Nova exposição do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal é ode à mulher e à liberdade

Nova exposição do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal é ode à mulher e à liberdade

Nova exposição do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal é ode à mulher e à liberdade

A mostra fica até Agosto no piso térreo do edifício na Avenida Luísa Todi

 

O Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (MAEDS), que dedica habitualmente o mês de Março às questões da mulher, inaugurou, sábado de manhã, a sua mais recente exposição. Este ano, devido à pandemia de Covid-19, o museu esteve encerrado durante esse período e Badia, de Jacira da Conceição, em parceria com o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), marca agora a sua reabertura, ao mesmo tempo que homenageia as mulheres e a liberdade. 

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A artista Jacira da Conceição, nascida em Cabo Verde, começou por partilhar com os presentes o orgulho que sente em ser “uma mulher badia” e em representar, através das peças presentes nesta exposição, “as badias, que garantem que nunca falta nada a si e aos seus e são as primeiras a liderar esse papel”. Vive actualmente em Montemor-o-Novo e acredita que “se consegue aprender, também consegue fazer, e se consegue ambas as coisas então tem tudo o que precisa para continuar a sua caminhada”.

Joaquina Soares, directora do MAEDS, por seu turno, define a artista Jacira da Conceição como “portadora de uma herança cultural aprendida com as oleiras de Trás di Munti do interior da ilha de Santiago, saber-fazer ao serviço de uma visão feminina da existência, sustentada pela grande deusa-mãe, senhora da terra e da fertilidade”. 

A cerâmica apresentada não se faz com máquinas ou outros aparelhos, precisa apenas de mãos e saber para ser criada. “No diálogo íntimo das mãos da artista com a argila nasce a obra, depois vem o momento da comunicação com os outros e de multiplicação do sentido original. Com terra se fazem potes, casas, se moldam sentimentos e ideias, se imita a Natureza na criação da rocha, na criação do novo”, adianta Joaquina Soares.

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Nas palavras de Regina Marques, do MDM, “Jacira da Conceição junta a tradição da olaria de Cabo Verde à sua criação artística e é uma mulher badia que em crioulo quer dizer lutadora”. Esta mostra é, no seu entender, um “diálogo de cabo-verdianas com a comunidade setubalense e com as mulheres que fazem história numa data que emerge para quebrar silêncios e distanciamentos”, num tempo que é “como nunca de solidariedade com os povos do mundo e também timbre desta cidade e desta região, para que a cultura, que nos torna mais humanos, seja partilhada por todos e em igualdade”.

 

Celebrar em conjunto o Dia Internacional da Mulher e a Revolução de Abril

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Também Rui Garcia, presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS), marcou presença na inauguração da manhã de sábado, na qual começou por agradecer ao MDM a proposta de trazer a exposição até ao MAEDS em “parceria que nos enriquece a todos, à cidade e à região”. Nesta data, em que se alia o Dia Internacional da Mulher às comemorações de Abril, o representante da AMRS saudou “a defesa de uma maior participação feminina nos espaços de criação e de intervenção social” e partilhou a sua “satisfação em recuperarmos a nossa liberdade. Vai-se abrindo aqui uma janela de esperança, o princípio do fim deste período terrível que temos atravessado, e tudo isto que aqui se representa nesta exposição se relaciona com o 25 de Abril e com a liberdade”. Rui Garcia aproveitou ainda o momento para frisar a importância em “voltar a usufruir da cultura, sem ela não há democracia, desenvolvimento, sociedades saudáveis nem pessoas emancipadas”.

O momento contou ainda com uma visita às exposições “Sapais do Sado”, com escultura de Misé Pê e fotografia de Rosa Nunes, e “Embodying the landscape”, também com fotografia de Rosa Nunes, que ficará patente até Maio. “A 18, Dia Internacional dos Museus, iremos renovar o espaço de exposição”, revela a directora do MAEDS. A actuação do grupo BATUKO Ramedi Terra para nova data em que as condições meteorológicas o permitam e a exposição de Jacira fica patente até 21 de Agosto, podendo ser visitada entre terça e sábado.

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