ano de actividade, iniciado em plena pandemia, com “esforço, união e resiliência”

 

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A Unidade de Saúde Familiar (USF) du Bocage iniciou a sua actividade há um ano, em plena pandemia. Com “esforço, união e resiliência”, os profissionais dizem ter conseguido ultrapassar este primeiro aniversário com sucesso, mas admitem estar “muito cansados”.

“O nosso lema é “Rigor, Profissionalismo e Dedicação”. Estamos unidos e felizes por ter abraçado este projecto e, portanto, essas dificuldades foram sendo superadas, mas estamos exaustos, a atingir o limite”, começou por explicar Augusto Figueiredo Fernandes, coordenador da USF du Bocage, a O SETUBALENSE.

Por se tratar “de uma doença completamente desconhecida, houve muito voluntarismo por parte dos profissionais, que acabou por ter consequências no trabalho diário da unidade”, referiu.

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A funcionar no Centro de Saúde de São Sebastião, em Vale do Cobro, a USF du Bocage conta actualmente com sete médicos, sete enfermeiros e seis secretários clínicos, que acompanham “cerca de 12 mil e 500 utentes”.

No entanto, com “a solicitação de enfermeiros para outras tarefas, relacionadas com o processo de vacinação”, muitos têm sido os dias em que ficam “apenas três profissionais a trabalhar”.

“Na fase mais aguda da pandemia, foram canceladas uma série de consultas, apesar de termos continuado a ver as situações inadiáveis, como as grávidas, saúde infantil e diabéticos. O acompanhamento e o trabalho de equipa foram muito prejudicados”, explicou o médico.

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Para Augusto Figueiredo Fernandes, “deveriam de ser utilizados todos os mecanismos e profissionais capazes de fazer a vacinação, para libertar os enfermeiros das unidades”, ideia reforçada pela enfermeira Cláudia Alves.

“Estou a falar de farmacêuticos, veterinários, enfermeiros do hospital, desempregados ou que tiveram alguma prática na sua profissão, visto que não é possível exigir muito mais de uma pessoa que trabalha entre 12 e 14 horas por dia, para que no dia a seguir venha fazer o seu horário normal”, sublinhou.

Também a falta de assistentes operacionais tem demonstrado ser “um factor deficitário”, uma vez que estes profissionais “são aos mais essenciais”. “São eles que fazem a desinfecção dos espaços e repõem material. Não é com dois assistentes operacionais, que neste momento é o que nós temos, que resolvemos a situação. As normas ficam dificultadas de serem cumpridas assim”, frisou.

Para colmatar esta carência, “muitas vezes são os próprios profissionais a ter de higienizar os espaços”, referiu a enfermeira Ana Alves. “Somos nós, com esforço e boa vontade, que conseguimos minimizar os riscos para os utentes e para nós”, disse.

Fernanda Gouveia, secretária clínica, rapidamente acrescentou que “no início, ficaram a trabalhar na USF apenas dois profissionais, porque os restantes ou estiveram infectados ou em isolamento”.

“A nível de secretariado não foi fácil. Tivemos de mandar muitos utentes para casa sem serem assistidos. Na globalidade foram tolerantes, também porque sabem que isto não está bem”, afirmou.

Gestão do Centro de Saúde funciona como “um condomínio”

O Centro de Saúde de São Sebastião tem actualmente em funcionamento três unidades: a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de São Sebastião, a Unidade de Saúde Familiar (USF) du Bocage e a Unidade de Saúde Pública.

A sua gestão, explica Augusto Figueiredo Fernandes, funciona “como se fosse um condomínio”, em que “existem espaços comuns e outros que pertencem individualmente a cada unidade”, que conta “com os seus próprios profissionais”.

Na USF du Bocage, estão já a ser “feitas consultas mais ou menos a cada 20 ou 30 minutos”, como estão a ser acompanhados utentes “em saúde materna e infantil”. “Começámos agora a fazer rastreios de cancro do colo do útero e estamos a acompanhar diabéticos nas consultas de vigilância e a fazer as situações agudas e os domicílios”.

O ‘barco’, como classificou Cláudia Alves, tem sido aguentado “com o trabalho em equipa e o esforço de todos”. Ao nível das instalações, o coordenador evidencia apenas “a questão da climatização, que não está garantida”.

No entanto, o médico confirma que “as condições de segurança estão salvaguardadas”. “Em cada sala de espera só podem estar cinco utentes. Fazem fila e uma pré-triagem à entrada. Os corredores são separados, assim como a saída. Portanto, isso não constitui qualquer situação”.

No que diz respeito a material, diz faltar “ainda alguma quantidade, prometida pela ARS [Administração Regional de Saúde] de Lisboa e Vale do Tejo, que está em fase de ser adquirido”.

Saúde mental Augusto Figueiredo Fernandes preocupado com profissionais e utentes

O coordenador da USF du Bocage diz estar “muito preocupado com o agravamento da saúde mental dos profissionais e dos próprios utentes”, caso “a situação retorne ao que estava há uns meses”.

“As pessoas não entendem algumas das medidas tomadas, mas estão profundamente ansiosas e deprimidas e estão socialmente fechadas ou não convivem. Estão também a descompensar em termos do seu estado clínico”, destacou.

Para que o número de casos não continue a progredir, Augusto Figueiredo Fernandes pede à população que “não tenha medo de ser vacinada”.

“A vacinação é fundamental. Só assim, e cumprindo as regras emanadas pela Direcção-Geral da Saúde, é que vamos conseguir ultrapassar esta fase. Se não for assim, vamos entrar em fases piores, até que o vírus se canse”.

Deixa ainda o alerta: “A população tem de ter consciência de que estamos a viver uma pandemia, independentemente de já termos muita gente com o calendário vacinal da covid-19 cumprido. As pessoas têm de perceber de que não vale tudo neste momento. Não podemos voltar já ao normal”.

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