20 Abril 2024, Sábado
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Balanço do Ano: Factos e figuras do distrito em 2020

O SETUBALENSE apresenta hoje uma edição especial, em que não só apresenta os factos e figuras do distrito, divididos por áreas, como de cada um dos concelhos. Neste artigo, leia as figuras e factos do ano em todo o distrito de Setúbal.

Figuras do ano: Profissionais de saúde

A linha da frente no combate entre a vida e a morte

Na luta entre a vida e a morte que milhares de pessoas infectadas com Covid-19 travaram no ano passado, há muitos ‘soldados desconhecidos’ que merecem o nosso reconhecimento. Esta edição não poderia, por isso, deixar de ser uma homenagem a todos os profissionais de saúde da nossa região.

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Os médicos, enfermeiros, auxiliares e outros profissionais e responsáveis dos hospitais de Setúbal, Barreiro-Montijo, Litoral Alentejano e Garcia de Orta, assim como dos diversos agrupamentos de centros de saúde, INEM, corpos de bombeiros e instituições, como lares, que lidaram directamente com as vítimas do vírus, são credores da nossa profunda gratidão.

Fotografia de Alex Gaspar

A pandemia mostrou ser terrível, mas seria muito pior se não pudéssemos contar com os milhares de pessoas que assumiram a primeira linha neste combate. Não restam dúvidas de que boa parte da resposta que o sistema ainda foi capaz de dar fica a dever-se não apenas ao estrito cumprimento das suas obrigações laborais, mas também à entrega extraordinária que colocaram na sua missão. Se estes profissionais tivessem sido apenas “profissionais”, em vez de empenhados resistentes, maior seria o caos, pior seriam os danos pessoais. Desta vez não bastava o mero cumprimento do horário porque a situação exigiu capacidade de sacrifício.

A palavra “exaustão”, que os governantes e os responsáveis da Direcção-geral de Saúde várias vezes proferiram, tem tradução prática em cansaço e dores que muitos destes profissionais sentiram e ainda sentem.

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Os profissionais de saúde no distrito de Setúbal são muitos milhares. Segundo números oficiais, do Serviço Nacional de Saúde (SNS), só nos quatro hospitais, em Dezembro, eram mais de 8 400 pessoas. Centro Hospitalar de Setúbal 2 445, Centro Hospitalar Barreiro-Montijo 1 919, Garcia de Orta 2 996 e Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (neste caso os dados incluem não apenas o Hospital do Litoral Alentejano, mas também as unidades de Cuidados de Saúde Primários) 1 123.

Nos três agrupamentos de centros de saúde (ACES) da Península de Setúbal – ACES Almada e Seixal (maior dos três), ACES Arcos Ribeirinho e ACES Arrábida contam-se mais cerca de 2 000 profissionais. Só neste último, que é o mais pequeno, são mais de 500 profissionais de saúde. O critério formal inclui médicos, enfermeiros e técnicos superiores de saúde (psicólogo, nutricionistas, terapeutas, etc), mas há mais pessoas envolvidas na operação, como auxiliares, administrativos, pessoal de limpeza, e muitos outros.

Se a todos estes, somarmos os bombeiros existentes no distrito de Setúbal 1 900 (números da Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal), os tripulantes do INEM na região e o pessoal de outros sectores envolvidos nesta luta contra a Covid-19, com destaque para os elementos da Protecção Civil (distrital e municipais), chegamos a um total bem superior a dez mil pessoas.

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São estes homens e mulheres que hoje homenageamos.

Facto do ano: Pandemia obriga a ‘novo normal’

As cidades e vilas da região quase desertas, as escolas encerradas e muitos postos de trabalho transferidos à pressa para casa, ensinaram-nos, da pior maneira, em Março, que pouco ou nada está garantido nesta vida. Já sabíamos disso relativamente à saúde, à vida e ao amor, mas perceber que, de repente, tudo poderia mudar, mesmo nos pequenos hábitos e para todos ao mesmo tempo, foi uma lição colectiva, à escola global.

FOTOGRAFIA: DR

Em poucos meses muita coisa mudou no quotidiano, em casa, no trabalho e nas cidades, de tal forma que o normal passou a um “novo normal”. Com filhos em casa, a mesa da cozinha transformada em secretária de trabalho, lojas e outros serviços fechados e ruas fantasmas, fomos forçados a reaprender a viver.

No início só as farmácia e supermercados estavam abertos. Os cinemas, concertos e outros eventos culturais fecharam, foram adiados ou cancelados. Entre tanta mudança, sobressai a dos afectos. A falta de abraços, não ver avós ou outros familiares e não confraternizar com amigos é a segunda marca mais impressiva desta pandemia, logo a seguir aos próprios problemas de saúde.

Em Junho, a região, e o País em geral, voltavam a respirar, com alívio das restrições. O desconfinamento permitiu o regresso dos espectáculos, serviços municipais e outros públicos, transportes, etc. De tal forma que, no Verão, estávamos no “quase normal”. O pior foi depois. Com o Inverno, dobrámos o ano já em dificuldade e o caos instalou-se no início de 2021. A situação agravou-se de tal maneira que quando olhamos hoje para os números de infectados diários de Junho percebemos que, afinal, até não estávamos assim tão mal.

Categoria Sociedade

Figura: José Ornelas

Depois de eleito, em Abril de 2017, para vogal do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para o triénio 2017-2020, o Bispo de Setúbal afirmou-se, no ano passado, como um dos principais membros do episcopado português ao ser eleito pelos seus pares para presidente da Conferencia Episcopal. À frente da diocese sadina desde 2015, ano em que foi ordenado bispo, D. José Ornelas, de 67 anos (que completou no dia 5 deste mês), tem vindo num crescendo de notoriedade, influencia e intervenção, sempre na defesa da tolerância, solidariedade e humanismo. Especialista em Ciências Bíblicas, com o grau de doutor em Teologia Bíblica pela Universidade Católica Portuguesa, foi docente desta instituição académica entre 1983-1992 e 1997-2003. Foi também superior da Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus, até 1 de Julho de 2000, e superior geral dos Dehonianos, de 27 de Maio de 2003 a 6 de Junho de 2015.

Facto: Nova imagem consolida O SETUBALENSE como diário e regional

O ano que passou foi verdadeiramente histórico para O SETUBALENSE. O jornal mais antigo de Portugal continental celebrou 165 anos de história – o que só por si já é um marco extraordinário – de uma forma bonita. Publicou um livro (Setúbal no centro do Mundo), que teve o condão de juntar duas dezenas de historiadores e investigadores (coordenados por Albérico Afonso Costa) e uma colossal edição de aniversário, de quase 200 páginas, em forma de homenagem a todas as instituições centenárias da região. Além do “quadro de honra” com a identidade, foi produzida uma reportagem sobre cada uma das 88 magnificas instituições com 100 anos ou mais existentes no distrito. Um trabalho exaustivo e inédito. 2020 foi igualmente o ano em que O SETUBALENSE apresentou uma nova imagem, com um grafismo totalmente renovado (concebido por Sónia Matos, directora de Arte do jornal ‘Público’), consolidando a afirmação do jornal como diário e regional, que passou a ser em 2018. O SETUBALENSE fica, em ano de pandemia, como símbolo de um jornal que não só resistiu como cresceu.

Categoria Política

Figura: Rui Garcia

Rui Garcia, presidente da Câmara Municipal da Moita. FOTOGRAFIA: O SETUBALENSE

O autarca da Moita, enquanto presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) devolveu o peso político a esta estrutura regional, assumindo a liderança em questões estruturantes para o distrito. Algumas causas da região, como o acesso aos fundos comunitários ou a regionalização voltaram a ter a AMRS como protagonista. A associação assumiu-se como a representante da região, na impossibilidade de os municípios o fazerem individualmente, projectou os temas, dinamizando acções de sensibilização política, como contactos com outras entidades e audiências com os partidos na Assembleia da República e contribuiu decisivamente para que estas temáticas conquistassem espaço na agenda mediática. A AMRS, que nos anos anteriores tinha um pendor mais cultural e técnico, reforçou a acção política e mostrou que pode colmatar o défice de representatividade supramunicipal de que o distrito sofre enquanto região não reconhecida administrativamente.

Facto: Municípios da Moita e Seixal vetam aeroporto no Montijo

O processo para a localização no Montijo do aeroporto complementar à Portela fica como um exemplo emblemático da força do Poder Local. Dois municípios, Moita e Seixal, conseguiram travar o arranque da construção, por meio do direito de veto que a lei lhes confere. Depois da luz verde da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que deu parecer favorável condicionado ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA), em Janeiro, parecia que o novo aeroporto estava firme no Montijo. No entanto, logo no mês seguinte soube-se que os dois municípios podiam vetar a localização. O ministro das Infra-estruturas ainda falou em alterar a lei-travão, mas passados poucos dias teve de reconhecer a vontade do Parlamento de não aprovar essa alteração. Nem o esforço pessoal do primeiro-ministro, que, em Março, chamou os dois autarcas para uma reunião em S. Bento, foi suficiente para debloquear o impasse. No final do ano, a opção pelo Campo de Tiro de Alcochete ganhava força e o Governo já admitia uma Avaliação Ambiental Estratégica.

Categoria Economia

Figura: José Luís Cacho

O presidente da Administração do Porto de Sines fica na história de 2020 como o rosto de uma empresa que representa a resiliência – a capacidade que algumas empresas tiveram, não apenas de sobreviver, mas também de manter investimento avultado e estruturante. Apesar da pandemia, o Porto de Sines lançou vários projectos. A adjudicação da expansão do Terminal XXI (pela concessionária, PSA Sines), o arranque da Janela Única Logística (JUL), as obras de requalificação do ramal ferroviário e o lançamento de dois concursos públicos para a modernização da ferrovia entre Sines e a Linha do Sul são os principais “feitos”, mas não os únicos.

DR

A administração também preparou o concurso público internacional para o novo Terminal Vasco da Gama, de contentores, e apresentou o Plano estratégico 2020-2030 que, segundo Luís Cacho, “sinaliza uma mudança de peso no rumo a tomar” nesta década.

Facto: Etermar consolida posição nacional e reforça no estrangeiro

A maior empresa Portuguesa em construção marítima, com sede em Setúbal e uma história de 52 anos, teve em 2020 um ano de intensa actividade, tanto em obras em curso como na carteira de trabalhos adjudicados. A Etermar venceu importantes concursos públicos, como o da ampliação do Terminal XXI do Porto de Sines (uma obra de 16,5 milhões, em consórcio com a Mota Engil) ou da expansão do Porto de Paita, no Perú, e outros mais “pequenos”, como, por exemplo, vários em ilhas dos Açores (S. Miguel, Flores e Pico). Entre as obras realizadas no ano passado, destacam-se a reabilitação da Doca do Funchal, construção da ponte-cais n.4 em Sesimbra, reforço das estacas no Terreiro do Paço e a dragagem de acesso aos estaleiros de Viana do Alentejo. A construtora afirma-se como uma das empresas europeias mais qualificadas a trabalhar em ambiente marítimo.

Categoria Desporto
Figura: 
Rúben Guerreiro leva Pegões a Itália e ciclismo nacional ao mundo

O ciclista de Pegões elevou o ciclismo nacional ao patamar internacional ao viver, aos 26 anos, o que o próprio descreveu como “um sonho de grande Volta”, ao vencer a nona etapa, em Roccaraso, e conquistar a camisola Azul (o melhor nas etapas de montanha) no ‘Giro’, a Volta a Itália em Bicicleta. A vitória na classificação da montanha, foi um feito inédito para o ciclismo português em qualquer umas das três grandes (França, Itália e Espanha) provas da modalidade. O atleta da Education First é descrito pelos seus pares como “honesto, leal, explosivo, correcto e muito competitivo”. Um montijense que assegurou já o reconhecimento da sua terra Natal. O executivo da Câmara Municipal do Montijo aprovou, logo em Outubro, e por unanimidade, a atribuição da Medalha de Ouro do Concelho ao corredor de Pegões. Embora excepcional, 2020 não foi isento de problemas para Rúben Guerreiro. Em Dezembro sofreu um acidente, com um carro, em que partiu uma clavícula. Mas foi operado e recuperou.

Facto: Vitória FC vive pesadelo da despromoção à III Divisão

A notícia caiu como uma bomba em Setúbal. No dia 29 de Julho a Liga Portugal anuncia, em comunicado, a decisão de atirar o Vitória Futebol Clube para o Campeonato de Portugal por falta de cumprimento dos pressupostos financeiros para a participação na I e II ligas.

A direcção presidida por Paulo Gomes, em funções há apenas cinco meses, recorre da decisão, mas o caso continua por resolver. No turbilhão que se seguiu, caiu essa direcção e voltou a cair, cumprindo apenas um mês de mandato, o presidente seguinte, Paulo Rodrigues, eleito em Outubro. Salários em atraso a atletas e funcionários e uma profunda divisão entre os sócios foram apenas alguns dos aspectos da fase mais negra da história do clube que já conta com 110 anos de vida.

Com um enorme passivo e quase sem receita corrente, o Enorme conseguiu alguma paz, nos últimos dias do ano, com a eleição de uma lista única, encabeçada por Carlos Silva.

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